Resenha da primeira edição brasileira de Action Comics, que traz histórias do Superman, parte da iniciativa Renascimento DC.
. Volume de Spoilers: moderados.
Curiosamente, o título que deu início à Era dos Super-Heróis dos quadrinhos, Action Comics, nunca teve sua versão brasileira, nem mesmo com título em português. A Panini finalmente preenche essa lacuna com este lançamento.
Assim como fez com grande parte dos novos títulos regulares da Totalmente Diferente Nova Marvel, a editora decidiu investir em mensais com 100% de material do próprio titular de várias revistas DC. Action Comics é, desde junho de 1938, a casa original do Superman nos EUA. Funcionará aqui no Brasil como título-irmão da outra mensal do personagem, que também já está nas bancas. Assim, pela primeira vez, acredito, teremos duas mensais com histórias novas do Superman e duas do Batman – a própria Batman e Detective Comics.
Esta primeira edição da Action Comics brasileira contém as americanas #957 e #958 – a DC Comics não lançou um one-shot específico para este título – e mostram uma situação inusitada: Lex Luthor da terra dos Novos 52 decide assumir o legado do recém-falecido Superman (para saber mais sobre a morte do Superman dessa realidade, procure o encadernado Fim dos Dias, publicado em março de 2017). Em uma ação orquestrada por uma misteriosa figura, Luthor salva pessoas em frente à polícia e às câmeras de TV.
É aí que o Superman Pós-Crise (aquele da origem recontada por John Byrne em 1986 na sequência de Crise nas Infinitas Terras e que estava sumido desde o começo dos Novos 52, voltando exatamente em Fim dos Dias…ufa! realmente é confuso, camarada!) decide intervir e tirar satisfações com seu arqui-inimigo. Outro personagem relevante “ressurge” no mesmo local (não vamos estragar essa que realmente é intrigante), ao lado de um atônito Jimmy Olsen.
Contudo, a “conversa” entre Superman e Luthor é violentamente interrompida pela aparição de um vilão ultrapoderoso – isto não vai ser spoiler porque está na capa, ok? – que aparentemente também é do universo Pós-Crise. Sim, é mesmo Apocalypse, a monstruosa máquina de destruição que conseguiu matar o herói no clássico A Morte de Superman, de 1992, e que reapareceu algumas outras vezes nestes longos 25 anos.
O veteraníssimo Dan Jurgens, na ativa há três décadas e autor da Morte de Superman, é o roteirista escalado para esta nova fase de Action Comics. Esta publicação, como o próprio nome entrega, sempre procurou trazer histórias com ênfase em ação e aventura, e são as batalhas que, de fato, dominam esta revista.
Jurgens tem muita experiência com estes personagens, mas não traz nada de original. O roteiro é previsível e, salvo a misteriosa figura encapuzada já mencionada, traz um gosto de deja vu, especialmente para os leitores DC das antigas. Sim, sabe-se que a proposta de Renascimento é, em grande parte, retomar os conceitos e personagens clássicos. O problema dessa escolha é que, às vezes, isso é o caminho mais curto para uma história completamente previsível. Afinal, diante de todo o contexto, fica claro que Apocalypse, desta vez, será uma ameaça perfeitamente contornável. É legal ler HQs de heróis repletas de batalhas e revelações, mas o resultado final de Action Comics #1, pelo menos por enquanto, não é muito empolgante.
O que valoriza enormemente a leitura é o excelente Patrick Zircher, desenhista que cuida das duas histórias desta revista. Também veterano, com várias passagens pela DC, Marvel e Valiant, é um daqueles poucos artistas surgidos na era Image (meados dos anos 1990) que efetivamente conseguiu evoluir sua arte – de mera cópia mal-feita de Jim Lee para algo pessoal, poderoso e com uma narrativa muito boa, embora sem riscos. Suas splash pages são bem dosadas e impactantes, os disparos da armadura de Luthor ganham energia, as cenas em família de Lois Lane e seu filho Jon evocam carinho e seu Superman tem, de fato, a aura dos clássicos. Talvez isso basta, por enquanto.
Nota 6,5.