Resenha de Guerras Secretas Homem-Aranha #2 – Panini Comics

A Ilha das Aranhas foi uma agitada e marcante saga que envolveu praticamente todo o elenco de personagens associados ao Homem-Aranha. Publicada originalmente em 2011, foi arquitetada e escrita por Dan Slott no modelo de “mini-evento”, ou seja, quando a editora publica uma série de revistas focadas em uma só linha/franquia – bem mais contida, por exemplo, do que as “megasagas”, que envolvem várias franquias, um volume muito maior de títulos e todas mais ou menos interligadas por um período de tempo maior (como estas Guerras Secretas, a propósito).

Na ocasião, a trama central foi desenvolvida no próprio título mensal do Homem-Aranha, mas a Marvel publicou algumas edições especiais e minisséries adicionais. A Ilha das Aranhas original obteve certo sucesso comercial e reconhecimento da crítica como um ótimo exemplo de saga curta, bem planejada e executada. Slott estabeleceu uma grande ameaça à Ilha de Manhattan na figura da Aranha-Rainha, uma espécie de semi-deusa que conseguia, a partir de um vírus, transformar seres humanos e super-humanos em híbridos aracnídeos por um período, até a transformação total em enormes e horripilantes aranhas.

. Volume de Spoilers: moderados.

A Marvel resolveu revisitar essa trama nesta minissérie em 5 partes, escrita por um colaborador habitual de Dan Slott, o (normalmente) ótimo Christos Gage. A história completa foi reunida pela Panini nesta edição #2 de Guerras Secretas Homem-Aranha e, honestamente, está longe de ser um trabalho de qualidade.

A aventura acontece em um Domínio constituído por uma Manhattan já tomada pelos híbridos aracnídeos, comandados telepaticamente pela Baronesa Aranha-Rainha, que ainda por cima conseguiu converter vários dos heróis mais famosos da Ilha em seus guerreiros. Rapidamente tomamos contato com uma força de Resistência, liderada pelo Agente Venon – aquele com o Flash Thompson. Alguns outros heróis imunes aos efeitos da conversão, como o Visão, também participam do pequeno, mas audaz, grupo de opositores.

Um dos maiores problemas com esta história está exatamente na escolha e, sobretudo, na interpretação exagerada das capacidades do protagonista. Em sua boa série solo (que durou 42 números e foi publicada no Brasil na revista A Teia do Homem-Aranha) que, aliás, começou após a saga Ilha das Aranhas original, foi possível acompanhar o Agente Venon em diversas missões de combate. Seu treinamento militar associado à destreza e habilidade do simbionte alienígena o permitia façanhas incríveis. Aqui, porém, ele vai (muito) além, e consegue ser extremamente eficaz e inteligente, elaborando estratégias fabulosas, sobrepujando heróis mais experientes e supostamente capazes, como Capitão América, Homem de Ferro e Homem-Aranha.

Durante o desenvolvimento da história, a cada nova solução encontrada pelo Agente Venon – muitas delas “tiradas da cartola” –  , o  leitor fica mais e mais incomodado com a tal eficácia suprema do herói. Uma dessas soluções é o uso de diversas fórmulas de superciência presentes da mitologia do Homem-Aranha que, por serem extremamente poderosas, deveriam estar melhor protegidas, ou poderiam simplesmente terem sido destruídas pela Aranha-Rainha e seus exércitos. Vale lembrar que ela comanda milhares de soldados híbridos, com força e poderes aracnídeos, que incluem alguns gênios científicos (Stark, Pym, Tchalla) e táticos (Steve Rogers, Carol Danvers). Oras bolas, se Flash Thompson deduziu o que essas fórmulas poderiam causar, certamente eles também teriam pensado nisso, não? Enfim, essas e outras situações são tão inverossímeis que minam a história. Há outros problemas, também, como a falta de carisma (e de inteligência) da própria vilã e outros momentos inacreditavelmente fortuitos, que facilitam os trabalhos da Resistência. Mas nada se compara ao arco final, com a presença de dinossauros (?) ressuscitados!!

A arte de Paco Díaz é agradável, com boas cenas de ação e uma narrativa gráfica correta, embora sem imaginação: os personagens são todos retratados exatamente nas suas características mais populares e, portanto, óbvias. Ele consegue dar conta do ritmo extremamente frenético e repleto de cenas de ação do roteiro, de fato o destaque desta HQ. Há algumas ilustrações que se destacam, em geral de heróis no uso de seus poderes, como o Visão e a Mulher-Aranha. As cores de Frank D’Armata são igualmente tradicionais, em um trabalho mediano, sem inspiração.

O resultado, enfim, é uma história do Agente Venom revisitando um cenário alternativo ao final da saga Ilha das Aranhas original, com muita ação desenfreada, clichês de Resistência-audaz-que-sobrepuja-um-Império-maligno, uma vilã pra lá de esquecível e uma arte ok. A propósito, há pouquíssima relação com o resto das Guerras Secretas. Se você não ler este tie-in, não vai perder nada significativo. Ou seja, não dá para se entusiasmar muito.

Completa a revista uma história de May Parker, a Garota-Aranha de uma realidade alternativa, situada em um futuro próximo ao que era o Universo Marvel do final da década de 90 (tal realidade foi batizada de MC2). Essa heroína é pouco conhecida na Brasil, mas teve ao longo do anos 2000 sua própria – e divertida – revista mensal, com uma audiência devota de fãs. Essa HQ saiu como história secundária na minissérie da Ilha das Aranhas nos EUA e a Panini acertadamente a encaixou na mesma edição nacional.

Os próprios criadores da personagem e que desenvolveram seu vasto universo, Tom De Falco e Ron Frenz, produziram esta história que, curiosamente, parece não estar inserida no contexto das Guerras Secretas. Tenho a impressão que a dupla de autores aproveitou a oportunidade e simplesmente criou uma continuação direta do último status quo deste universo. Há dezenas de personagens, heróis e vilões, a maioria filhos de ícones da Marvel, que contracenam com a Garota-Aranha em uma aventura leve, singela, com sabor dos quadrinhos clássicos de décadas passadas. É a melhor parte desta revista, sem dúvida, e a principal razão para a nota final não ser ainda menor.

Nota 5,5.

Resenha de Guerras Secretas Homem-Aranha #3 – Panini Comics

Homens e Mulheres Aranhas por todos os lados!

Esta terceira revista dedicada às aventuras do(s) Homem-Aranha(s) na realidade das Guerras Secretas compila a minissérie Aranhaverso, em 5 partes, levemente inspirada na recente saga de mesmo nome do Universo Marvel tradicional que, por sinal, ainda não li. Mas sei que tem boa reputação e proporcionou uma ampliação da “família” Aranha, com resgate e criação de personagens de outras realidades e épocas. Alguns desses Homens e Mulheres Aranhas de universos alternativos são as estrelas desta nova história.

. Volume de Spoilers: bem pouquinhos… pode ler sem medo!

O roteirista é Mike Costa, um jovem talento com passagens elogiadas nas séries em quadrinhos dos Transformers e G. I. Joe (ambos da editora IDW) e que já fez alguns trabalhos na Marvel nos últimos anos. Ele apresenta, no primeiro capítulo, a protagonista Spider-Gwen, a mesma da realidade que tem histórias-solo badaladas, criada para a saga Aranhaverso original e que obteve um grande e até inesperado sucesso desde então. A jovem baterista está investigando a morte da sua contraparte deste Domínio, e no processo conhece outros heróis com poderes aracnídeos que, por diversas razões, terão que se unir para deter um grande conjunto de vilões clássicos do herói, comandados por um de seus arqui-inimigos que, por acaso, é secretamente o prefeito desta New York.

Por falar na Big Apple, a desta história é essencialmente a mesma que conhecemos do Universo Marvel tradicional, com uma diferença central: em algum momento seu Homem-Aranha desapareceu. A sociedade local parece acreditar que ele morreu. Curiosamente, não há menção alguma sobre outros supers, nem Quarteto, Vingadores, X-Men ou Demolidor. Fica-se com a impressão que o herói proeminente era o Aranha e os vilões, aqueles da sua galeria, e ponto! Ou seja, se for isso mesmo, esta cidade seria o próprio “Aranhaverso”.

Voltando à nossa história, os heróis aracnídeos que se unem formam um conjunto bem interessante: além da super Gwen Stacy, temos a Garota Aranha, ou Anya Corazón, que foi criada em 2005 com o codinome inicial de Araña (sim, ela é latina e parte do início dos esforços da Marvel nesse sentido, embora sem “polêmicas” na época). Ela é parceira de um certo Capitão Aranha (?), ou melhor, de um Braddock, da linhagem de heróis ingleses associados ao Capitão Britânia. Logo, o Homem-Aranha Indiano, um gênio científico de perfil similar a Peter Parker, mas de nome Pavitr Prabhakar – que eu também não conhecia, associa-se ao grupo. O Porco-Aranha (no original, Spider-Ham), um verdadeiro cartum vivo, personagem que tinha revista própria e desfrutou de um certo sucesso nos anos 80 (somente nos EUA, porque aqui os leitores nem chegaram a conhecê-lo), e o Homem-Aranha Noir, de uma realidade onde os Marvels surgiram na Era da Depressão americana, que estrelou algumas minisséries nos anos 2000 e alcançou fama mundial entre os gamers por conta do jogo Spider-Man: Shattered Dimensions, completam a equipe.

A história tem um bom ritmo, diálogos adequados e uma leveza incomum para os tie-ins das Guerras Secretas. Com um roteiro convencional, sem riscos, mas interessante, que traz algumas reviravoltas e surpresas, tudo bem amarrado, em uma leitura rápida e fluida, Aranhaverso não é um espetáculo, mas também não decepciona e consegue entregar uma boa aventura do tipo “formação de equipe de heróis”, com a diferença, claro, que este é um supergrupo composto por heróis-Aranha de diversas realidades. A interação entre este grupo de desconhecidos, tanto nas batalhas como principalmente nos momentos de calmaria, é um dos pontos fortes da HQ.

Outra qualidade, certamente, é a arte do competente André Araújo, português que recentemente trabalhou na série Avengers A. I. Com um traço limpo, fortemente influenciado pela escola europeia de ‘Linha Clara” e por Moebius, o artista transita com facilidade e segurança em todas as partes da boa aventura descompromissada, com muita fluidez e leveza – talvez a característica principal deste trabalho. As cores são da veterana Rachelle Rosenberg. 

Quando leio trabalhos leves, bem redondos e sem grandes pretensões como este, me lembro das constantes queixas de leitores veteranos que não suportam mais as “grandes sagas” ou os crossovers… sim, esta é um revista derivada de uma Saga mas, como muitas outras, tem vida própria e nada impede de lê-la sem compromisso, como um passatempo fugaz. E, mesmo fora dos crossovers, tanto a Marvel quanto a DC continuam publicando histórias assim, basta ter paciência e boa vontade para procurá-las. Afinal, só essas duas editoras lançam quase 200 comics mensais novos todos os meses. Alguém realmente acha que a maioria dessas revistas está ligada à mega saga do verão?

Nota 7,5.

Revistas Marvel Panini Após Guerras Secretas (Totalmente Diferente Nova Marvel)

all-new-all-different-marvel
Embora muitos títulos das Guerras Secretas continuem nas bancas, e muitos leitores ainda não conseguiram concluir toda a obra (eu, por exemplo), as primeiras revistas no cenário pós evento já foram lançadas pela Panini e outras mais foram anunciadas para breve. Segue um resumo dos títulos, seus mixes e meus comentários. Interessante que a Panini não colocou nenhum “selo” para marcar esta nova fase.

Destaco, antes, uma ótima novidade. A partir desta nova fase, finalmente a Panini vai abandonar o péssimo papel Pisa Brite e vai adotar o (muito) melhor LWC. Essa vai ser uma enorme evolução para apreciação das artes. Ainda não se iguala ao padrão das edições originais americanas, mas fica mais perto. A editora fez primeiro um teste com a revista do Homem Aranha e depois publicou tudo das Guerras com esse material. Pelo jeito agradou e torçamos para que não voltem atrás.

Agrupei os títulos por Mensais e Encadernados. Confiram onde sairão cada título americano em cada revista brasileira. Adianto que, se tudo correr conforme os planos, nunca antes na história de nosso país tivemos tantos títulos da Marvel!

Mensais com 2 histórias principais – (variando entre 52 e 68 páginas, de R$ 7,20 a R$ 8,70).

1. Homem de Ferro – a edição #1 contém as duas primeiras histórias do título Invincible Iron Man, que saíram em outubro de 2015 nos EUA (a Marvel tem, já há alguns anos, publicado duas edições por mês de alguns personagens). Texto de Brian Bendis e arte do ótimo David Marquez. Certamente esta revista também conterá em breve o título International Iron Man, ou seja, será a primeira vez na Era Panini que teremos uma revista inteiramente dedicada ao HdF.

2. Deadpool – outro título que retorna estrelado por um personagem no auge da popularidade. A edição #1 traz as duas primeiras histórias do título americano Deadpool, de novembro de 2015, de Gerry Duggan e Mike Hawthorne. Em breve, outro título americano regular com o personagem, Deadpool & The Mercs for Money deve compor o mix de uma nova revista mensal no Brasil: Homem Aranha e Deadpool, que também trará, claro, as histórias de Spider Man & Deadpool, que faz muito sucesso nos EUA. A Panini até mesmo já anunciou uma terceira revista regular com o Mercenário Tagarela, chamada Deadpool Extra, para abrigar – acredito – títulos como Gwenpool e minisséries, como Deadpool & Gambit.

3. O Velho Logan – a única revista que começou nas Guerras Secretas e que continuará sem zerar sua numeração nesta nova fase. A edição #5 traz a estréia da X-23 como a nova Wolverine, do título All-New Wolverine #1 (novembro de 2015), de Tom Taylor e David Lopez e a primeira história do agora título mensal Old Man Logan (janeiro de 2016), escrito por Jeff Lemire e desenhado por Andrea Sorrentino – o mesmo artista que trabalhou com o personagem durante as Guerras Secretas. Sem grandes surpresas neste mix, por enquanto.

4. Doutor Estranho – o Mago Supremo estrela sua própria revista mensal pela primeira vez no Brasil. A edição #1 traz as primeiras duas histórias de Doctor Strange (outubro e novembro de 2015), escritas pelo superstar Jason Aaron e desenhadas pelo veterano Chris Bachallo. Não parece que a Panini irá acrescentar outros personagens místicos nesta revista (Feiticeira Escarlate?), pelo menos nos primeiros três números, mas no futuro certamente o título Doctor Strange and the Sorceres Supremes – que contará com uma maga brasileira – deve aparecer aqui. Tomara que a revista vingue!

Mensais com 3 histórias principais – (variando entre 76 e 84 páginas, de R$ 9,40 a R$ 9,60).

5. O Espetacular Homem-Aranha – este título terá 3 histórias principais, concentrando os dois Homens-Aranhas ativos do Universo Marvel pós-GS: Peter Parker e Miles Morales. Na edição #1 temos a primeira aventura do jovem Morales do título Spider-Man por Brian Bendis e Sara Pichelli (de fevereiro/2016) e a primeira do título Amazing Spider-Man de Dan Slott e Giuseppe Camuncoli (outubro/2015), além de histórias curtas e capas alternativas. Acredito que não teremos surpresas com este mix pelos próximos anos, já que todas as revistas de personagens da “família do Aranha” – como Spider Woman e Carnage – continuarão saindo na Aranhaverso, ou em especiais.

6. Vingadores – seu mix será composto pelos 3 títulos principais de equipes, mas na edição #1 temos apenas a estréia de duas delas: a primeira história dos Novos Vingadores (New Avengers, de outubro de 2015), a equipe liderada pelo brasileiro e ex-Novo Mutante/X-Force Roberto da Costa. Escrita pelo competente Al Ewing e ilustrada pelo cartunesco Gerardo Sandoval; e a primeira dos Novíssimos e Diferentes Vingadores (All-New All-Different Avengers 1 de novembro de 2015), que é a equipe central, composta pelos veteranos Homem de Ferro, Thor, Visão e Capitão América, acrescida pelos jovens Nova, Ms. Marvel e Homem-Aranha (Morales). Este título é escrito por Mark Waid e tem arte de Adam Kubert. A Panini incluiu, para completar esta edição, histórias curtas dos one-shots Avengers Zero e Free Comic Book Day 2016. A terceira equipe, Fabulosos Vingadores (Uncanny Avengers) aparecerá na edição #2.

7. Guardiões da Galáxia – a edição #1 traz as estreias de três títulos: Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy lançada em outubro de 2015), escrita pelo Brian Bendis e desenhada por Valerio Schiti, com a equipe renovada, que inclui o Coisa; a primeira revista-solo do Drax (Drax de novembro/2015) de CM Punk e Cullen Bunn, desenhos de Scott Hepburne, que não durou muito tempo lá fora; e Rocky Racum e Groot (Rocket Raccoon and Groot, janeiro/2016), unindo as revistas-solo do Guaxinim Espacial e da Árvore Lutadora de antes das Guerras, é escrita por Skottie Young e desenhada pelo brasileiro Filipe Andrade. Completa a edição uma HQ curta de All New All Diffente Marvel Point One também focada nessa dupla de Guardiões. Em breve a Panini deve incluir o material do título mensal do Senhor das Estrelas.

Mensais com 5 ou 6 histórias principais – (variando entre 148 e 156 páginas, de R$ 18,20 a R$ 18,60).

8. Avante Vingadores – na edição #1 temos cinco estreias, sendo que nenhuma é formada exatamente por “Vingadores” – há vários ex, no entanto. A Panini já lançou revistas assim antes, então sem grandes novidades, só fica o aviso. O ótimo Esquadrão Supremo de James Robinson e Leonard Kirk (Squadron Supreme, de novembro/2015) ganhou o destaque na capa de Alex Ross e será uma equipe adversária dos Vingadores. Capitã Marvel (Captain Marvel de janeiro/2016) , em mais um reinício para Carol Danvers, agora comandando a Tropa Alfa em uma estação espacial (!?!), escrita por Michele Fazekas e Tara Butters e desenhada pelo elegante Kris Anka. O Incrivelmente Sensacional Hulk (Totally Awesome Hulk de dezembro de 2015), do veterano em heróis gama Greg Pak e ilustrado por Frank Cho, apresenta um novo alter ego para o Hulk. Apesar do nome, os Supremos (The Ultimates, novembro/2015) de Al Ewing e Kenneth Rocafort são uma equipe nova, à parte dos Vingadores, e que também não traz nenhuma ligação com o título famoso do Universo Ultimate. Finalmente, Força-V (A-Force, dezembro de 2015), outra equipe independente, formada somente por mulheres que apareceu no Mundo Bélico e agora continuará no novo Universo Marvel, produzida pela mesma dupla criativa, G. Willow Wilson nos roteiros e ilustrada por Jorge Molina. Já foi anunciado que em breve o Homem-Formiga entrará neste mix – outro herói que não é um Vingador ativo no momento.

9. Universo Marvel – esta revista conterá aventuras cósmicas, de realidades alternativas e outras do gênero. A edição #1 traz três histórias do Torneio dos Campeões (mas somente uma principal do título Contest of the Champions de outubro/2015), de Al Ewing e Paco Medina, retomando o conceito central da primeira minissérie da editora, de 1982. Guardiões do Infinito (Guardians of Infinity, de dezembro/2015), escrito por um dos renovadores do universo cósmico da Marvel, Dan Abnett e desenhada por Carlo Barberi tem as duas primeiras histórias publicadas aqui. Venon o Cavaleiro Espacial (Venon Space Knight novembro/2015) de Robbie Thompson e belissimamente ilustrada pelo argentino Ariel Olivetti, traz o Agente Venon em uma nova missão. Sam Alexander, agora com seu pai, volta como o Nova (Nova de novembro/2015), de Sean Ryan e Cory Smith. Finalmente, Fabulosos Inumanos (Uncanny Inhumans outubro/2015) o principal título desta grande família nesta fase, escrito novamente por Charles Soule e com arte do superstar Steve McNiven.

Outros títulos já anunciados, mas ainda não lançados:

Revistas Mensais:
10. Capitão América – no começo só com as histórias do Sam Wilson
11. X-Men – esta sim já confirmada com os títulos das 3 equipes pós-Guerras: Extraordinary, All-New e Uncanny
12. Thor – provavelmente com duas HQs da nova Thor
13. Deadpool Extra – provavelmente com duas ou três HQs por edição, com as várias minisséries e Gwenpool
14. Homem-Aranha e Deadpool – provavelmente com duas HQs por edição, uma de Spider-Man & Deadpool e outra de Mercs for Money
15. Aranhaverso – deve manter o formato de 5 a 6 HQs, com Mulher-Aranha, Spider Gwen, Teia de Seda, Guerreiros da Teia, Spidey, Carnificina, Homem Aranha 2099 e especiais

Encadernados Regulares:
Demolidor – continuará a numeração da fase anterior do Mark Waid, agora por Charles Soule e Ron Garney
Ms. Marvel –  provavelmente continuará a numeração anterior, ainda com G Willow Wilson no texto
Viúva Negra – com a nova e excelente fase de Mark Waid e Chris Samnee
Justiceiro – de Becky Cloonan e Steve Dillon
Cavaleiro da Lua – de Jeff Lemire e Greg Smallwood
Pantera Negra – do premiadíssimo escritor Ta-Nehisi Coates e desenhada por Brian Stelfreeze
Visão – elogiadíssima por 10 em 10 resenhistas, de Tom King e Gerardo Walta
Gavião Arqueiro (a confirmar) – de Jeff Lemire e Ramon Perez

Títulos americanos ainda sem uma “casa” no Brasil: 

Os seguintes títulos ainda não foram anunciados pela Panini, e há poucos rumores se – e como – sairão no Brasil. A maioria já foi cancelada nos EUA então a chance de publicação é baixa, com exceção, claro, dos mais conhecidos ou produzidos por autores renomados. Nesse primeiro grupo podemos incluir:

Capitão América Steve Rogers (na fase “Hidra”). Karnak . Vote Loki . Totalmente Novos Inumanos . Luke Cage e Punho de Ferro . X-Men ’92 . Feiticeira Escarlate . Thunderbolts

Este outro grupo de títulos americanos tem personagens com baixa popularidade e vários já foram cancelados e, portanto, a maioria não deve ser publicado pela Panini:

Garota-Esquilo . Patsy Walker (Felina) . Angela . Cavaleiro Negro . Weirdworld . Comando Selvagem da SHIELD . Illuminati . Lobo Vermelho . Howard o Pato . Estigma e Máscara Noturna . Harpia . Hércules . Agentes da SHIELD . Hyperion . Falcão Noturno . Garota da Lua e Dinossauro Demônio

Nota: todas essas revistas citadas compreendem à Fase All-New All-Different, que começou no final de Guerras Secretas e terminou no mini-evento dos Vingadores Standoff; ou seja, antes do megaevento Guerra Civil II.

Resenha de Guerras Secretas Homem-Aranha #1 – Panini Comics

guerras-secretas-homem-aranha-1-669x1024

A primeira edição estrelada pelo Homem-Aranha conectada à nova realidade de Guerras Secretas, intitulada “Renovando os Votos”, traz o escalador de paredes em uma situação pedida, sonhada, exigida até, por muitos fãs antigos: Peter Parker ainda casado com Mary Jane e, vejam só, criando uma filhinha, a adorável Annie.

. Volume de Spoilers: Poucos, só o indispensável para a resenha.

Muita gente não sabe, ou mal se lembra, mas durante a longa e confusa Saga do Clone de meados dos anos 90, o casal aparentemente teve uma bebê, mas foi algo que nunca foi totalmente esclarecido, ou mesmo confirmado, pela Marvel. Na ocasião, a filha seria chamada de May, mas desapareceu ao final da Saga, supostamente tendo morrido em um desabamento.

Pois bem, graças à reconfiguração trazida pela atual Guerras Secretas, a Marvel resolveu “brincar” com esse fato mal explicado, a partir desta história, originalmente publicada em 5 partes, que a Panini traz aqui completa.

Dan Slott, o argumentista das revistas mensais do Aranha, também ficou com a responsabilidade de imaginar como seria esta família Parker e, acredito, saiu-se muito bem. A história inicialmente apresenta a filha bebê, quando uma grande tragédia acontece com a comunidade heroica de Manhattan. Como sempre, procuro evitar estragar as surpresas para quem ainda vai ler, mas, resumidamente, Slott introduz um poderoso vilão, que consegue efetivamente se tornar um enorme problema. Todavia, o autor não se restringe a ele: um dos mais clássicos inimigos do Homem-Aranha, que marcou profundamente os anos 90, tem uma participação ameaçadora como há tempos não víamos, e vários outros personagens, inclusive heróis, marcam presença em pequenas pontas.

O talentoso desenhista Adam Kubert está inspirado e acrescenta muito movimento nas cenas de ação, sempre com um ótimo storytelling, auxiliado pela arte-final de John Dell e as cores de Justin Ponsor. Mary Jane, JJJ e alguns vilões estão muito bem retratados, e a pequena e valente Annie ficou muito simpática, com grande potencial. E mais: mesmo nesta realidade sob o domínio do medo, Nova Iorque ainda é radiante.

Interessante, também, é como Slott e Kubert pontuam a história com pequenos momentos que estão eternamente associados com “uma HQ do Aranha”, mas que nem sempre aparecem: comentários de pessoas anônimas, das ruas, diante da presença do herói que, por sua vez, se encontra com diversos outros heróis que, em um primeiro momento, não acreditam nele, que para complicar toma atitudes impetuosas, mais a típica correria, a questão da honestidade e da culpa, enfim, esta é uma bela história para os fãs do Peter Parker mais tradicional.

Se há algo a criticar, sem dúvida são algumas soluções muito simples do roteiro para alguns problemas complexos. Em determinados pontos-chave da aventura, tanto no começo como, sobretudo, no final, as grandes mudanças acontecem mais rapidamente do que seria de fato necessário para tornar esta HQ ainda mais memorável.

Contudo, colocando na balança o que foi efetivamente criado, incluindo a premissa da família Parker e, em especial, a caracterização muito crível de como seria uma “pequena filha do Aranha”, e também a ótima arte de Kubert e o clima de história clássica com vários elementos bem desenvolvidos do personagem, fazem desta HQ um dos mais interessantes tie-ins de Guerras Secretas até o momento – mesmo esclarecendo que há pouquíssima conexão com o restante do Mundo Bélico.

Nota: 8,0.