Os Vingadores #3 – Panini Comics (2019)

Mais uma breve análise do primeiro arco desta mensal dos Vingadores – que ganhou força nos dois capítulos aqui contidos. Confira!

Na capa da edição #3 temos Odin e a chamada “A Origem Secreta do Universo”

Jason Aaron realmente não gosta de pensar pequeno. Quem leu suas recentes passagens por Doutor Estranho, Thor ou até mesmo o seu já longínquo trabalho com o Motoqueiro Fantasma (2008) sabe disso. Com os Vingadores dominando o mundo em popularidade há muitos anos, ele de fato pensou grande – vai ser difícil superar o tamanho da ameaça deste primeiro arco do roteirista com a equipe.

Os Celestiais são uma intrigante criação de Jack Kirby e permeiam as sagas cósmicas da Marvel esporadicamente, mas até então os argumentistas evitavam entrar em detalhes de sua origem ou quais segredos continham. Kirby inicialmente trabalhou os sempre mudos e enigmáticos Celestiais na revista dos Eternos (nos anos 1970), uma super raça criada por esses Deuses Espaciais a partir de proto humanos.

Como vimos desde o especial Marvel Legado, a proposta de Aaron é que há 1 milhão de anos atrás a Terra teria sido ameaçada por um desses Celestiais, ou pelo menos foi esse o julgamento de um grupo de entidades e avatares que, naquela ocasião, se uniram e o aniquilaram.

No primeiro capítulo desta terceira edição de Os Vingadores (Maio/2019), chamado “Uma batalha que foi perdida 1 milhão de anos atrás”, conhecemos detalhes do que aconteceu em seguida à morte daquele Celestial e aprendemos um pouco mais sobre cada um dos seres lá reunidos. Quem conta é o próprio Odin, que liderou a equipe, para seus visitantes no presente: seu filho Thor e a Mulher-Hulk.

Aprendemos um pouco mais sobre a primeira “formação” dos Vingadores.

A história avança com velocidade e há bastante ação, tanto no passado quanto no presente, onde os membros da equipe estão divididos, correndo contra o tempo para tentar conter as duas grandes ameaças apresentadas: a da Última Expedição – um grupo de Celestiais malignos que chegaram à Terra logo após dezenas de outros Celestiais, dos tradicionais, caírem mortos do céu; e a ameaça da Horda – um enxame de criaturas que irromperam do centro da Terra e, de alguma forma, está associada aos gigantes recém-chegados.

Aaron e seus desenhistas, Ed McGuinness e Paco Medina, criam bom drama em vários momentos, inclusive com o triste estado em que se encontram os Eternos. Impossível não esquecer que a Marvel Comics trouxe à tona esses personagens obscuros poucos meses antes dos mesmos serem anunciados como a próxima grande aposta da Marvel Studios nos cinemas (o filme dos Eternos está em produção).

Acredito que alguns dos conceitos destas revistas serão explorados no Universo Cinematográfico também, em pequenas doses, como é de praxe do estúdio, até algo mais bombástico lá na frente.

Arte dinâmica de uma das capas de Ed McGuinness

A explicação que Jason Aaron traz é, novamente, resultado de uma aposta gigantesca, mas calcada em pistas deixadas pelo próprio Jack Kirby no seu título dos Eternos, além de outras histórias de vários criadores diferentes. Há questões envolvendo a(s) Fênix, o(s) imortais Punhos de Ferro, o legado do Pantera Negra e do Deus Pantera, Aggamotto, a entidade que criou o “Olho” usado pelos Magos Supremos, os Espíritos da Vingança que alimentam os Motoqueiros Fantasmas e até mesmo Estigma, uma criação que eu gostava muito do Novo Universo de Jim Shooter (1986), cujo conceito foi reincorporado ao universo Marvel tradicional pelo grande Jonathan Hickman há alguns anos atrás, em outra fase marcante dos próprios Vingadores.

Sim, pode parecer muita coisa – e de fato é – mas acredito que esta história flui sem criar grandes dúvidas a ponto que a impeça de ser compreendida para novos leitores dos quadrinhos Marvel.

Juntar todos esses personagens e suas mitologias aos Eternos, aos Celestiais e – como a história vem desenvolvendo – de um modo tangencial aos Asgardianos, é um risco assumido pelos autores e a editora que podem desagradar a alguns dos fãs mais antigos mas, pelo menos até o momento, na minha opinião me parece positivo e abre possibilidades de centenas de histórias para diversos personagens.

O segundo capítulo (edição #5 do título original The Avengers) aprofunda a conexão entre os Celestiais e a Horda e traz logo nas primeiras páginas uma revelação que aparentemente esclarece o porquê da proliferação dos seres superpoderosos da Terra Marvel, um aspecto obviamente grandioso (de novo!) que a premissa pedia e o autor não se furta de entregar.

Contudo, Aaron habilidosamente traz essa novidade pela boca de Loki (o narrador em off da edição anterior) o que pode, em último caso, ser uma mentira ou, mais provavelmente, uma meia-verdade, algo que o próprio Capitão América pondera.

Conheçam… o Progenitor!

Algumas situações são resolvidas e a revista se encerra com uma splash page dupla inesquecível, um cliffhanger chocante, que deixa alguns de nossos heróis com um nível bizarro e inédito de poder. O roteirista mais uma vez demonstra uma grande capacidade de criar momentum, ao finalmente fazer com que os super heróis do presente se reúnam de modo espetacular, e acerta nos diálogos afiados, bem melhores e “no ponto” que na edição anterior.

Antes de concluir, preciso elogiar novamente o trabalho com cores de David Curiel, que opta por uma explosão de energia e vivacidade. É um estilo que combina com a arte cartunesca de McGuinness e Medina sem parecer artificial. A equipe criativa é sem dúvida de alto nível e capacitada em lidar com os temas grandiosos abordados, fazendo deste primeiro arco, até aqui, uma leitura mais do que divertida – diria até essencial – para os fãs da Casa das Ideias. Vamos ver a conclusão deste épico na próxima edição.

Nota: 7,5.

Os Vingadores #2 – Panini Comics (2019)

Avançamos com a leitura do primeiro arco da nova revista dos Vingadores. Confira nossos comentários nesta Resenha praticamente sem spoilers de um dos principais títulos atuais da Marvel/Panini.

Capa da edição #2 de Ed McGuinness

Vale lembrar que este material corresponde à fase batizada em 2018 nos EUA como Fresh Start, que zerou todos os títulos da Marvel Comics e que foi (e ainda é) um grande sucesso de vendas, em parte por ter recuperado alguns personagens nas suas versões mais icônicas.

Alguns desses títulos, como o Imortal Hulk, Venon e Capitão América, também são sucesso com a crítica especializada mas, de verdade, toda fase tem alguns títulos melhores e piores, e a maioria fica mesmo em uma avaliação mediana.

Os Vingadores (The Avengers) escrito por Jason Aaron, um dos mais celebrados nomes dos quadrinhos americanos dos últimos tempos, não figura entre os mais bem avaliados pelos resenhistas norte-americanos, mas também dificilmente leva notas baixas.

Na minha opinião, este primeiro arco começou muito bem na edição #1, mas aqui perde um pouco sua força. Ainda é divertido, mas seu desenvolvimento em termos de roteiro e arte deixa um pouco a desejar.

A nova formação conta com vários pesos-pesados da Marvel. Arte de Paco Medina.

A revista está cumprindo a promessa inicial: revelações sobre os “Vingadores de 1 milhão de anos atrás” ao mesmo tempo em quem uma nova formação dos “Vingadores do presente” é construída, calcada exatamente no retorno da primeira grande ameaça enfrentada pelos seus antepassados heroicos que, diga-se de passagem, não se chamavam Vingadores: era um grupo improvisado de Entidades e Avatares que conseguiram derrotaram um Celestial ferido.

Esta edição #2, lançada em Abril/2019, traz os Capítulos 2 e 3 do arco, chamados: “Ainda Vingando Após Todos Esses Anos” – desenhada por Ed McGuinness com arte-final de Mark Morales e Jay Leisten; e “Aonde Deuses Espaciais Vão Para Morrer” – em que McGuinness alterna com o competente Paco Medina, dono de um estilo semelhante que permite, assim, uma agradável unidade narrativa. As cores de ambos os capítulos são de David Curiel e são muito vivas e impactantes – há quadros que realmente “saltam aos olhos”.

Logo no começo, há uma narração em off, que descreve os acontecimentos para o leitor com muito sarcasmo e ironia: um grupo de Celestiais Malignos surge logo após uma enorme quantidade de outros Celestiais – do tipo mais, digamos, tradicional, terem caído na Terra por buracos dimensionais no céu; os 3 Vingadores mais emblemáticos, Thor, Capitão América e Homem de Ferro novamente reunidos (após os eventos da Guerra Civil II e do Império Secreto), enfrentam esses novos Celestiais; e aos poucos outros heróis também são obrigados a agir: a Mulher-Hulk, Capitã Marvel e o novo Motoqueiro Fantasma, Robbie Reys.

A Mulher-Hulk no modo “Selvagem” enfrenta o novo Motoqueiro Fantasma na arte de Ed McGuinness

Obviamente, o narrador será revelado no final do capítulo e, embora até funcione, eu não gostei muito do resultado dessa abordagem. Acho que Aaron não captou tão bem assim a “voz” desse que é um personagem-chave na história dos Vingadores. Os textos esbarram em clichês e soam pueris.

No capítulo seguinte, descobrimos o nível absurdo de poder dos Celestiais Malignos e todos os heróis finalmente se encontram, inclusive Pantera Negra e Doutor Estranho. Novamente, achei que Aaron escorregou em algumas abordagens, como no excesso de piadinhas forçadas de Stephen Strange. Por um lado, temos uma ameaça colossal e inédita para a equipe, que traz muita seriedade de um Capitão América e de uma Carol Danvers; e de outro temos vários heróis fazendo gracinhas a la Homem-Aranha: Stark, Estranho, Motoqueiro… como o estilo do desenho é também cartunesco, a ameaça perde força, quase parecendo banal.

No geral, gosto da arte de McGuinness pelo seu dinamismo: há algumas cenas muito bem feitas, especialmente de ação, e ele entrega um bom storytelling. Seus Celestiais certamente impressionam, e gostei da sua versão do Capitão, do Thor e principalmente do Motoqueiro Fantasma; já seu Homem de Ferro ficou um pouco esquisito, com a armadura parecendo de brinquedo.

Robbie Reyes, o Motoqueiro Fantasma que na real pilota um Charger!

Medina, o outro desenhista, procura emular ao máximo essas representações. A única que fica um pouco diferente é a Mulher-Hulk, uma personagem que passou por modificações recentes em seu status quo e agora tem uma atitude similar à do Hulk (Banner) clássico selvagem, pouco racional e disposta a esmagar tudo primeiro e perguntar depois. Não é, definitivamente, o meu retrato preferido da Jenniffer Walters.

O final deste capítulo traz alguns bons momentos, que fazem a história avançar, como Thor tomando a súbita decisão de levar a Mulher-Hulk com ele para ter uma conversinha com Odin; e Doutor Estranho e Homem de Ferro partirem atrás dos Eternos, chamados por Stark de “os especialistas” em Celestiais. Os diálogos também melhoram, mais adequados ao espírito da equipe e do perigo aparentemente sem solução que enfrentam.

Apesar das críticas, o nível da ameaça representado pelos Celestiais Malignos, chamados de A Expedição Final (leitores dos Eternos de Jack Kirby curtirão a referência!) e as (poucas) revelações adicionam interesse em acompanhar o desfecho. Em breve, volto com as resenhas das edições #3 e #4, onde este arco se conclui.

Nota: 6,0.

Os Vingadores #1 – Panini Comics (2019)

A nova revista dos Vingadores já está nas bancas. Cercada por expectativas de um lado e polêmicas de outro, será que vale a pena? Resenha sem spoilers e com nossa opinião sincera sobre o novo formato das mensais Marvel/Panini.

Arte de Ed McGuinness apresentando a nova e poderosa formação da equipe

Após correr com a fase Marvel Legado, a Panini começou a publicar agora em março/2019 a aguardada era Fresh Start, a primeira capitaneada integralmente pelo novo Editor-Chefe C. B. Cebulski e, por isso mesmo, optou por “zerar” alguns dos títulos mensais e também de encadernados.

Os Vingadores #1 traz material de duas revistas da Marvel Comics: Free Comic Book Day 2018 e Avengers #1 (julho/2018), ambas escritas por Jason Aaron, o celebrado roteirista de Thor, Dr. Estranho e muitos outros títulos dos últimos dez anos da editora.

A primeira história, “Criados Há 1 Milhão de Anos”, tem apenas 10 páginas e é lindamente desenhada pela italiana Sara Pichelli que tem, entre seus créditos, uma ótima passagem pelo novo Homem-Aranha (Miles Morales), ao lado de Brian Bendis.

A dupla nos apresenta um breve encontro entre o pai supremo, Odin, e o Pantera Negra. É algo surpreendente, porque trata-se de uma interação totalmente incomum nos quadrinhos. Há outros personagens, inclusive um saído diretamente da edição especial Marvel Legado, publicada no ano passado, mas o destaque fica por conta dos diálogos afiados e, certamente, da arte de Pichelli e das cores de Justin Ponsor.

Sara Pichelli e sua elegante arte digital

Esse conto serve como uma ótima introdução para a segunda história, essa sim, a verdadeira número 1 da Fase Aaron, desenhada pelo popular Ed McGuinness e chamada “A Expedição Final”.

Há muitos momentos interessantes nestas 32 páginas repletas de splash pages duplas e fatos decididamente inéditos na ampla mitologia Marvel.

Aaron revela o que aconteceu com o poderoso time de salvadores do planeta – apelidados de “Vingadores de 1 milhão de anos atrás” – imediatamente após terem derrubado um Celestial em Marvel Legado (ou seja, essa é uma leitura quase imprescindível para acompanhar esta nova equipe).

A Panini relançou Marvel Legado nas bancas porque de fato é um prelúdio para Vingadores #1

No presente, acompanhamos o reencontro de Thor, Homem de Ferro e Capitão América, o trio central dos Vingadores clássicos e que passaram por momentos conturbados nos últimos anos. Aaron trata de um jeito leve e irônico essas fases polêmicas – principalmente entre fãs mais antigos da Casa das Ideias -, em que os 3 foram substituídos por outros personagens quase que ao mesmo tempo, sendo uma mulher no lugar de Thor, um negro Capitão América e uma jovem negra (e inédita) no lugar do Homem de Ferro.

A Trindade clássica dos Vingadores se reencontra em um bar

Como de praxe em uma nova formação de equipe, os autores mostram uma grande ameaça que exige a união de vários heróis. É gostoso acompanhar a narração desses fatos e, novamente, é algo totalmente amarrado com os atos dos Vingadores da Idade da Pedra, formados por Odin, Agammotto, Fênix e antepassados do Punho de Ferro, do Pantera Negra, do Estigma e do Motoqueiro Fantasma.

McGuinness não entrega uma arte tradicional – é cartunesca mas muito poderosa, que evoca Kirby em diversos momentos. Mark Morales na arte-final e David Curiel nas cores completam o time artístico de primeira linha.

Arte de McGuinness e Morales retratando os Vingadores da Idade da Pedra ou de 1 milhão de anos atrás

Enquanto Doutor Estranho e Pantera Negra avançam em direção ao centro da Terra, na atmosfera a Capitã Marvel investiga fissuras bizarras e com energias fora da escala. É uma número #1 emocionante e com um cliffhanger quase impossível de ignorar.

Quanto à edição, a Panini caprichou em um miolo com papel couchê – ao invés do LWC da fase Totalmente Diferente Nova Marvel – que sem dúvida é de qualidade superior e permite que as cores e definições dos traços ganhem mais beleza.

E as capas cartonadas? Youtubers em geral criticaram, por acreditarem que encarece muito, a ponto de inviabilizar o acesso de uma revista mensal para muita gente. No Instagram, há fãs que também acharam desnecessário, mas até compraram, e há outros que, como eu, elogiaram.

O valor de R$ 9,90 para o material em si parece adequado, sem exagero, com cerca de 60 páginas no formato americano e colorido, papel de alta qualidade e capas encorpadas. Em comparação com outros materiais nas bancas – incluindo os mangás, Turma da Mônica Jovem, Tex e demais edições menores em preto e branco – são, sim, relativamente bem acessíveis.

Claro que não é para todo mundo mas, sendo franco, nunca foi nem nunca será. “Material de entrada”, em geral, são os formatinhos do Mauricio de Souza e da Disney, esses sim na faixa de R$ 5,00 a R$ 6,00. Quadrinhos de heróis são bem mais segmentados e complexos, mas podem ser degustados de outras formas, inclusive digitalmente, em sebos, emprestados, em promoções de encadernados, em bibliotecas, etc.

Há muitos e muitos anos que as mensais Marvel e DC não vendem milhares de edições como na década de 80. O mercado brasileiro é pequeno e, com a avalanche de encadernados de materiais novos e clássicos dividindo o orçamento dos colecionadores, e dezenas de outras ofertas de quadrinhos europeus, nacionais e alternativos – quase tudo, senão tudo, mais caro – acredito que sim, Vingadores #1 é uma opção “de entrada” para uma HQ de super-heróis. Fica difícil comprar muita coisa, é verdade, mas pelo menos os leitores tem opções de acesso e também mais quadrinhos diversificados, muito distante do cenário dos anos 80 ou 90.

Acompanho o trabalho da Panini desde 2001 e, é justo dizer, ela já testou diversos formatos e preços, inclusive um bem parecido com este na sua estreia. Acertando ou errando, vai continuar tentando o que for possível para que ela, em última instância, atinja o maior número possível de consumidores com as melhores margens.

Ressalto isso porque este novo formato parece permitir que ela comercialize as mensais também em outros canais, além das Bancas de Jornal. Há muita estridência na web brasileira, a ponto de xingarem o “departamento comercial incompetente” da editora, mas quem sabe os números concretos, mesmo, é a própria não é?

Belíssima capa variante de Avengers #1 de Esad Ribic

Há ainda um movimento interessante em curso que prega o consumo de material importado ao invés do da Panini como melhor custo x benefício.

Concordo em termos – sou grande fã dos quadrinhos originais e tenho milhares de edições by Marvel Comics – porque há vantagens incomparáveis em alguns quesitos (assunto para outro tópico) mas esse sim é um material muito mais restritivo para o consumidor típico.

Vejamos: será que R$ 9,90 está mesmo caro? É um quadrinho gourmet desnecessário e inacessível?

Façamos as contas: nos EUA há muito tempo cada edição mensal custa US$ 4,00, ou seja, cerca de R$ 14,00 em conversão simples. Nestas novas mensais nacionais, há o equivalente a duas das americanas e, portanto, custaria algo como R$ 28,00 (sem capa cartão nem papel couchê).

Tirando os seus (graves) problemas de comunicação, é compreensível que a Panini tente mirar nos leitores hardcore ao mesmo tempo que diversifique sua distribuição. A opção parece ser simplesmente o cancelamento.

Enfim, quem tem condições financeiras e gosta dos personagens, do Universo Marvel ou de uma boa HQ de super-heróis pode arriscar que a chance de gostar é muito alta.

Nota: 8,0.

Balanço: o Melhor da Marvel Hoje no Brasil -Totalmente Diferente Nova Marvel

A Editora Panini já lançou 14 dos 15 títulos mensais previstos para a nova fase da Marvel Comics no Brasil. Falta apenas Capitão América. Li todos os #1 e a maior parte dos #2 e #3.

Acompanho também as resenhas e reportagens dos principais sites especializados americanos, além de comprar alguns encadernados importados e, portanto, já dá para ter uma boa ideia do que é mais interessante, o que sem dúvida é imperdível e o que pode ser deixado de lado que não fará falta.

Sou leitor regular de quadrinhos de heróis desde 1984. Acompanhei diversas fases da Marvel, DC, Image e outras.
Posso afirmar sem a menor dúvida que o pior momento, ou seja, quando havia uma grande quantidade de revistas de baixa qualidade saindo, foi durante meados da década de 1990. Dos anos 2000 para cá, no geral, há uma grande quantidade de boas e ótimas revistas sendo publicadas. Varia de um ano para o outro, mas a qualidade média, digamos, se mantém.

Estou ciente de que há uma grande polêmica atualmente com o material da All-New, All-Different Marvel. Conheço gente que de fato “largou” a editora. Mas já vi isso acontecer antes – aliás, sempre aconteceu! – por diversas razões (comentarei sobre isso em outro post). Também conheço muita gente nova que passou a consumir recentemente estas revistas. Isso, vale a pena ressaltar, é algo pouco comum e sinaliza uma renovação necessária para a editora e para o mercado em geral.

Mas, vamos lá. Afinal, será que hoje, como se lê por aí, salvo raríssimas exceções, a Marvel publica uma grande quantidade de porcaria?

Segue meu balanço de todas as séries atualmente em publicação no Brasil (ou já confirmadas), com o nome do título original americano e em qual revista está saindo – ou sairá – pela Panini. Agrupei em 4 níveis de qualidade. Espero que sirva de estímulo para os que estão curiosos, mas por lerem tantas críticas negativas, deixam de arriscar. E, todo mundo sabe, quem não arrisca…

1. Nível: TOP
>>>>As IMPERDÍVEIS,
as MELHORES HQs da fase Totalmente Diferente Nova Marvel (sem ordem de preferência). Em suma, são as que entrarão na memória dos fãs e serão sempre citadas:

Bela arte de Russell Dauterman para Thor

1. Thor, de Jason Aaron e Russel Dauterman. Título Panini: Thor (#1 em diante).
2. Doctor Strange, 
por Jason Aaron e Chris Bachalo. Título Panini: Doutor Estranho (#1 em diante).
3. Invincible Iron Man,
de Brian Bendis e David Marquez. Título Panini: Homem de Ferro (#1 em diante).
4. Black Widow, de Mark Waid e Chris Samnee. Título Panini: Viúva Negra – dois encadernados capa cartão.
5. Old Man Logan, por Jeff Lemire e desenhado por Andrea Sorrentino. Título Panini: O Velho Logan (edição #5 em diante).
6. The Ultimates, de Al Ewing e Kenneth Rocafort. Título Panini: Avante Vingadores (a partir do #1).
7. Moon Knight,
de Jeff Lemire e Greg Smallwood. Título Panini: Cavaleiro da Lua – encadernados capa cartão (números #4, #5 e #6).
8. Vision,
de Tom King e Gerardo Walta. Título Panini: Visão – encadernados (#1 e #2).
9. Silver Surfer
de Dan Slott e Michael Allred. Título Panini: Universo Marvel (do #3 em diante, estão saindo em encadernados ao longo de 2020 e 2021).
10. Black Panther, de Ta-Nehisi Coates e Brian Stelfreeze. Título Panini: Pantera Negra – encadernados capa cartão (a partir do #1).

2. Nível: MUITO BOM
>>>HQs ACIMA DA MÉDIA
desta fase. São consistentemente boas e, embora não tenham aquele “algo a mais” do grupo de cima, são leituras com qualidade garantida, tanto de texto quanto de arte.

A nova e polêmica formação da equipe principal de Vingadores, por Alex Ross

1. All-New All-Different Avengers, de Mark Waid, Adam Kubert e Mahmud Asrar. Título Panini: Vingadores (desde o #1).
2. Amazing Spider-Man,
de Dan Slott e Giuseppe Camuncoli. Título Panini: Espetacular Homem-Aranha (#1 em diante).
3. Deadpool,
de Gerry Duggan e Mike Hawthorne. Título Panini: Deadpool (#1 em diante).
4. Ms. Marvel, de G. Willow Wilson e Takeshi Miyazawa. Título Panini: Ms Marvel – encadernados capa cartão e dura (seis encadernados, a partir de #1, “Nada Normal”).
5. Daredevil,
por Charles Soule e Ron Garney. Título Panini: Demolidor – encadernados (#12 ao #16).
6. Extraordinary X-Men, de Jeff Lemire e Humberto Ramos. Título Panini: X-Men (do #1).
7. Spider-Man, por Brian Bendis e Sara Pichelli. Título Panini: Espetacular Homem-Aranha (#1 em diante).

O Homem-Formiga mora em Miami e toca uma empresa de segurança com ex-vilões B

8. Astonishing Ant-Man, de Nick Spencer e Ramon Rosanas. Título Panini: Avante Vingadores (a partir do #2).
9. Captain America: Sam Wilson,
de Nick Spencer e Daniel Acuña. Título Panini: Capitão América (a partir do #1).
10. Captain America: Steve Rogers, de Nick Spencer e Jesus Saiz. Título Panini: Capitão América.
11. Spider-Woman,
de Dennis Hopeless e Jamie Rodriguez. Título Panini: Aranhaverso (a partir do #7).
12. Power Man and Iron Fist, de David Walker e Sanford Greene. Título Panini: Luke Cage e Punho de Ferro – 3 encadernados capa cartão.
13. Uncanny Avengers, de Gerry Duggan e Ryan Stegman. Título Panini: Vingadores (desde o #1).
14. New Avengers, de Al Ewing e Gerardo Sandoval. Título Panini: Vingadores (desde o #1).
15. All-New X-Men, de Dennis Hopeless e Mark Bagley. Título Panini: X-Men (do #1).

A arte cartunesca e vibrante de Stacey Lee

16. Silk, de Robbie Thompson e Stacey Lee. Título Panini: Aranhaverso (a partir do #7).
17. All-New Wolverine (X-23), de Tom Taylor e David Lopez. Título Panini: O Velho Logan (edição #5 em diante).
18. Uncanny X-Men, de Cullen Bunn e Greg Land. Título Panini: X-Men (do #1).
19. Squadron Supreme, de James Robinson e Leonard Kirk. Título Panini: Avante Vingadores (a partir do #1).

Arte de Alex Ross para o Esquadrão Supremo


3. Nível: MEDIANO
>>HQs RAZOÁVEIS,
em que alguns arcos são melhores do que outros, mas no geral têm BOA qualidade, com momentos interessantes. Podem surpreender o leitor, inclusive os veteranos! Tecnicamente falando, não há como dizer que são “um lixo” rsrs. Há quem torça o nariz para alguns, mas curtem outros, e há quem realmente adore. Pessoalmente, gosto de boa parte deste material.

1. Spider-Man & Deadpool, Joe Kelly e Ed McGuiness. Título Panini: Homem-Aranha e Deadpool (do #1 em diante)
2. Guardians of the Galaxy, por Brian Bendis e Valerio Schiti. Título Panini: Guardiões da Galáxia (a partir do #1).
3. Rocket Raccoon and Groot, Skottie Young e Filipe Andrade. Título Panini: Guardiões da Galáxia (a partir do #1).

Página interna antes da colorização do novo Hulk por Frank Cho

4. Totally Awesome Hulk, de Greg Pak e Frank Cho. Título Panini: Avante Vingadores (a partir do #1).
5. Spider Man 2099, de Peter David e Will Sliney. Título Panini: Aranhaverso (a partir do #7).
6. Captain Marvel, por Michele Fazekas/Tara Butters com arte de Kris Anka. Título Panini: Avante Vingadores (#1 em diante).
7. Contest of the Champions, de Al Ewing e Paco Medina. Título Panini: Universo Marvel (a partir do #1).

Inumanos: é bom, mas poderia ser melhor…

8. Uncanny Inhumans por Charles Soule e Steve McNiven. Título Panini: Universo Marvel (a partir do #1).
9. Mercs for Money, de Gerry Duggan e Salva EspinTítulo Panini: Homem-Aranha e Deadpool (do #1 em diante)
10. Spider-Gwen, de Jason Latour e Robbi Rodriguez. Título Panini: Aranhaverso (a partir do #7).
11. Venon Space Knight, de Robbie Thompson e Ariel Olivetti. Título Panini: Universo Marvel (a partir do #1).
12. Web Warriors, de Mike Costa e David Baldeon. Título Panini: Aranhaverso (a partir do #7).

4. Nível: FRACO
>As PIORES HQs
atualmente, realmente ABAIXO DA MÉDIA.

1. Guardians of Infinity, de Dan Abnett e desenhada por Carlo Barberi.  Título Panini: Universo Marvel (do #1 ao #4).
2. Nova, de Sean Ryan e Cory Smith. Título Panini: Universo Marvel (a partir do #1).
3. Drax, de CM Punk e Cullen Bunn, desenhos de Scott Hepburne. Título Panini: Guardiões da Galáxia (a partir do #1).
4. A-Force, por G. Willow Wilson e Jorge Molina. Título Panini: Avante Vingadores (a partir do #1).
5. Punisher, de Becky Cloonan, Steve Dillon e outros. Título Panini: Justiceiro – encadernados capa cartão (dos números #4 a #7 da segunda série).

Bom, é isso.
Se somarmos os dois grupos superiores, há 29 títulos com qualidade acima da média. Volto a dizer: parte desta análise é pessoal, mas em grande parte é, de fato, embasada nas médias de críticas americanas, além da própria popularidade do material em comentários de leitores novos e veteranos. Esse grupo de 29 títulos, de modo geral, são muito bem avaliados. Os outros 17 dos grupos inferiores, não, porque as notas flutuam muito mais e certamente não dá para colocá-los como “qualidade garantida”.

Acredito que existe, neste momento em especial, muito leitor chateado com a substituição de um personagem clássico por outro mais jovem e, ainda por cima, no geral, representante de uma “minoria”. De fato, a Marvel vem promovendo fortemente a diversidade. O problema desse sentimento é que traz – para alguns fãs – uma má vontade em ler as histórias com os “substitutos”. Eu procuro fazer um esforço consciente em me abrir para “o novo”, até porque leitores veteranos como eu não precisam se incomodar com a aposentadoria (ou mesmo com a morte rsrs) de um grande herói, porque mais cedo ou mais tarde eles sempre voltam. SEMPRE!!

Acho louvável a iniciativa de Marvel em promover uma ampla renovação de personagens, que oxigena seu universo e permite o surgimento de novos ícones. Talvez precise fazer um “ajuste” para balancear seus quadros – e parece que fará isso a partir de Generations -, mas por enquanto vale a pena aproveitar a viagem.

Obrigado pela atenção!

Resenha de Guerras Secretas X-Men #2 – Panini Comics

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A segunda edição de aventuras dos X-Men no Mundo Bélico de Destino apresenta mais ou menos uma continuação da saga Dinastia M (House of M de 2004), onde a Feiticeira Escarlate altera a realidade e subverte o padrão: aqui os mutantes são a espécie dominante e os humanos, a espécie discriminada.

. Volume de Spoilers: praticamente nenhum.

Como nos outros exemplos de tie-ins de Guerras Secretas, esta é uma versão da realidade da Dinastia M, com alguns personagens que não apareciam na série original, como Wiccano e Célere, os filhos da Feiticeira, enquanto outros ganham destaque, como Gata Negra, Gavião Arqueiro e, sobretudo, Namor.

Bom, de todas as revistas publicadas até agora, achei esta a mais fraca. O roteiro é permeado de clichês, com alguns furos absurdos (há um personagem “nas sombras” que serve de “ameaça/companhia” a Magneto e que, depois de revelado, simplesmente desaparece do resto da história), personagens sem nenhum carisma, frases de efeito estridentes e, no geral, sem sentido e completamente out of character.

Basicamente, um enfadado Rei Magneto é o Barão deste Domínio e, com sua família e uma SHIELD repleta de mutantes às suas ordens, tem que enfrentar a resistência humana e um Golpe de Estado. As reviravoltas são baseadas em recursos verdadeiramente “tirados da cartola”, as batalhas, mal ajambradas e com resultados ilógicos e o final, bem, não é muito esperado mas está de acordo com o tom descompromissado de toda a revista.

Cullen Bunn e Dennis Hopeless são os co-autores e, honestamente, podem fazer muito melhor do que isto. A impressão é que escreveram tudo em um final de semana para cumprir tabela, sem o menor esforço criativo.

As duas primeiras partes são desenhadas por Marco Faila, dono de um traço limpo que não compromete, e as duas partes seguintes tem uma arte ligeiramente diferente, de Ario Anindito, com mais hachuras e personagens com mais expressividade. Contudo, de toda a arte desta revista, o que mais gostei foram das capas de um sempre elegante Kris Anka.

Se você só quer ler as melhores histórias de Guerras Secretas, pode pular esta sem pensar duas vezes. Mas, se você é fã dos X-Men ou da realidade de Dinastia M em particular, pode querer matar a curiosidade e gastar uns minutos com esta edição, desde que com baixas expectativas.

Nota 3,5.

Resenha de Guerras Secretas #3 – Panini Comics

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A capa de Alex Ross da terceira parte de Guerras Secretas resume bem a ênfase da história: os heróis remanescentes dos universos originais de um lado e os vilões, do outro. Ao centro, em destaque, os dois Reed Richards, o heroico do universo principal e o vilanesco do universo ultimate.

. Volume de Spoilers: poucos, para explicar a situação do enredo.

Ao contrário do capítulo anterior, repleto de batalhas, este apresenta momentos mais quietos e íntimos, mas também com várias revelações. Dr. Estranho é o protagonista, contracenando com Destino, a Tropa Thor e com os heróis sobreviventes. Sua reação ao inesperado encontro é serena, com um desenvolvimento bastante lógico e que cria diversas possibilidades para as próximas edições.

Susan Storm também ganha uma boa cena, ao lado de Destino, em que é revelado o que aconteceu com seu irmão Johnny – o Tocha Humana e, de quebra, o argumentista Jonathan Hickman adiciona um novo enigma ao revelar o rosto por trás da máscara de ferro de Victor Von Doom.

Finalmente, o autor cria um epílogo emocionante, envolvendo Thanos e sua Cabala. A vontade de ler a sequência é totalmente garantida.

Mais uma vez, o desenhista Esad Ribic e o colorista Ive Svorcina brilham a cada página. Certamente é uma dupla valiosíssima para a Marvel, indispensável na produção de uma série de qualidade muito superior à maioria das sagas do tipo “evento” anteriores.

Além das tradicionais capas alternativas, a Panini acrescentou uma pequena história de 10 páginas retirada da revista Secret Wars Journal #1, com texto de Matthew Rosenberg e ilustrações de Luca Pizzari, em que os X-Men de uma realidade alternativa com os personagens em estilo “egípcio” enfrentando uma ameaça mística. História bem desenvolvida e desenhada, com um final matador.

Nota 8,5.

Resenha de O Velho Logan #1 – Panini Comics

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Aproveitando que Guerras Secretas proporcionou à Marvel revisitar diversas realidades alternativas criadas ao longo dos anos, agora como parte de seu Mundo Bélico, finalmente temos a oportunidade de ver uma continuação do clássico moderno “O Velho Logan”, que a dupla Mark Millar e Steve McNiven lançou em 2008/2009 nos USA e aqui no Brasil saiu na revista mensal do Wolverine, em 2010, e posteriormente em encadernados da Panini e da Salvat.

. Volume de Spoilers: zero.

Quem ficou com a responsabilidade desta continuação foi Brian Michael Bendis, um dos mais polêmicos autores da atualidade, mas também um dos mais populares e bem-sucedidos; e o artista Andrea Sorrentino, italiano que ficou conhecido por trabalhos na DC mas que, atualmente, tem um contrato de exclusividade com a Marvel.

A Panini optou por publicar O Velho Logan – Guerras Secretas em 5 capítulos mensais, ao contrário das outras histórias interligadas (tie-ins) da megasaga, que sairão em edições únicas contendo histórias fechadas, como dos X-Men e dos Guardiões da Galáxia.

Esta nova história começa com o mesmo status quo do final de “O Velho Logan” original, mas agora dentro do Mundo Bélico. Há alguns elementos importantes de Guerras Secretas (a minissérie principal) presentes nesta primeira edição mas, aparentemente, esta parece ser uma aventura solo do Wolverine mesmo.

Bendis acrescenta vários personagens interessantes ao cenário pós-heróis deste Domínio (como cada realidade é chamada no Mundo Bélico). Uma dessas personagens, em especial, creio que faz aqui sua primeira aparição “na versão adulta” (como sempre, evito spoilers ao máximo). Eu gostei muito da ideia e espero que ela continue aparecendo até o final desta minissérie.

A história começa com uma violenta batalha, belissimamente ilustrada por Sorrentino que é, talvez, o destaque desta HQ. Com um estilo similar ao de Jae Lee, com muita referência fotográfica, mas com uma intrigante e enérgica composição, o artista consegue capturar o mesmo clima da série original, isto é, um “velho oeste pós-apocalíptico”, mesmo com um estilo tão diferente de Steve McNiven. O trabalho de cores também precisa ser destacado. Sem as escolhas de Marcelo Maiolo, esta revista teria muito menos impacto visual.

Com uma história cheia de ação, personagens intrigantes, um mistério bizarro e uma arte arrebatadora, O Velho Logan – Guerras Secretas começou surpreendentemente bem. Vamos acompanhar seu desenvolvimento. De quebra, a Panini encaixou uma historieta (descartável) apresentando inúmeras versões do Wolverine de autoria de Ivan Brandon e Aaron Conley. Vale a pena conferir a arte de McNiven na quarta capa da revista e a hilária capa variante do Skottie Young no miolo.

Nota: 8,5.

Guerras Secretas enfim no Brasil!

Finalmente, o tão aguardado e às vezes temido evento que mexeu com todos os heróis, vilões, planetas e realidades da Marvel começou a ser publicado em nosso país.

A Panini do Brasil preparou um bom pacote de revistas, mas sabe-se que não sairão todas as produções originais americanas, isto é, claro que a série central e os principais tie-ins (interligações), como dos X-Men e do Homem-Aranha terão sua vez, mas muita coisa ficará de fora. Nos EUA, a maior parte foi publicada em formato de minisséries, e aqui não será diferente, mas deve abarcar cerca de 70% do total original.

Particularmente, acho uma pena, porque o leitor brasileiro merecia ter a chance de escolher… há sempre personagens menos populares com sua parcela de fãs, ou mesmo boas histórias com esses heróis que poderiam ser curtidas por leitores exigentes ou curiosos.

O mais estranho é que no caso da DC, a Panini publicou na íntegra os Novos 52 cinco anos atrás, e até Convergence (pelo que ouvi dizer, mas posso estar errado), de agora há pouco. A justificativa poderia ser a “crise econômica”, mas desse jeito fica parecendo mesmo baixa força de vontade.

Em todo caso, para celebrar a chegada desse grande Evento Marvel, decidi retomar os reviews do Blog e vou comentar TODAS as revistas brasileiras.

No próximo post já começo com a edição #1 da série principal.

Lido: Marvel Knights 4 – Jogados aos Lobos

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. Volume de Spoilers: Poucos, só para contextualizar…

Foi uma grata surpresa a chegada deste Encadernado do Quarteto Fantástico. Antes da resenha, contudo, valem duas ressalvas: a primeira é que trata-se de uma republicação e a segunda é que, se você não suporta histórias centradas nestes personagens e com praticamente zero de ação, melhor ignorar este Especial. Isto posto, vamos lá!

No final de 2003, a Marvel anunciava o lançamento de uma revista com o Quarteto Fantástico do Universo Ultimate (escrita pela dupla de peso Brian Bendis e Mark Millar), enquanto no Universo Tradicional, trocava a badalada equipe criativa da revista regular – escrita por Mark Waid e desenhada pelo já falecido Mike Wieringo – pelos novatos Roberto Aguirre-Sacasa e Steve McNiven.

Contudo, como a reação dos fãs foi extremamente negativa, o então Editor-Chefe Joe Quesada voltou atrás (!) e decidiu recontratar a dupla Waid-Wieringo para o título tradicional. A essa altura, no entanto, a “nova-velha” dupla Sacasa-McNiven já havia produzido material e, para não desperdiçar essas histórias e romper o contrato, a editora apostou em uma terceira revista mensal estrelada pelo Quarteto.

Nasceu, assim, a “4” (Four) que, por ter um enfoque diferenciado, distante do atribulado universo regular e suas grandes sagas interligadas, saiu sob o selo Marvel Knights, na época utilizado em títulos com maiores liberdades criativas e histórias fechadas, ou “independentes”.

Sobre esta edição, chamada “Jogados aos Lobos” e que compila as 7 primeiras revistas da série, acompanhamos o Quarteto em uma situação completamente atípica: enganados por um contador inescrupuloso, a equipe se vê, de um dia para o outro, completamente falida. Sem recursos, precisam abandonar o icônico Edifício Baxter e procurar empregos para pagar aluguel, cama e comida!

O autor consegue, ao longo das 4 primeiras histórias, explicar com certa coerência as razões que levaram a esse momento delicado, mas centra foco – acertadamente – nas relações entre os membros da família, desenvolvendo brilhantemente as personalidades de cada herói, especialmente Sue Storm, por sinal belissimamente ilustrada por McNiven. Em seu traço, a Mulher Invisível ganha confiança, jovialidade, elegância e sensualidade (sim, isso tudo!). Além dela, vemos momentos interessantes com todos os membros da “família fundadora” (um dos apelidos da equipe, por ter sido o primeiro título da Era Marvel), em diálogos ponderados e sem excessos. Não há batalhas com super-vilões mas, acredite, eles não fazem a menor falta.

As 3 histórias que fecham o encadernado, contudo, apresentam uma situação que clama por uma atuação mais heróica dos personagens, com inimigos que transitam dentro do habitual da equipe, mas ainda assim de um modo completamente inovador e até cômico.

A leitura desta edição é fluida, agradável, sempre com situações interessantes. A arte é quase sempre muito bonita e, graças ao papel couchê, finalmente ganha o brilho das cores e detalhes que merece, ao contrário da primeira vez em que foi publicada, na finada revista Marvel Apresenta (em 2005).

O título Marvel Knights: 4 teve uma boa duração nos EUA, gerando 30 edições entre abril de 2004 a agosto de 2006, todas escritas por Roberto Aguirre-Sacasa, até então um promissor autor de peças de teatro mas inexperiente com HQs. Pelo trabalho, ganhou um prêmio Harvey por “Melhor Novo Talento”. Posteriormente, ele ainda escreveria uma revista solo do mutante Noturno (inédita no Brasil), várias aventuras do Homem-Aranha e uma adaptação para os quadrinhos dos romances The Stand de Stephen King. Na Televisão, escreveu capítulos e foi co-produtor das séries Glee e Big Love.

Já a carreira do desenhista Steve McNiven deslanchou dentro da Marvel, especialmente depois da clássica saga Guerra Civil (2006-2007). Fez Vingadores, Capitão América, Wolverine e, atualmente, está com os Guardiões da Galáxia.
Fica a expectativa para os próximos volumes. A Panini já programou para este mês a sequência. A maior parte destas HQs ainda são inéditas. Vamos ver se, desta vez, os leitores brasileiros conseguirão ler a íntegra de Marvel Knights: 4.

Nota Final: 8,0.

Revista Grandes Heróis Marvel da Panini

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Lançamento da PANINI com heróis populares e preço menor

Quando ouvi pela primeira vez a notícia de que a Panini iria reeditar um dos títulos mais famosos e bem sucedidos da época em que a Editora Abril cuidava dos heróis Marvel, minha primeira reação foi: “Caramba, demorou!”. Afinal, foi nessa revista que tive a oportunidade de ler algumas das melhores hqs de heróis até então. Eu e uma geração inteira de fãs brasileiros.

Como era trimestral, a espera aumentava a ansiosidade dos leitores e permitia à editora encaixar finais de Sagas ou Minisséries inteiras. No geral, cada edição focava em um grupo ou herói diferente e a história não gerava continuação, isto é, terminava ali mesmo e assim a gente só comprava as revistas que realmente nos interessavam.
A estratégia foi muito bem-sucedida, porque os leitores comentavam sempre sobre esse título nas seções de cartas e uma “aura” surgiu sobre a alta qualidade das histórias que saíam no título.

A primeira série durou muito tempo, de 1983 a 1999 e produziu 66 edições, mas fato é que em seus últimos anos ela estava muito menos impactante, parte também por conta da baixa qualidade geral dos Comics do período. Posteriormente, entre 2000 e 2001 a Abril ainda publicou outras duas séries com o mesmo título, mas completamente diferentes em termos editoriais e duraram pouco tempo. Mas e agora, nesta nova encarnação da Panini?

Na prática a nova revista Grandes Heróis Marvel tem pouca coisa em comum com a versão clássica: é mensal, as histórias seguirão independentes dos demais títulos mas ao mesmo tempo terão continuidade, isto é, não são edições fechadas e, portanto, para ler a história completa será necessário comprar 2 ou mais números.
Apesar do nome talvez ser “inadequado”, frente ao seu histórico, a proposta da Panini agrada.

Os dois pontos fortes certamente são: 1 – heróis populares e 2 – preço.

Na edição de estréia, temos Wolverine e Homem-Aranha, provavelmente os dois personagens mais populares da editora hoje em dia, em uma aventura totalmente desvinculada da cronologia.
Assim, atende a uma das queixas mais comuns de inúmeros leitores sobre a dificuldade de acompanhar as revistas tradicionais devido às complexas cronologias que os personagens trazem. É claro que a editora pode mudar essa tática a partir dos próximos arcos, mas existem muitas opções disponíveis com premissas similares.

A questão do preço precisa no entanto de algumas ressalvas: R$ 5,50 por 50 pgs pode parecer caro, mas é com papel especial, ao contrário dos títulos regulares da editora que custam R$ 6,90 com 30 pgs a mais.
Na verdade, enquanto na revista solo do Wolverine ou do Homem-Aranha, por exemplo, a editora publica 3 histórias, nesta são apenas duas. Mas compensa.

A escolha deste primeiro arco – que vai durar até a edição #3 – é acertada por várias razões: a dupla criativa é formada pelo badalado Jason Aaron, que fez algumas das melhores histórias do Wolverine da última década e é o responsável pela cultuada Scalped da Vertigo, e pelo desenhista veterano Adam Kubert que, apesar de ter trabalhado para a Marvel por muitos anos, teve poucas oportunidades de desenhar o Aranha, e ao mesmo tempo comporta em seu currículo uma memorável passagem pelo título do Wolverine nos anos 90 extremamente popular.

Outra razão para investir neste número #1 é que a história de fato é divertida, despretensiosa, mesmo envolvendo viagens no tempo e fim do mundo. Aranha e Wolverine tem momentos no presente, no tempo dos dinossauros (com direito a tribos de humanos!) e no futuro pós-apocalíptico. A confusão começa com o obscuro vilão Orbe e jóias místicas (ou cósmicas?). Não há muita ação nesta primeira parte, e as razões da confusão no tempo ainda não foram explicadas, mas fica a vontade de ler a próxima edição exatamente porque a história é bem contada e os mistérios, intrigantes. Termina com a revelação de que, aparentemente, um dos grandes vilões do Universo Marvel está envolvido.

Esta aventura foi publicada como uma minissérie bimestral e vendeu apenas razoavelmente nos EUA: cerca de 57 mil unidades do #1, caindo a cada edição (processo padrão no mercado) e terminando com 27 mil unidades pedidas nas comic shops. Foi a partir deste título, cujo nome original é Astonishing Spider Man e Wolverine, que a Marvel passou a utilizar o termo “Astonishing” com aventuras produzidas por equipes top e fora da cronologia atual. Lá já saíram edições do Thor com esse mesmo enfoque.