Resenha da segunda edição da Mulher-Maravilha na nova fase Renascimento DC, com a publicação de Wonder Woman #2 e #3, de Greg Rucka.
. Volume de spoilers: mínimos.
Com data de Maio/2017, temos nesta revista da Panini duas edições da mensal solo da personagem, que está saindo quinzenalmente nos EUA. A DC optou por contar neste título duas histórias diferentes, que caminham alternadamente: uma focando na origem da heroína, especialmente seu primeiro encontro com Steve Trevor; e outra no presente, esta sim continuação da Mulher-Maravilha #1, em que ela se depara com um mistério e com a ameaça da Mulher-Leopardo.
O escritor Greg Rucka enfrenta esse desafio de contar ambas histórias em edições alternadas, sendo que a arte do passado fica com Nicola Scott, e a do presente, com Liam Sharp. Em comum, aparentemente, só a presença de Steve Trevor, mas podem acontecer surpresas. Sinceramente, não sei por quanto tempo essa abordagem irá durar, mas inicialmente, funciona.
Gostei muito do começo da “nova origem” de Rucka. É diferente daquela que virou a maior referência até o momento, a de George Perez/Len Wein (da Fase Pós-Crise nas Infinitas Terras de 1986), mas ainda retém sua essência, com foco nos Deuses Gregos e no modo de vida da época em que eram o auge da civilização ocidental, preservado na Ilha de Themyscira. Vemos uma jovem Diana aprimorando suas habilidades de guerreira, em meio a amizades, amores e estudos, e a adorável relação com sua mãe, a Rainha Hyppolita.
A comunidade das Amazonas é vibrante e a arte da australiana Nicola Scott é perfeita para o estilo da história. Além de lembrar o mestre Perez, no seu cuidado com o delineamento dos personagens, suas expressões faciais e nos detalhes dos cenários, Scott também traz uma modernidade agradável, capaz de contar uma história relativamente densa em poucos quadrinhos, sempre com boas composições e enquadramentos, que não cansam nem confundem. Impossível ficar alheio.
Há um bom espaço também para retratar como era a vida do jovem militar Trevor e dos acontecimentos que antecederam a missão que o levou à Ilha. No geral, temos uma história extremamente interessante, bem contada e agradável. As cores de Romulo Fajardo Jr são delicadas e enaltecem a suntuosidade da arquitetura Grega, ao mesmo tempo que se encaixam quando precisam retratar a “humanidade” de Steve.
A segunda história é bastante diferente: temos Trevor já envelhecido (quantos anos depois do primeiro encontro com a Amazona?) em uma missão aparentemente suicida à procura de um warlord na África. Na mesma área, Diana encontra a Mulher-Leopardo. Há um grupo de Homens-Hienas (?) à procura delas, talvez fruto de magia negra? Enfim, são especulações, a trama em si não esclarece de imediato, o leitor precisa juntar os pontos aos poucos, mas certamente Trevor e seu alvo terão ligação com a Mulher-Maravilha e as feras que acabou de enfrentar.
Os desenhos de Liam Sharp e as cores de Laura Martin procuram mostrar uma floresta densa e luxuriante, quase mística, e há bons momentos no traço de Sharp, mas também percebe-se suas limitações, tanto anatômicas, na composição e, principalmente, de narrativa.
Esta segunda parte da história no presente está, até o momento, desnecessariamente truncada. Há uma premissa razoavelmente interessante – Diana perdeu a conexão com Themyscira – na relação entre ela e a vilã, que já foram amigas antes da transformação da Leopardo, que troca momentos de fúria com outros de frágil humanidade. Contudo, a missão dos americanos liderados por Steve Trevor é um pouco cansativa e permeada de situações-clichês. Espero que melhore.
Em todo o caso, continuaremos acompanhando este título mensal da Panini, especialmente pela nova origem cuidadosa, com a ótima arte de Scott e Fajardo. Nos extras, algumas capas alternativas belíssimas do Frank Cho.
Nota: 8,0.