As comemorações dos 80 anos da criação do Superman continuam, pelo menos no Brasil. Na verdade, a Panini decidiu lançar uma versão de Action Comics #1000, que saiu nos EUA em junho/2018, com uma diferença significativa, que realmente valoriza a edição brasileira: a republicação de Action Comics #1(*)! Sim, a primeira história do Superman, aquela de 1938 que deu início à gigantesca onda de super-heróis nos anos seguintes e, após altos e baixos, continua até hoje e com enorme influência sobre a cultura pop de grande parte do mundo.
Além da republicação da estreia do Superman, esta revista traz novas histórias, a maioria bem curtinhas, produzidas pelos artistas mais recentemente associados ao personagem, e por outros do passado que também deixaram sua marca em Action Comics. Há algumas ausências significativas (John Byrne, Roger Stern, Kurt Busiek, Grant Morrison) mas pelo menos temos a primeira HQ escrita pelo Brian Bendis, recém egresso da Marvel para se tornar um artista exclusivo da DC.
(*) De fato, a Panini se baseou na versão Hardcover da edição americana, que continha a história original.
A seguir, a síntese do conteúdo, com um breve comentário sobre cada história. Particularmente, não sou muito fã desse modelo de celebração, mas é algo típico tanto da DC quanto da Marvel. Nos EUA, esta revista foi muito bem avaliada; já aqui, nem tanto.
Action Comics #1 – de Jerome Siegel e Joe Shuster, 13 pgs.
Acho que foi a primeira vez que li esta mais do que fundamental HQ em formato americano. Um clássico em todos os sentidos, gostei da atitude fria e crua do Superman original. Para mim, já valeu a revista.
Da Cidade que tem de tudo, por Dan Jurgens e Norm Rapmund, 15 pgs.
É o dia de celebração do Superman em Metrópolis, e a cidade de mobiliza para homenagear seu grande herói que, por sinal, não se sente à vontade com a data. Jurgens faz seu bom feijão com arroz na arte, mas a história achei bem piegas. Há uma forte presença da Lois Lane e um metatexto bacana – mesmo que óbvio – no final.
Batalha sem Fim, por Peter Tomasi e Patrick Gleason, 15 pgs.
Aqui Super enfrenta Vandal Savage, que o arremete em uma viagem épica pelo tempo. É a forma encontrada por Tomasi para retratar momentos-chave da história da publicação da Action Comics, mas quem brilha mesmo é Gleason, que entrega múltiplas splash pages, que não só simulam essas “fases” marcantes, nos traços de criadores como Miller e Swan, como são autênticos pôsteres.
Um Inimigo Interior, por Marv Wolfman, Curt Swan e Butch Guice, 5 pgs.
Gosto da arte de Guice, mas é uma historieta bem mediana, sobre a confiança do Superman na força da humanidade, que nos mostra que os próprios humanos podem sim “salvar” outros humanos etc. Novamente, há uma pieguice que, embora não chegue a ofender, e até tem a ver com o personagem, não impede uma torcida de nariz.
O Carro, por Geoff Johns e Richard Donner e Olivier Coipel, 5 pgs.
Boa ideia do Johns, ao resgatar um personagem da primeira Action Comics, o motorista do carro que o Super arrebenta na memorável capa. A arte de Coipel combina com o tom do roteiro, curto mas inesquecível. Uma das melhores da edição.
A Quinta Estação, por Scott Snyder e Rafael Albuquerque, 5 pgs.
Outra história curta, porém sem o mesmo impacto da anterior. Traz Super e Luthor conversando, de certa forma demonstra o respeito que cada um tem pelo outro… enfim, nada demais.
Do Amanhã, por Tom King e Clay Mann, 5 pgs.
Situada no futuro, é uma homenagem do Super ao seu passado – o “nosso” presente. Não me pareceu tão interessante, apesar da arte impactante de Mann.
Cinco Minutos, por Louise Simonson e Jerry Ordway, 5 pgs.
Gostei desta divertida historieta com a sempre competente arte do mestre Ordway e é a única que foca no Planeta Diário.
Terra da Ação, por Paul Dini, José Luis García-Lopez e Kevin Nowlan, 5 pgs.
Como não se encantar com a espetacular arte detalhista e dinâmica de García-Lopez? É outra historieta com uma veia cômica, mas parte para o surreal, o absurdo, algo presente na Action nos anos 1950 por exemplo, muito bem contada por Paul Dini. Para mim, uma das mais criativas do conjunto. (Nota: o nome do desenhista está errado na contracapa, como Lópes e não Lopez).
Mais Rápido do que uma Bala, por Brad Meltzer e John Cassaday, 5 pgs.
Apesar de ser grande fã do Cassaday, sem dúvida não foi um dos seus momentos mais inspirados. Meltzer foca em um momento crucial do salvamento de uma vida, mas nada especial.
A Verdade, por Brian Michael Bendis, Jim Lee e Scott Williams. 12 pgs.
Um perigoso novo inimigo bate muito no Superman e na Supergirl! É um alien que – além de lembrar bastante o Terrax da Marvel (inimigo do Quarteto, ex-arauto de Galactus) – traz (mais) uma potencial revelação “surpreendente” sobre os kryptonianos. Na prática, é a estréia de Bendis com a DC e o personagem, e serve como teaser para sua nova fase. Traz alguns diálogos típicos do autor, por parte de civis no meio da batalha, e até piada sobre o retorno da sunga vermelha. Muita gente reclamou desta história por destoar das demais, mas achei pertinente, porque todas as outras são homenagens, mas é fundamental ter uma nova história do momento presente dentro de uma revista que é, afinal de contas, mensal. Boa arte de Lee.
Há 2 pin-ups do personagem, pelos astros Walt Simonson e John Romita Jr. e, por fim, uma Galeria de Capas Variantes, cada uma com um tema específico associado ao Superman, desenhadas por:
Steve Rude (espetacular!)
Michael Cho
Dave Gibbons (ainda mandando bem)
Michael Allred (sou fã)
Jim Steranko (muito legal)
Joshua Middleton
Dan Jurgens e Kevin Nowlan
Lee Bermejo (não sou muito fã de sua arte hiper-realista-dark…)
Neal Adams (por sinal ele também desenhou uma historieta que só saiu na versão Hardcover nos EUA, portanto ficou inédita no Brasil)
Kaare Andrews
Olivier Coipel
Gabrielle Dell’Otto (retratando o ator Cristopher Reeve)
Tony Daniel
Dave Dorman
Jason Fabok
Patrick Gleason
Jock
Tyler Kirkham
Stanley Lau
Jim Lee
Doug Mahnke
Felipe Massafera (um brasileiro, para quem não sabia…)
Francesco Mattina
George Perez (infelizmente sem a qualidade notória)
Nicola Scott
Curt Swan
Jorge Jimenez
Nota Final para a Edição: 7,5.