Indicação: Quarteto Fantástico – Mulher Invisível (Panini Comics)

Este simpático encadernado em capa cartão contém uma minissérie em 5 partes completinha, com a história Parceiros no Crime, publicada originalmente nos EUA em 2019 e em novembro de 2020 no Brasil.

Mulher Invisível em capa do grande Adam Hughes

Escrita con mucho gusto pelo tarimbado Mark Waid e desenhada por Mattia De Iulis, é uma revista divertida e esteticamente atraente que, mesmo com uma arte criada digitalmente, apresenta não apenas uma narrativa elegante, clean, como também cores equilibradas e expressões faciais bem construídas, algo raro em artistas contemporâneos.

Sobre a história, sem dúvida alguma um dos grandes destaques – inclusive para leitores veteranos -, é no uso inventivo, até inusitado, dos poderes da Mulher Invisível em vários momentos da trama, e que certamente não poderão ser ignorados daqui em diante.

Além de Susan Storm, o outro personagem-chave desta HQ é Aidan Tintreach, um agente secreto criado para esta série e que teria, de acordo com o retcon aqui apresentado, uma longa história de parceria com a super heroína – daí o título da aventura.

Aidan é o parceiro mais que secreto da Susan Storm

Vale frisar que não é a primeira vez que a Mulher Invisível é mostrada como agente secreta. O próprio Mark Waid revelou esta curiosa faceta da Susan em uma história da finada série mensal dos Agentes da SHIELD com Phil Coulson, de alguns anos atrás e que chegou a ser publicada pela Panini em encadernados.

Acho uma ideia bem interessante, porque furtividade, incursões e fugas perigosas, mas seguras, combinam perfeitamente com o conjunto de poderes daquela que é, provavelmente, a mais poderosa integrante do Quarteto Fantástico.

Sim, a Mulher Invisível dá uma ótima espiã!

Enfim, o que move a história de Parceiros no Crime é quando a CIA conta à Susan que Aidan foi capturado durante uma missão em Morávia (um país fictício do Universo Marvel do em constante conflito, localizado no leste europeu). A prisão do agente estaria ligada com a tentativa de salvamento de jovens americanos no belicoso país.

A Mulher-Invisível decide seguir pistas deixadas por Aidan para, claro, o libertar e também salvar os americanos. Essa busca fará com que ela visite localidades diferentes pelo mundo: Madripoor, Itália, Irlanda e outras, o que é típico de histórias de espionagem a la Guerra Fria.

Por sinal, por ser uma trama de agente secreto no Universo Marvel, o roteirista não perde a chance de inserir participações especiais: Nick Fury (pai e filho), Maria Hill e Viúva Negra.

Uma observação sobre a Viúva: no traço de Iulis, ela apresenta uma feição diferente, mais envelhecida (totalmente condizente com seu histórico) e de expressões “eslavas” (se é que eu posso me permitir esse apontamento) ou, ao menos, “não-europeus do oeste”. Acho esse cuidado mais do que um mero detalhe. As editoras de quadrinhos mainstream americanas deveriam se esforçar mais para acertar os traços físicos dos diferentes povos de nosso planeta. Em geral, os desenhistas se limitam a ajustar roupas e cabelos, mas as fisionomias e corpos são todas meio genéricas, grosseiras, quase sempre clichês de latinos, africanos ou asiáticos. Por isso me chamou a atenção que, mesmo entre “europeus”, para um bom observador há diferenças mais do que sutis. Ponto para o Iulis que, a propósito, é italiano.

Susan Storm Richards e Natasha Romanoff no traço de Mattia De Iluis

Já o desenho da Susan segue o estilo primeiramente apresentado pelo grande Steve McNiven que, lá no começo dos anos 2000, na revista Marvel Knights Fantastic Four, a fez mais longilínea e mais leve, jovial.

Pequenos pontos problemáticos: há algumas soluções excessivamente convenientes do roteiro mas que, a meu ver, não chegam a “estragar” o clima e, de certo modo, fazem parte da vibe das histórias de espionagem, sejam em quadrinhos, livros ou no cinema. Além disso, é possível dizer que o roteiro é mesmo um tanto genérico, ou seja, poderia ser aplicado para qualquer outro agente secreto da Marvel e funcionaria igual mas, por outro lado, perderíamos a chance de vermos os poderes de invisiblidade sendo usados de forma criativa e, talvez mais importante, de acrescentar novas camadas e possibilidades para a personalidade e a história individual da Mulher Invisível, algo que a torna ainda mais especial e “descolada” da sua vida no Quarteto Fantástico.

Susan infiltrada na alta classe europeia.

Para encerrar, diria que sim, é uma revista de muito bom nível, com uma arte bem bonita, diálogos que deixam a leitura agradável e tem a vantagem de ser uma história auto contida e ótima, portanto, também para quem não acompanha o Universo Marvel em geral ou não costuma ler HQs do Quarteto.

O final é emocionante como precisava ser e, após a leitura, fica o gostinho de que não só valeu a pena como seria interessante a mesma dupla criativa contar novas histórias do lado menos visível da Mulher Invisível.

Nota 8,0.

Os Vingadores #3 – Panini Comics (2019)

Mais uma breve análise do primeiro arco desta mensal dos Vingadores – que ganhou força nos dois capítulos aqui contidos. Confira!

Na capa da edição #3 temos Odin e a chamada “A Origem Secreta do Universo”

Jason Aaron realmente não gosta de pensar pequeno. Quem leu suas recentes passagens por Doutor Estranho, Thor ou até mesmo o seu já longínquo trabalho com o Motoqueiro Fantasma (2008) sabe disso. Com os Vingadores dominando o mundo em popularidade há muitos anos, ele de fato pensou grande – vai ser difícil superar o tamanho da ameaça deste primeiro arco do roteirista com a equipe.

Os Celestiais são uma intrigante criação de Jack Kirby e permeiam as sagas cósmicas da Marvel esporadicamente, mas até então os argumentistas evitavam entrar em detalhes de sua origem ou quais segredos continham. Kirby inicialmente trabalhou os sempre mudos e enigmáticos Celestiais na revista dos Eternos (nos anos 1970), uma super raça criada por esses Deuses Espaciais a partir de proto humanos.

Como vimos desde o especial Marvel Legado, a proposta de Aaron é que há 1 milhão de anos atrás a Terra teria sido ameaçada por um desses Celestiais, ou pelo menos foi esse o julgamento de um grupo de entidades e avatares que, naquela ocasião, se uniram e o aniquilaram.

No primeiro capítulo desta terceira edição de Os Vingadores (Maio/2019), chamado “Uma batalha que foi perdida 1 milhão de anos atrás”, conhecemos detalhes do que aconteceu em seguida à morte daquele Celestial e aprendemos um pouco mais sobre cada um dos seres lá reunidos. Quem conta é o próprio Odin, que liderou a equipe, para seus visitantes no presente: seu filho Thor e a Mulher-Hulk.

Aprendemos um pouco mais sobre a primeira “formação” dos Vingadores.

A história avança com velocidade e há bastante ação, tanto no passado quanto no presente, onde os membros da equipe estão divididos, correndo contra o tempo para tentar conter as duas grandes ameaças apresentadas: a da Última Expedição – um grupo de Celestiais malignos que chegaram à Terra logo após dezenas de outros Celestiais, dos tradicionais, caírem mortos do céu; e a ameaça da Horda – um enxame de criaturas que irromperam do centro da Terra e, de alguma forma, está associada aos gigantes recém-chegados.

Aaron e seus desenhistas, Ed McGuinness e Paco Medina, criam bom drama em vários momentos, inclusive com o triste estado em que se encontram os Eternos. Impossível não esquecer que a Marvel Comics trouxe à tona esses personagens obscuros poucos meses antes dos mesmos serem anunciados como a próxima grande aposta da Marvel Studios nos cinemas (o filme dos Eternos está em produção).

Acredito que alguns dos conceitos destas revistas serão explorados no Universo Cinematográfico também, em pequenas doses, como é de praxe do estúdio, até algo mais bombástico lá na frente.

Arte dinâmica de uma das capas de Ed McGuinness

A explicação que Jason Aaron traz é, novamente, resultado de uma aposta gigantesca, mas calcada em pistas deixadas pelo próprio Jack Kirby no seu título dos Eternos, além de outras histórias de vários criadores diferentes. Há questões envolvendo a(s) Fênix, o(s) imortais Punhos de Ferro, o legado do Pantera Negra e do Deus Pantera, Aggamotto, a entidade que criou o “Olho” usado pelos Magos Supremos, os Espíritos da Vingança que alimentam os Motoqueiros Fantasmas e até mesmo Estigma, uma criação que eu gostava muito do Novo Universo de Jim Shooter (1986), cujo conceito foi reincorporado ao universo Marvel tradicional pelo grande Jonathan Hickman há alguns anos atrás, em outra fase marcante dos próprios Vingadores.

Sim, pode parecer muita coisa – e de fato é – mas acredito que esta história flui sem criar grandes dúvidas a ponto que a impeça de ser compreendida para novos leitores dos quadrinhos Marvel.

Juntar todos esses personagens e suas mitologias aos Eternos, aos Celestiais e – como a história vem desenvolvendo – de um modo tangencial aos Asgardianos, é um risco assumido pelos autores e a editora que podem desagradar a alguns dos fãs mais antigos mas, pelo menos até o momento, na minha opinião me parece positivo e abre possibilidades de centenas de histórias para diversos personagens.

O segundo capítulo (edição #5 do título original The Avengers) aprofunda a conexão entre os Celestiais e a Horda e traz logo nas primeiras páginas uma revelação que aparentemente esclarece o porquê da proliferação dos seres superpoderosos da Terra Marvel, um aspecto obviamente grandioso (de novo!) que a premissa pedia e o autor não se furta de entregar.

Contudo, Aaron habilidosamente traz essa novidade pela boca de Loki (o narrador em off da edição anterior) o que pode, em último caso, ser uma mentira ou, mais provavelmente, uma meia-verdade, algo que o próprio Capitão América pondera.

Conheçam… o Progenitor!

Algumas situações são resolvidas e a revista se encerra com uma splash page dupla inesquecível, um cliffhanger chocante, que deixa alguns de nossos heróis com um nível bizarro e inédito de poder. O roteirista mais uma vez demonstra uma grande capacidade de criar momentum, ao finalmente fazer com que os super heróis do presente se reúnam de modo espetacular, e acerta nos diálogos afiados, bem melhores e “no ponto” que na edição anterior.

Antes de concluir, preciso elogiar novamente o trabalho com cores de David Curiel, que opta por uma explosão de energia e vivacidade. É um estilo que combina com a arte cartunesca de McGuinness e Medina sem parecer artificial. A equipe criativa é sem dúvida de alto nível e capacitada em lidar com os temas grandiosos abordados, fazendo deste primeiro arco, até aqui, uma leitura mais do que divertida – diria até essencial – para os fãs da Casa das Ideias. Vamos ver a conclusão deste épico na próxima edição.

Nota: 7,5.

Os Vingadores #2 – Panini Comics (2019)

Avançamos com a leitura do primeiro arco da nova revista dos Vingadores. Confira nossos comentários nesta Resenha praticamente sem spoilers de um dos principais títulos atuais da Marvel/Panini.

Capa da edição #2 de Ed McGuinness

Vale lembrar que este material corresponde à fase batizada em 2018 nos EUA como Fresh Start, que zerou todos os títulos da Marvel Comics e que foi (e ainda é) um grande sucesso de vendas, em parte por ter recuperado alguns personagens nas suas versões mais icônicas.

Alguns desses títulos, como o Imortal Hulk, Venon e Capitão América, também são sucesso com a crítica especializada mas, de verdade, toda fase tem alguns títulos melhores e piores, e a maioria fica mesmo em uma avaliação mediana.

Os Vingadores (The Avengers) escrito por Jason Aaron, um dos mais celebrados nomes dos quadrinhos americanos dos últimos tempos, não figura entre os mais bem avaliados pelos resenhistas norte-americanos, mas também dificilmente leva notas baixas.

Na minha opinião, este primeiro arco começou muito bem na edição #1, mas aqui perde um pouco sua força. Ainda é divertido, mas seu desenvolvimento em termos de roteiro e arte deixa um pouco a desejar.

A nova formação conta com vários pesos-pesados da Marvel. Arte de Paco Medina.

A revista está cumprindo a promessa inicial: revelações sobre os “Vingadores de 1 milhão de anos atrás” ao mesmo tempo em quem uma nova formação dos “Vingadores do presente” é construída, calcada exatamente no retorno da primeira grande ameaça enfrentada pelos seus antepassados heroicos que, diga-se de passagem, não se chamavam Vingadores: era um grupo improvisado de Entidades e Avatares que conseguiram derrotaram um Celestial ferido.

Esta edição #2, lançada em Abril/2019, traz os Capítulos 2 e 3 do arco, chamados: “Ainda Vingando Após Todos Esses Anos” – desenhada por Ed McGuinness com arte-final de Mark Morales e Jay Leisten; e “Aonde Deuses Espaciais Vão Para Morrer” – em que McGuinness alterna com o competente Paco Medina, dono de um estilo semelhante que permite, assim, uma agradável unidade narrativa. As cores de ambos os capítulos são de David Curiel e são muito vivas e impactantes – há quadros que realmente “saltam aos olhos”.

Logo no começo, há uma narração em off, que descreve os acontecimentos para o leitor com muito sarcasmo e ironia: um grupo de Celestiais Malignos surge logo após uma enorme quantidade de outros Celestiais – do tipo mais, digamos, tradicional, terem caído na Terra por buracos dimensionais no céu; os 3 Vingadores mais emblemáticos, Thor, Capitão América e Homem de Ferro novamente reunidos (após os eventos da Guerra Civil II e do Império Secreto), enfrentam esses novos Celestiais; e aos poucos outros heróis também são obrigados a agir: a Mulher-Hulk, Capitã Marvel e o novo Motoqueiro Fantasma, Robbie Reys.

A Mulher-Hulk no modo “Selvagem” enfrenta o novo Motoqueiro Fantasma na arte de Ed McGuinness

Obviamente, o narrador será revelado no final do capítulo e, embora até funcione, eu não gostei muito do resultado dessa abordagem. Acho que Aaron não captou tão bem assim a “voz” desse que é um personagem-chave na história dos Vingadores. Os textos esbarram em clichês e soam pueris.

No capítulo seguinte, descobrimos o nível absurdo de poder dos Celestiais Malignos e todos os heróis finalmente se encontram, inclusive Pantera Negra e Doutor Estranho. Novamente, achei que Aaron escorregou em algumas abordagens, como no excesso de piadinhas forçadas de Stephen Strange. Por um lado, temos uma ameaça colossal e inédita para a equipe, que traz muita seriedade de um Capitão América e de uma Carol Danvers; e de outro temos vários heróis fazendo gracinhas a la Homem-Aranha: Stark, Estranho, Motoqueiro… como o estilo do desenho é também cartunesco, a ameaça perde força, quase parecendo banal.

No geral, gosto da arte de McGuinness pelo seu dinamismo: há algumas cenas muito bem feitas, especialmente de ação, e ele entrega um bom storytelling. Seus Celestiais certamente impressionam, e gostei da sua versão do Capitão, do Thor e principalmente do Motoqueiro Fantasma; já seu Homem de Ferro ficou um pouco esquisito, com a armadura parecendo de brinquedo.

Robbie Reyes, o Motoqueiro Fantasma que na real pilota um Charger!

Medina, o outro desenhista, procura emular ao máximo essas representações. A única que fica um pouco diferente é a Mulher-Hulk, uma personagem que passou por modificações recentes em seu status quo e agora tem uma atitude similar à do Hulk (Banner) clássico selvagem, pouco racional e disposta a esmagar tudo primeiro e perguntar depois. Não é, definitivamente, o meu retrato preferido da Jenniffer Walters.

O final deste capítulo traz alguns bons momentos, que fazem a história avançar, como Thor tomando a súbita decisão de levar a Mulher-Hulk com ele para ter uma conversinha com Odin; e Doutor Estranho e Homem de Ferro partirem atrás dos Eternos, chamados por Stark de “os especialistas” em Celestiais. Os diálogos também melhoram, mais adequados ao espírito da equipe e do perigo aparentemente sem solução que enfrentam.

Apesar das críticas, o nível da ameaça representado pelos Celestiais Malignos, chamados de A Expedição Final (leitores dos Eternos de Jack Kirby curtirão a referência!) e as (poucas) revelações adicionam interesse em acompanhar o desfecho. Em breve, volto com as resenhas das edições #3 e #4, onde este arco se conclui.

Nota: 6,0.

Rápida Resenha de X-Men #13 – Panini Comics

Prosseguindo com a análise de todas as edições da (ainda) atual mensal dos X-Men, agora com 4 histórias por edição. Resenha sem spoilers desta publicação de janeiro de 2018.

Esta capa na verdade é da história de Fabulosos X-Men da edição anterior

Extraordinários X-Men 14 e 15: de Jeff Lemire e Victor Ibañez

A Panini colocou duas histórias da equipe de Lemire, partes 2 e 3 do arco iniciado na edição #12. Basicamente, enquanto Forge está no Laboratório tentando encontrar um modo de reverter a transformação do Colossus em um Cavaleiro do Apocalipse, duas duplas de X-Men estão em missões.

Em outra dimensão, Magia e Tempestade enfrentam uma equipe bem interessante de seres místicos e demonstram toda a experiência e domínio de seus vastos poderes. A sequência desta batalha é bem desenvolvida, com detalhes divertidos. Mesmo lendo quadrinhos de heróis há mais de 3 décadas, ainda me empolgo quando vemos super seres desconhecidos em ação pela primeira vez. Sinto aquele misto de temor e curiosidade pelo que vai acontecer. Enfim, deste encontro o leitor logo vai descobrir não somente o paradeiro de Sapna – a jovem pupila de Magia desaparecida – como uma enorme ameaça no horizonte próximo dos nossos X-Men.

Colossus já virou Fanático, Fênix e bandido antes, mas é a primeira vez que vira o Guerra, ou não? rsrs

A outra dupla, Noturno e Homem de Gelo, encara Colossus, ainda fiel à Apocalipse. Leitores veteranos já viram o russo “mudando de lado” ou sofrendo alguma outra transformação vilanesca semelhante pelo menos umas 3 vezes, então nada disso parece realmente definitivo ou mesmo perigoso.

Lemire ainda consegue mexer bem as peças e novamente faz com que a moçadinha da equipe, Glob, Enole e Ernst arranquem sorrisos em vários momentos.

Sobre o prolífico roteirista, vale novamente afirmar que o destaque deste título fica por conta da competência com que ele cria tantos bons momentos de interação entre os personagens. Ponto forte, aliás, também nos seus trabalhos autorais. Ver, por exemplo, a ainda adolescente Jean Grey – e aqui com uma aparência realmente doce e meiga – provocando o Velho Logan é surreal, especialmente sabendo o que suas clássicas versões “do universo regular” já protagonizaram.

Esta cena é legal demais – e esquisita também.

Victor Ibañez faz um trabalho melhor nestes dois capítulos, tanto nas expressões como nos enquadramentos. Vale ressaltar que há um outro artista envolvido aqui, Guillermo Mogorrón, responsável pelos “esboços”. Ponto para a editoria que percebeu as limitações do Ibañez e trouxe um reforço para aprimorar o resultado final.

O capítulo se encerra de forma verdadeiramente ameaçadora para todos os mutantes do Abrigo-X. O clímax se aproxima rapidamente. Parece que desta vez o fim, sem dúvida, está próximo. Nota 7,5.

Novíssimos X-Men 13: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

Hopeless traz uma história diferente, onde o trio de amigos Idie, Kid Apocalipse e o Homem de Gelo saem para uma baladinha em Miami, com a clara intenção de agitarem um namorado para o jovem Bobby Drake.

É quase uma tradição nas revistas dos mutantes breves momentos de paz entre arcos repletos de batalhas e violência. Partidas de baseball, passeios na praia, um dia na piscina e baladas foram mostradas diversas vezes.

A maior novidade aqui, sem dúvida, é a abordagem direta na homossexualidade do Homem de Gelo do passado, uma questão polêmica para alguns dos fãs mais antigos e, acho, os que não curtiram essa saída do armário vão torcer o nariz para este capítulo.

De fato, adultos escrevendo momentos de descontração de jovens millenials é arriscado e muito difícil de fazer sem parecer piegas, mas acho que o roteirista consegue um resultado razoável, graças em grande parte ao trabalho cuidadoso de Mark Bagley.

Há um momento “de ação” no final, com a participação especial de uma equipe de Inumanos e um novo personagem que, ao que tudo indica, deve aparecer outras vezes. No geral, os muitos clichês atrapalham o clima leve da história.
Nota 6,0.

Fabulosos X-Men 12: de Cullen Bunn e Greg Land

O capítulo começa no passado, quando Magneto recruta Psylocke para a formação desta equipe. Mas logo Bunn nos transporta para o presente, no Clube de Inferno, que agora conta com a Monet como Rainha Branca. Confesso que é difícil aceitar certas situações, mesmo com alguma boa vontade. Como Betsy Braddock fica “numa boa” na mesma sala com Sebastian Shaw e Black Tom Cassidy, dois vilões e assassinos? Ela até questiona Magneto: “O que espera conseguir aqui, Erik?” mas, continua impávida, tanto ela quanto Dentes de Sabre. Pois é, como já disse, fica complicado.

Turminha pesada para andar  com Monet e Psylocke não? Ah, pois é, o Clube do Inferno voltou a ser comandado por adultos

A história melhora quando mostra o “Complexo de Pesquisa das Corporações Futuro no Oceano Atlântico”, onde os Fabulosos enfrentam aqueles novos mutantes mostrados na edição anterior. Greg Land continua apenas mediano, com algumas boas cenas de luta e um belo Pássaro Negro, mas quando há mais talking heads suas limitações chegam a cansar. Nota 4,5.

Nota Final desta Revista: 6,0.

Rápida Resenha de X-Men #12 – Panini Comics

A revista completa 1 ano e novos arcos começam. Jeff Lemire, Cullen Bunn e Dennis Hopeless continuam nos títulos. O que achamos? Resenha praticamente sem spoilers desta publicação de dezembro de 2017.

A Panini escolheu a arte de Greg Land para a capa da edição 12

Extraordinários X-Men 13: de Jeff Lemire e Victor Ibañez

Lemire traz, logo de início, Magia procurando pistas sobre o desaparecimento de Sapna, resgatando assim um dos subplots que ele ainda conseguiu encaixar durante as tumultuadas Guerras Apocalípticas. Tempestade aparece para ajudar, mas uma bizarra equipe de super seres estão dispostos a impedi-las. Interessante.

Lemire não perde a chance de introduzir novas criações para o Universo Marvel

Há outras duas duplas bem trabalhadas pelo autor nesta história: o Velho Logan e um amargurado Forge, que conseguiu criar uma prisão para o Apocalipse; e Noturno e Homem de Gelo, que investigam bases do Clã Akkaba atrás do Colossus. É um novo arco totalmente calcado nos arcos anteriores, o que não é necessariamente ruim, porque mostra que Lemire, afinal, tem um “plano”. A arte de Ibañez em geral é boa, especialmente nas cenas de luta do Noturno, realçada pelas belas cores de Jay David Ramos, mas há algumas páginas onde a narrativa fica um pouco truncada.

Ibañez capricha nas cenas com o Noturno

Como sempre, esta é uma equipe gostosa de acompanhar, especialmente, volto a dizer, pela qualidade dos diálogos, que trazem um bom desenvolvimento de cada personagem, drama e humor na medida certa. Nota 7,0.

Novíssimos X-Men 12: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

Ao contrário dos outros dois títulos mutantes, os Novíssimos ignoram completamente a saga Guerras Apocalípticas encerradas na edição #11. Ciclope, ainda se recuperando dos graves ferimentos infligidos pelo Groxo (quem diria!) tenta ajudar uma impaciente Laura Kinney (X-23/Wolverine) – agora uma verdadeira amiga – a liberar sua energia e acabar com suas frustrações e, para isso, a envia para uma sequência de missões perigosas pelo mundo, utilizando o teleportador Picles. A primeira parada dela é na “Amazônia Brasileira”, o que é legal. Há um plot twist bem encaixado e o autor consegue ainda resolver – em parte – a situação emocional de dois dos jovens X-Men da equipe. No encerramento, a revelação de uma provável futura ameaça. História recheada de ação, com Bagley conduzindo as batalhas com uma “câmera” sempre agradável, dinâmica, boas composições de página e dos personagens. O Anjo, em especial, aqui na sua versão “cósmica”, pós-Vórtice Negro (uma saga que envolveu os Guardiões da Galáxia) está muito bem retratado, tudo amplificado com a arte-final perfeita de Andrew Hennessy e as sempre vibrantes cores de Nolan Woodard.

O jovem Anjo em sua poderosa versão Vórtice Negro, na vibrante arte de Bagley, Hennessy e Woodard

Depois de um arco morno, esta história fechada é uma agradável leitura porque parte de uma premissa simples mas pertinente à breve história desta equipe e traz uma pegada super-heroica moderna, autêntica, vibrante. Há uma splash page com um lindo retrato de dois personagens. Nota 7,5.

Fabulosos X-Men 11: de Cullen Bunn e Greg Land

Novo arco, que começa bem, com uma equipe de superseres desconhecidos, aparentemente todos novos mutantes, invadindo uma instalação militar. Clichê? Claro, mas ainda assim interessante rsrs. Depois dessa agitada introdução, Bunn resgata nossos anti-heróis e mostra um pouquinho de cada um deles, que agora estão em uma base na Terra Selvagem, dando mais páginas para uma caçada do Dentes-de-Sabre na floresta. Apesar da “dura” que a Psylocke deu em Magneto na edição anterior, dando a impressão que abandonaria a equipe, ela também está aqui e novamente concorda em ingressar em uma missão (ai, ai). O final traz uma revelação… ok, e parece que teremos o retorno repaginado de uma equipe vilanesca clássica. Continuo achando Fabulosos bem mediano, às vezes sem graça, em suas múltiplas subtramas requentadas. Greg Land volta a fazer seu trabalho convencional, totalmente calcado em fotografia, e com menos imaginação nos layouts do que no começo da série. Nota 5,5.

Nota Final desta Revista: 6,7.

Os Vingadores #1 – Panini Comics (2019)

A nova revista dos Vingadores já está nas bancas. Cercada por expectativas de um lado e polêmicas de outro, será que vale a pena? Resenha sem spoilers e com nossa opinião sincera sobre o novo formato das mensais Marvel/Panini.

Arte de Ed McGuinness apresentando a nova e poderosa formação da equipe

Após correr com a fase Marvel Legado, a Panini começou a publicar agora em março/2019 a aguardada era Fresh Start, a primeira capitaneada integralmente pelo novo Editor-Chefe C. B. Cebulski e, por isso mesmo, optou por “zerar” alguns dos títulos mensais e também de encadernados.

Os Vingadores #1 traz material de duas revistas da Marvel Comics: Free Comic Book Day 2018 e Avengers #1 (julho/2018), ambas escritas por Jason Aaron, o celebrado roteirista de Thor, Dr. Estranho e muitos outros títulos dos últimos dez anos da editora.

A primeira história, “Criados Há 1 Milhão de Anos”, tem apenas 10 páginas e é lindamente desenhada pela italiana Sara Pichelli que tem, entre seus créditos, uma ótima passagem pelo novo Homem-Aranha (Miles Morales), ao lado de Brian Bendis.

A dupla nos apresenta um breve encontro entre o pai supremo, Odin, e o Pantera Negra. É algo surpreendente, porque trata-se de uma interação totalmente incomum nos quadrinhos. Há outros personagens, inclusive um saído diretamente da edição especial Marvel Legado, publicada no ano passado, mas o destaque fica por conta dos diálogos afiados e, certamente, da arte de Pichelli e das cores de Justin Ponsor.

Sara Pichelli e sua elegante arte digital

Esse conto serve como uma ótima introdução para a segunda história, essa sim, a verdadeira número 1 da Fase Aaron, desenhada pelo popular Ed McGuinness e chamada “A Expedição Final”.

Há muitos momentos interessantes nestas 32 páginas repletas de splash pages duplas e fatos decididamente inéditos na ampla mitologia Marvel.

Aaron revela o que aconteceu com o poderoso time de salvadores do planeta – apelidados de “Vingadores de 1 milhão de anos atrás” – imediatamente após terem derrubado um Celestial em Marvel Legado (ou seja, essa é uma leitura quase imprescindível para acompanhar esta nova equipe).

A Panini relançou Marvel Legado nas bancas porque de fato é um prelúdio para Vingadores #1

No presente, acompanhamos o reencontro de Thor, Homem de Ferro e Capitão América, o trio central dos Vingadores clássicos e que passaram por momentos conturbados nos últimos anos. Aaron trata de um jeito leve e irônico essas fases polêmicas – principalmente entre fãs mais antigos da Casa das Ideias -, em que os 3 foram substituídos por outros personagens quase que ao mesmo tempo, sendo uma mulher no lugar de Thor, um negro Capitão América e uma jovem negra (e inédita) no lugar do Homem de Ferro.

A Trindade clássica dos Vingadores se reencontra em um bar

Como de praxe em uma nova formação de equipe, os autores mostram uma grande ameaça que exige a união de vários heróis. É gostoso acompanhar a narração desses fatos e, novamente, é algo totalmente amarrado com os atos dos Vingadores da Idade da Pedra, formados por Odin, Agammotto, Fênix e antepassados do Punho de Ferro, do Pantera Negra, do Estigma e do Motoqueiro Fantasma.

McGuinness não entrega uma arte tradicional – é cartunesca mas muito poderosa, que evoca Kirby em diversos momentos. Mark Morales na arte-final e David Curiel nas cores completam o time artístico de primeira linha.

Arte de McGuinness e Morales retratando os Vingadores da Idade da Pedra ou de 1 milhão de anos atrás

Enquanto Doutor Estranho e Pantera Negra avançam em direção ao centro da Terra, na atmosfera a Capitã Marvel investiga fissuras bizarras e com energias fora da escala. É uma número #1 emocionante e com um cliffhanger quase impossível de ignorar.

Quanto à edição, a Panini caprichou em um miolo com papel couchê – ao invés do LWC da fase Totalmente Diferente Nova Marvel – que sem dúvida é de qualidade superior e permite que as cores e definições dos traços ganhem mais beleza.

E as capas cartonadas? Youtubers em geral criticaram, por acreditarem que encarece muito, a ponto de inviabilizar o acesso de uma revista mensal para muita gente. No Instagram, há fãs que também acharam desnecessário, mas até compraram, e há outros que, como eu, elogiaram.

O valor de R$ 9,90 para o material em si parece adequado, sem exagero, com cerca de 60 páginas no formato americano e colorido, papel de alta qualidade e capas encorpadas. Em comparação com outros materiais nas bancas – incluindo os mangás, Turma da Mônica Jovem, Tex e demais edições menores em preto e branco – são, sim, relativamente bem acessíveis.

Claro que não é para todo mundo mas, sendo franco, nunca foi nem nunca será. “Material de entrada”, em geral, são os formatinhos do Mauricio de Souza e da Disney, esses sim na faixa de R$ 5,00 a R$ 6,00. Quadrinhos de heróis são bem mais segmentados e complexos, mas podem ser degustados de outras formas, inclusive digitalmente, em sebos, emprestados, em promoções de encadernados, em bibliotecas, etc.

Há muitos e muitos anos que as mensais Marvel e DC não vendem milhares de edições como na década de 80. O mercado brasileiro é pequeno e, com a avalanche de encadernados de materiais novos e clássicos dividindo o orçamento dos colecionadores, e dezenas de outras ofertas de quadrinhos europeus, nacionais e alternativos – quase tudo, senão tudo, mais caro – acredito que sim, Vingadores #1 é uma opção “de entrada” para uma HQ de super-heróis. Fica difícil comprar muita coisa, é verdade, mas pelo menos os leitores tem opções de acesso e também mais quadrinhos diversificados, muito distante do cenário dos anos 80 ou 90.

Acompanho o trabalho da Panini desde 2001 e, é justo dizer, ela já testou diversos formatos e preços, inclusive um bem parecido com este na sua estreia. Acertando ou errando, vai continuar tentando o que for possível para que ela, em última instância, atinja o maior número possível de consumidores com as melhores margens.

Ressalto isso porque este novo formato parece permitir que ela comercialize as mensais também em outros canais, além das Bancas de Jornal. Há muita estridência na web brasileira, a ponto de xingarem o “departamento comercial incompetente” da editora, mas quem sabe os números concretos, mesmo, é a própria não é?

Belíssima capa variante de Avengers #1 de Esad Ribic

Há ainda um movimento interessante em curso que prega o consumo de material importado ao invés do da Panini como melhor custo x benefício.

Concordo em termos – sou grande fã dos quadrinhos originais e tenho milhares de edições by Marvel Comics – porque há vantagens incomparáveis em alguns quesitos (assunto para outro tópico) mas esse sim é um material muito mais restritivo para o consumidor típico.

Vejamos: será que R$ 9,90 está mesmo caro? É um quadrinho gourmet desnecessário e inacessível?

Façamos as contas: nos EUA há muito tempo cada edição mensal custa US$ 4,00, ou seja, cerca de R$ 14,00 em conversão simples. Nestas novas mensais nacionais, há o equivalente a duas das americanas e, portanto, custaria algo como R$ 28,00 (sem capa cartão nem papel couchê).

Tirando os seus (graves) problemas de comunicação, é compreensível que a Panini tente mirar nos leitores hardcore ao mesmo tempo que diversifique sua distribuição. A opção parece ser simplesmente o cancelamento.

Enfim, quem tem condições financeiras e gosta dos personagens, do Universo Marvel ou de uma boa HQ de super-heróis pode arriscar que a chance de gostar é muito alta.

Nota: 8,0.

Rápida Resenha de X-Men #11 – Panini Comics

Última edição das Guerras Apocalípticas. Uma saga que achei bem mediana. Resenha com alguns spoilers, mas é uma revista de novembro de 2017

Arcanjo liderando um enxame de clones na capa de Greg Land

Novíssimos X-Men 11: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

No Egito Antigo, a versão adolescente do Apocalipse e seu clone, Evan, voltam ao acampamento dos Cavaleiros da Areia para resgatar o Fera. Este pretende recuperar o Olho de Hórus – um artefato místico obtido com o Doutor Estranho algumas edições atrás – e com ela retornar ao presente. Porém Evan acha que é seu dever “salvar” En Sabah Nur enquanto é bom e heroico antes que se corrompa. O pai adotivo de Nur, Baal e o místico do bando (cujo nome não é citado), porém, tem planos diferentes e começam a “endurecer” o temperamento do jovem mutante. Enfim, não há novidades neste capítulo final. O arco termina com a amizade entre Fera e Evan bastante abalada, mas o desfecho era o mais esperado.O trio de artistas – Bagley no lápis, Andrew Hennessy na arte-final e Nolan Woodard nas cores – entregam um bom feijão com arroz, embora ainda ache tudo muito “limpo e vibrante” para o local e a ambientação. Não é uma HQ ruim, os envolvidos são todos profissionais, mas o saldo é um arco morno, aquém dos anteriores. Nota 5,5.

Extraordinários X-Men 12: de Jeff Lemire e Humberto Ramos

Lemire e Ramos entregam outro número repleto de ação, com a batalha final entre os Cavaleiros do Apocalipse deste futurista Mundo Ômega (o ano é 3.167 DC) contra os X-Men da Tempestade reforçados pelos adolescentes – agora um pouco mais maduros e definitivamente mais poderosos – Glob, Ernst, Anole e Não-Garota (a antiga “Turma Especial” da fase Morrison ficou 1 ano perdida neste planeta). Um fato curioso é que, entre os 4 Cavaleiros desta realidade, apenas um é mutante: Colossus, Deadpool, Cavaleiro da Lua e Venon.

Apocalipse e seus 4 Cavaleiros quase sem mutantes

Noturno tem uma participação marcante em todo o arco, mas de fato todos tem seus bons momentos. Lemire ainda coloca uma dúvida cruel na Magia em relação à sua protegida Sapna. Esses momentos com linhas narrativas diferentes são sempre bem dosados e surgem com naturalidade. O final traz ao menos um fato realmente inesperado que vai trazer consequências futuras imprevisíveis. Só vai levar uma nota um pouco menor porque não tivemos tantos diálogos inspirados como nas anteriores. Nota 7,0.

Fabulosos X-Men 10: de Cullen Bunn e Ken Lashley

Fechando a edição, outra conclusão de arco. Esta equipe estava envolvida com a situação do presente das Guerras Apocalípticas e, infelizmente, é a mais pretensiosa e a menos interessante. Pelo menos, trouxe vários desfechos. O primeiro é com relação a Monet e seu irmão, o vilão Sangria, nos túneis dos Morlocks. É algo até esperado, embora pessoalmente não tenha gostado. O que é estranho, mesmo, é o argumentista ter simplesmente se esquecido de mencionar o paradeiro da Callisto após ela ganhar tanta exposição nos capítulos anteriores. O segundo desfecho envolve a confusa situação daquele Arcanjo “sem mente”, que estava com a equipe desde o começo, servindo cegamente a Magneto, e o Anjo “sem asas” que foi apresentado no começo deste arco. Pobre Anjo/Arcanjo… sua personalidade nunca mais teve sossego desde que virou um Cavaleiro do Apocalipse pela primeira vez. A conferir o que será dele. O terceiro desfecho é da Psylocke com relação ao próprio Magneto e seus segredos e manipulações. Acho que demorou um pouquinho para tomar essa atitude, mas está valendo. Uma interrogação: o poderoso Holocausto surgiu radiante no capítulo anterior mas (aí vai um spoiler) foi rapidamente derrotado pelo Magneto. Acreditava que o mestre do magnetismo estava bastante enfraquecido no começo desta série, pelo menos é o que foi dito lá na edição #1 (por conta da saga Vingadores Vs. X-Men). Será que perdi alguma explicação? Embora de fato essa limitação vinha sendo convenientemente esquecida, foi uma surpresa vê-lo derrotando tão facilmente o filho do Apocalipse. Finalmente, Bunn não esqueceu de Fantomex e Mística. Ufa! Muitos personagens, situações com dramas complexos mas trabalhados superficialmente e sem explicações convincentes, tudo em uma arte dura e às vezes bem confusa. Nota 4,5.

Nota Final desta Revista: 5,6.

Rápida Resenha de X-Men #10 – Panini Comics

As Guerras Apocalípticas são o foco desta revista, onde as 3 equipes mutantes enfrentam ameaças relacionadas ao supervilão Apocalipse em diferentes linhas temporais. Resenha praticamente livre de spoilers.

As Guerras Apocalípticas continuam

Novíssimos X-Men 10: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

No Egito antigo, enquanto um ferido Fera é capturado pelo bando de saqueadores chamados Cavaleiros da Areia, Evan começa a desenvolver uma improvável amizade com En Sabah Nur – o futuro Apocalipse – que é ainda um adolescente, como ele mesmo. Bom, para os que não sabiam, Evan é um clone do próprio Apocalipse (as revistas dos X-Men são conhecidas por terem um universo definitivamente complexo!). Uma outra curiosidade é que os autores trazem Baal, o pai de En Sabah Nur e comandante dos tais Cavaleiros da Areia e introduzem um outro personagem, um místico que diz ter servido ao Faraó Rama-Tut. Os aficionados da Marvel das antigas imediatamente vão saber que o estranho místico está se referindo a uma versão do vilão Kang que governou o Egito e enfrentou o Quarteto Fantástico em uma história dos anos 60, por Stan Lee e Jack Kirby. Pois é… talvez hoje em dia isso possa ser considerado um easter egg bem encaixado pelo Hopeless, ou talvez seja apenas um daqueles momentos bacanas que só um imenso universo compartilhado como o da Marvel permite trazer.

Na capa da edição americana, Bagley retrata o encontro dos 2 jovens Apocalipses

Os desenhos de Bagley continuam vibrantes e perfeitos como sempre, bem como as cores de Nolan Woodard. Na verdade, talvez neste caso o traço limpo de Bagley seja um problema, afinal seu Egito antigo parece cenário de uma sitcom adolescente, onde todos são saudáveis e bem vestidos, perambulando em cenários bonitos e agradáveis. Vale registrar que a história também apresenta Erika, uma jovem aventureira e rica, aparentemente muito amiga de En Sabah Nur, que pode ter tido uma forte influência sobre ele. Fiquei intrigado como ela e muitos outros que o encontram parecem não se importar com sua aparência, afinal era um jovem mutante azul. História bem simples, com bons desenvolvimentos dos personagens mas sem nenhum grande momento. Nota 6,5.

Extraordinários X-Men 11: de Jeff Lemire e Humberto Ramos

Em um futuro literalmente “apocalíptico”, o Velho Logan é possuído pelo simbionte Venon e encara Jean Grey, enquanto os outros 3 Cavaleiros do Apocalipse enfrentam os demais X-Men. Ao mesmo tempo que precisam conter um bombado Colossus, a equipe claro quer salvá-lo, o que gera ainda mais tensão. Boas sequências de batalhas, com Humberto Ramos entregando uma arte vibrante.

Grey Vs Logan (+ Venon) by Humberto Ramos

Lemire continua bem, acrescentando pequenos detalhes, diálogos, situações que prendem a atenção e às vezes até surpreendem um leitor veterano como este aqui. Há, por exemplo, um momento inusitado e muito bacana com a Ernst – personagem que os escritores adoram incluir em suas equipes-X mas que em geral é esquecida durante as histórias. Ela e os demais membros da “Turma Especial” (lá da fase do Grant Morrison) são muito bem aproveitados neste arco. Tempestade e Noturno ainda abordam Apocalipse cara a cara. Ação desenfreada muito bem feita. Vale a leitura. Nota 7,5.

Fabulosos X-Men 9: de Cullen Bunn e Ken Lashley

Para mim, sem dúvida esta é a mais fraca das histórias desta saga, tanto no roteiro quanto na arte. Há 3 linhas narrativas. A primeira é da Monet contra seu irmão, Sangria, nos túneis dos Morlocks, com a participação do Dentes de Sabre e da Callisto. Não vejo ligação destes fatos com o Apocalipse, a não ser que parte da equipe não está disponível para ajudar… Magneto, o foco da segunda linha narrativa, que é salvo pela Mística mas logo se deparam com Holocausto (o vilão que está na capa da revista) e seu clã de adoradores Akkaba. A terceira linha apresenta Psylocke e Fantomex lidando diretamente com o Arcanjo. Enfim, é uma grande confusão. O fato de termos vários vilões saídos dos anos 90, com uma arte também nesse estilo do Lashley, parece ter “inspirado” o roteirista Bunn em diálogos cheios de “atitude” e ameaças vazias. A opção em fracionar a história – a cada 3 páginas temos uma mudança de linha narrativa – em uma série de situações que não empolgam e um grupo de personagens que não confiam uns nos outros, ora brigam entre si, ora decidem salvar fulano mas criticar beltrano, traições e alianças que surgem e somem sem a menor pausa para desenvolver suas motivações irritam. Talvez a necessidade de incluir os Fabulosos nas Guerras Apocalípticas tenha atrapalhado o autor, mas não adianta culpar o editor ou “a Marvel”. Nota 4,0.

Nota Final desta Revista: 6,0.

Resenha de Guerras Secretas Capitã Marvel #1 – Panini Comics

Capa com a arte sempre chamativa de Mike Deodato

Retomando as resenhas de todas as edições brasileiras das Guerras Secretas!
Confira nossa opinião sobre a revista solo da Carol Danvers, intitulada Capitã Marvel e a Tropa Carol, que publica a minissérie de uma versão da heroína e um grupo de amigas aviadoras no Mundo Bélico.

Spoilers: mínimos.

Kelly Sue DeConnick fez uma certa fama – sobretudo entre as leitoras – em sua passagem pela revista solo da Capitã Marvel, entre os anos 2013-2015. Graças às suas histórias assumidamente feministas, a personagem ganhou uma nova legião de fãs. Por outro lado, essa fase também trouxe críticos que, basicamente, não concordavam com as mudanças no visual da heroína e no tom das HQs. Em termos comerciais, as vendas do título ainda eram problemáticas, como de resto tem sido para a maioria dos títulos mensais para personagens do 2º escalão ou menos.

Nesta, que seria sua última aventura com a personagem – e também com a Marvel Comics, pelo menos até o momento – DeConnick tem a colaboração de outra importante autora de quadrinhos de heróis da atualidade, Kelly Thompson – que de lá para cá fez o caminho inverso da colega e hoje em dia possui uma enorme quantidade de trabalhos em andamento na editora, alguns muito interessantes como a nova série da Gaviã Arqueira (Kate Bishop).

A arte é do competente e talentoso espanhol David Lopez, que fez lápis, arte-final e cores das 3 primeiras partes e das belíssimas capas principais. Mais uma vez, a Panini esqueceu de mencionar um dos desenhistas, no caso a italiana que cuidou da quarta e última parte da minissérie, Laura Braga.

O título cita uma certa Tropa Carol” (no original, Carol Corps), nome de um fã-clube da personagem que surgiu exatamente durante a fase de Kelly Sue. Ruidoso, o grupo era muito ativo nas redes sociais, tinha correspondência direta com a roteirista e editores, e participava de convenções onde, não raro, as fãs surgiam com caprichados cosplayers de Carol Danvers em várias de suas versões.

Esta revista no mostra os momentos derradeiros de uma versão heroica e poderosa da Capitã Marvel e do Esquadrão Banshee, uma força aérea de elite, responsáveis pela defesa do Domínio chamado Setor Hala.

David Lopez é um ótimo artista, capaz de belas montagens, como destas páginas.

Todas no Esquadrão Banshee são novas personagens, mulheres igualmente heroicas, com grande participação na história e, em sua maioria, pilotos de caças supersônicos (mesma profissão original da Carol Danvers) e – acho que esta informação é pouco conhecida no Brasil – foram inspiradas em membros do fã-clube Carol Corps!

Sim, isso mesmo: algumas das mais fiéis leitoras e defensoras da super heroína viraram personagens da Marvel! Sem dúvida, uma ótima iniciativa e criatividade em termos de relacionamento de uma grande editora com sua base de fãs.

Mas, voltando à revista, uma importante diferença desta versão da heroína com a do universo principal é que esta não tem noção exata da origem alienígena de seus poderes, visto que nas Guerras Secretas de Destino só existe o Mundo Bélico e nada além no Universo, muito menos uma civilização interplanetária guerreira e poderosa como a dos Krees.

A história começa de uma forma interessante, com uma boa interação entre as personagens femininas, que realizam treinos com suas aeronaves em conjunto com a heroína voadora, até que uma missão envolvendo um navio traz um mistério que rapidamente trará uma crise no grupo de amigas.

Esta é uma HQ firmemente ambientada no megaevento, com Thors intercedendo no Domínio e uma obediência geral às ordens de Destino, e sinto que isso não fez muito bem ao conjunto da obra, especialmente na “batalha final” e no epílogo, algo desnecessariamente enigmático e até conveniente, evitando um desfecho redondo. É quase o mesmo recurso de Jason Aaron com sua série Thors – quem leu, vai entender a similaridade.

Uma versão de James Rhodes também participa da aventura

Também incomodam os muitos clichês, em especial as caracterizações excessivamente corretas das personagens do Esquadrão Banshee – cada uma bem diferente das outras (diversidade, ok!) mas todas igualmente cheias de “atitude”; tampouco ajuda que a Baronesa Cochran, a Diretora da organização militar e, portanto, chefe da Capitã e demais pilotos, muda radicalmente de ideia sem nenhuma razão aparente no momento mais conveniente; e sobretudo na batalha “quase equilibrada” contra um time de Thors.

É nítido que as autoras não se esforçaram muito em termos criativos, preferindo jogar com o ambiente mais seguro de sua formação – por exemplo, Kelly Sue foi criada em Bases da Força Aérea americana -, nem tentaram ousar na abordagem ou no roteiro. Não há um personagem que se sobressaia, não há um vilão instigante, nem mesmo um desafio à altura… a história simplesmente conta os momentos finais deste Domínio em uma HQ quase preguiçosa, se não fosse pela arte de David Lopez, certamente o destaque da edição.

Lopez chama nossa atenção há tempos, e aqui logo nas primeiras páginas mostra que caprichou em todos os aspectos: layout, narrativa, arte-final e cores, que acabaram favorecendo um de seus pontos fortes, a variedade de expressões faciais. Não chega a ser memorável, até por conta da história tacanha, mas é sem dúvida eficiente e agradável aos olhos. Pena que ele não foi capaz de concluir o trabalho, porque no último capítulo, com Laura Braga no lápis, a arte perde o fôlego.

Capitã Marvel e a Tropa Carol é um tie-in que se mostrou desnecessário, uma aventura trivial, repleta de clichês, sem uma versão radicalmente diferente, com apenas David Lopez trazendo algo de positivo e a novidade, essa sim bem-vinda, de transformar algumas fãs em personagens. Mas elas e a Carol mereciam uma história melhor.

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A revista fecha com uma pequena história de outro personagem. Essa prática da Panini foi comum nesta Saga, e aqui temos um material retirado da revista Secret Wars: Battleworld II, também de 2015, escrita por Ed Brisson – hoje um dos queridinhos da Marvel – e ilustrada por Scott Hepburn com cores de Matt Milla. O protagonista é um Modoc, mas a historieta tenta, tenta, mas não consegue ser engraçada em apresentar uma coletânea de Modocs vilanescos em versões do Homem-Aranha, Motoqueiro Fantasma e Doutor Estranho. Irritante e totalmente descartável.

Nota para Capitã Marvel e a Tropa Carol: 5,0.

Rápida Resenha de X-Men #9 – Panini Comics

O evento Guerras Apocalípticas entra em seu terceiro mês e as equipes mutantes se espalham entre o presente, o passado e o futuro. Resenha praticamente livre de spoilers.

Capa de Ken Lashley com os Novíssimos X-Men

Extraordinários X-Men 10: de Jeff Lemire e Humberto Ramos

Após revelar que o pequeno grupo de adolescentes perdidos em um futuro apocalíptico constituído por GlobNão-Garota, Anole e Ernst ficou um ano (!) viajando por entre cidadelas, escapando de inúmeras ameaças e sem saberem como retornar à sua realidade, Lemire renova as esperanças do quarteto com a chegada de Tempestade e sua equipe, que precisam enfrentar os 4 Cavaleiros do Apocalipse do local, que inclui seu ex-colega Colossus. O russo foi arremessado para esse futuro com os jovens e, para salvá-los, fica para trás e é capturado pelos asseclas de Apocalipse que, como de praxe, adora transformar um dos X-Men em seu Cavaleiro líder, Guerra. Ramos cria boas cenas da batalha, e vale ressaltar que sua Cérebra no corpo de um Sentinela é muito impressionante. As cores de Edgar Delgado são excelentes com suas bem dosadas luzes e efeitos. Adoro como trabalha os tons dos fundos, criando atmosferas caprichadas para cada ambiente (a propósito, a Panini esqueceu de colocar os créditos aqui). A história ainda traz outra frente narrativa, estrelada por Magia, que parece ter criado um forte vínculo com Sapina. Lemire ainda consegue entregar reviravoltas, diálogos contundentes (pobre Forge…) e uma última página daquelas que pedem para o leitor voltar no mês seguinte. Nota 7,5.

Novíssimos X-Men 9: de Dennis Hopeless e Mark Bagley

Finalmente a equipe entra no mini-evento Guerras Apocalípticas e, como Gênesis faz parte do time, nada mais natural que Hopeless foque no jovem clone do próprio Apocalipse. O autor opta por revelar ao leitor os pensamentos de Evan enquanto acontece sua agitada festa de 16 anos, repleta de convidados ilustres, incluindo um Kid Gladiador atacando de DJ. Assim, temos uma bem-vinda recapitulação de sua origem, que certamente terá impacto neste arco. Gostei de ver, também, que o roteirista continuou desenvolvendo os eventos da edição anterior com Hank McCoy. Sem contar muito, Gênesis e o Fera serão enviados ao passado. Não sei como isso se ligará com o que está acontecendo nos outros dois títulos, mas fica claro agora que cada equipe-X está de alguma forma envolvida com o vilão da saga em um período diferente do tempo. Porém, a situação com a qual a dupla se envolve não me pareceu muito interessante, mesmo nesta edição especial com 30 páginas.

Desenhos e cores vibrantes deixam este título um colírio para os olhos

Quanto à arte, Bagley está de volta e sua presença é sempre gratificante. Acho um dos mais competentes desenhistas em atividade para retratar adolescentes e suas constantes crises existenciais, sua vivacidade, as expressões faciais, além claro da sequência narrativa que flui tranquilamente, como é de praxe de um grande veterano. As cores de Nolan Woodard realmente ganham muito mais vida no papel LWCNota 7,0.

Fabulosos X-Men 8: de Cullen Bunn e Ken Lashley

Ken Lashley, o desenhista escalado para ilustrar este arco dos Fabulosos, deve muito aos anos 90, e não necessariamente no bom sentido. Sim, porque os 90 nos quadrinhos norte-americanos mainstream produziu excessos de vários tipos – alguns dos quais o artista não perde a chance de nos lembrar – mas também trouxe obras memoráveis e grandes fases de vários personagens e autores. Expressões faciais frias, corpos com movimento duro, pin ups de bad boys and bad girls no meio da narrativa são alguns exemplos de problemas da arte de Lashley. Certamente há quem goste, mas depois de ver Humberto Ramos e especialmente Mark Bagley nas histórias anteriores, tais características saltam aos olhos. Mesmo não sendo unanimidade, tanto Ramos quanto Bagley são storytellers visuais muito superiores, e contam com aquilo que talvez seja o mais difícil de conseguir criar ao se trabalhar em HQs de super-heróis: um estilo próprio para chamar de seu! É abrir uma das páginas e imediatamente o leitor habitual identifica o nome do desenhista. Lashley é daqueles que ainda está à procura (será?) de uma marca própria. Quanto ao roteiro, novamente temos um autêntico “capítulo intermediário”, mas estou ficando um pouco entediado com os constantes dramas de Psylocke, Magneto e o Anjo/Arcanjo, que parecem não se resolver no tempo certo. A história paralela, com Dentes de Sabre, M e os Novos Morlocks também não empolga, porque o vilão que enfrentam é uma ameaça requentada de histórias esquecíveis da equipe Geração M dos anos… 90! Pelo menos Bunn traz Fantomex, ainda meio que sem uma justificativa muito clara, mas o anti-herói mutante é sempre promessa de algo interessante, especialmente quando encontra Betsy Braddock. Sem dúvida a revista mais fraca do trio de títulos de equipes-X desta Fase da Marvel, mas que ainda pode reencontrar o caminho bacana das primeiras edições após este evento e, com certeza, com outro desenhista. A conferir. Nota 5,0.

Nota Final desta Revista: 6,5.