Revista Vertigo da Panini: está valendo a pena?

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. Volume de Spoilers: Poucos, nada comprometedor.

Em outubro de 2009 a editora Panini lançou uma nova e diferenciada publicação mensal, a revista VERTIGO, especializada em materiais editados pela DC Comics em seu selo adulto de mesmo nome. Esse lançamento só foi possível após a desistência da editora Pixel que, até então, detinha os direitos de publicação no Brasil da Vertigo e também das linhas Wildstorm e America´s Best Comics.

A finada Pixel Magazine era a publicação mensal onde se encontrava uma boa parte do catálogo que agora está à disposição dos leitores nesta nova revista da Panini. O resto geralmente saía no formato de Encadernados, e alguma coisa em Minisséries. Bem, mas como anda a Vertigo? Até o momento, já foram comercializadas 4 edições, mas meu comentário se limita às 3 primeiras. O mix original, isto é, o conjunto de títulos escolhidos pela Panini para rechear a revista nestas primeiras edições, é composto por 5 títulos americanos:

1. Hellblazer – este é o nome da revista do John Constantine, o famoso detetive do sobrenatural criado por Alan Moore nos anos 80. É um personagem razoavelmente conhecido do grande público por conta do filme estrelado por Keanu Reeves. Uma curiosidade: é o título do selo Vertigo mais antigo e bem-sucedido, com mais de 200 edições mensais até o momento. Em Vertigo #1 e #2 temos um pequeno arco de duas partes e na #3 começa um arco em 4 partes, todos escritos pelo já veterano Mike Carey (que também escreve títulos dos X-Men para a Marvel) em 2002. As histórias são boas, mantendo a tradição no estilo Constatine-de-ser, trazem uma pequena dose de mistério e uma enorme de “rabugisse” que o leitor espera e geram alguma curiosidade na sequência. Não estão em um nível clássico como de fases anteriores, mas mantém uma qualidade bacana, também em termos de arte (Steve Dillon e Marcelo Frusin que, a propósito, foi trocado na Capa). Nota 6,0.

2. A Tessalíada – minissérie escrita por Bill Willingham (cuja obra-prima é a série Fábulas, também da Vertigo) e desenhada por Shawn McManus em 2002, é estrelada por uma espécie de super-bruxa e vem do universo do Sandman. Nesta história ela enfrenta uma série de ameaças proporcionadas por um conjunto secreto de entidades místicas. Não gostei da personagem e a trama é apenas OK, com clichês demais, criados dentro da própria Vertigo, por sinal. Há uma ou outra sacadinha curiosa, mas é leitura rasteira e a arte do McManus já foi melhor. Nota 4,0.

3. Vikings – estava ansioso por esta história, porque o título é razoavelmente badalado nos EUA desde sua estreia ainda recente, em 2008. Bem, este primeiro arco por enquanto é apenas passável, nada de muito interessante. A leitura é meteórica e trata do retorno de Sven, uma espécie de príncipe, à sua antiga vila nórdica, após um período de exploração em outras paragens. Lógico que vai enfrentar um parente – neste caso, um tio malvado – para retomar o que é seu. A atração é a paisagem e uma ou outra referência à cultura Viking, mas o autor Brian Wood poderia ter caprichado mais. Como está, fica parecendo um Conan de segunda linha. Há algumas boas batalhas, e só. Desenho abaixo da média. Nota 5,0.

4. Escalpo – outro título badalado lá fora, mas desta vez, parece, com razão. Jason Aaron e R. M. Guéra apresentam um universo quase inédito nos quadrinhos e até mesmo em outras mídias: a pobreza, corrupção e ignorância que domina algumas comunidades indígenas americanas atualmente. O protagonista é um personagem cativante em sua brutalidade – o jovem índio e agente secreto Cavalo Ruim – e o roteiro até o momento tem trazido boas reviravoltas e ação; e os diálogos, precisos e contundentes. Ótima leitura e, assim como em Vikings, a Panini está editando o começo da série, esta iniciada em 2007 e até hoje em circulação lá nos EUA. Nota 8,0.

5. Lugar Nenhum – minissérie escrita por Mike Carey dentro do universo criado por Neil Gaiman. Não conhecia, e gostei. Pelo menos é criativa e curiosa. Tem ecos de Alice no País das Maravilhas, traz aquele ambiente “carregado” e quase mítico de Londres. Só o personagem “normal” que é meio chatinho, não espero nada demais dele, mas os freaks são bem bacanas e diferentes. Com certeza é um dos destaques da Vertigo até o momento e termina na edição #4. Os desenhos são do competentíssimo Glenn Fabry e foi originalmente publicada em 2005. Nota 8,0.

Nota Final: 6,5.

Enfim, embora até o momento os destaques mesmo sejam apenas Escalpo e Lugar Nenhum, vou continuar comprando e curtindo a Vertigo porque sei que ainda tem muita coisa de qualidade pra sair, com ótimos autores. Alguns títulos a Panini não deve colocar aqui porque já anunciou que sairão em Encadernados, mas não há muita dificuldade em encontrar boas pedidas para rechear a revistas, até porque tem um período de tempo bem amplo de onde ela pode selecionar material, visto que, apesar da fama do Selo Vertigo, os brasileiros nunca tiveram um contato perene com a maior parte do seu catálogo.

Clássicos da Marvel, uma lista.

Apenas uma lista – obviamente não é definitiva – com um conjunto de grandes histórias em quadrinhos publicadas pela Marvel. Sem comentários profundos – reviews detalhados poderão ser feitos ao longo do tempo…. enfim, como disse, apenas uma lista. Se servir de ajuda a algum novo leitor ou fã do Universo Marvel já valeu a pena!

Graphic Novels (Álbuns de Luxo):
1. A Morte do Capitão Marvel – de Jim Starlim
2. Triunfo & Tormento, estrelando Dr. Estranho e Dr. Destino – de Roger Stern e Mike Mignola
3. Demolidor de Frank Miller e Bill Sienkiewickz
4. X-Men Deus Ama, o Homem Mata de Claremont e Brent Anderson
5. Surfista Prateado de Stan Lee e Moebius
6. The Last Avengers Story – Peter David
7. Mulher-Hulk – John Byrne

Mini-Séries (também publicadas na forma de Encadernados):
8. Elektra Assassina – Frank Miller e Bill Sienkiewickz
9. Wolverine – Claremont e Frank Miller
10. Guerra Civil – Mark Millar e Steve McNiven
11. Aniquilação – Giffen e Andrea DeVitto
12. Desafio Infinito – Jim Starlim, George Perez e Rom Lim
13. Justiceiro – Steve Grant e Mike Zeck
14. Marvels – Kurt Busiek e Alex Ross
15. Terra X – Alex Ross, Jim Krueger
16. Demolidor o Homem sem Medo – Frank Miller e John Romita Jr.
17. Eternos – Neil Gaiman e John Romita Jr.
18. Inumanos – Paul Jenkins e Jae Lee
19. Marvel Boy – Grant Morrison
20. The Sentry – Paul Jenkins e Jae Lee
21. Os Illuminatti – Brian Bendis e Jim Cheung
22. Squadron Supreme (1984) – Mark Gruenwald e Paul Ryan

Fases (algumas foram posteriormente encadernadas):
23. Alias – Brian Bendis e Michael Gaydos
24. Capitão América – Roger Stern e John Byrne (esta saiu encadernada e comentei aqui no Blog)
25. Capitão América – JM DeMatteis e Mike Zeck
26. Capitão América – Mark Gruenwald (com Paul Neary e outros)
27. Capitão América – Mark Waid e Ron Garney
28. Capitão América – Ed Brubaker e Steve Epting
29. Capitão Marvel – Jim Starlim
30. Capitão Marvel – Peter David e ChrisCross (Genis-Vell)
31. Cavaleiro da Lua – Doug Moench e Bill Sienkiewicz
32. Conan (nas revistas comuns) – Roy Thomas e Barry Windsor Smith
33. Conan (na revista A Espada Selvagem) – Roy Thomas e John Buscema
34. Defensores – Steve Englehart e Sal Buscema
35. Deadpool – Joe Kelly
36. Demolidor – Frank Miller e David Mazzuchelli (ou “A Queda de Murdock“)
37. Demolidor – Brian Bendis e Alex Maleev
38. Demolidor – Frank Miller e Klaus Janson
39. Demolidor – Ann Nocenti e John Romita Jr.
40. Demolidor – Ed Brubaker e Michael Lark
41. Doutor Estranho – Stan Lee e Steve Ditko
42. Doutor Estranho – Roger Stern e Marshall Rogers
43. Doutor Estranho – Steve Gerber e Frank Brunner
44. Fugitivos – Brian K Vaughan e Adrian Alphona
45. Guardiões da Galáxia – Jim Valentino
46. Homem-Aranha – Roger Stern e John Romita Jr.
47. Homem-Aranha – David Michelinie e Todd Mc Farlane
48. Homem-Aranha – Tom de Falco e Ron Frenz
49. Homem-Aranha – Stan Lee, Steve Ditko e John Romita
50. Homem-Aranha Millenium – Brian Bendis e Mark Bagley
51. Homem-de-Ferro – David Michelinie e Bob Layton (com JRJr. e Mark Bagley)
52. Howard o Pato – Steve Gerber
53. Hulk – Peter David e Todd Mc Farlane (OBS: também já comentei sobre o começo aqui no BLOG)
54. Hulk “Professor”– Peter David, com Gary Frank, Dale Kweon e outros
55. Hulk – Roy Thomas e Herb Trimpe
56. Hulk – Bill Mantlo e Sal Buscema
57. Hulk – John Byrne
58. Justiceiro – Mike Baron
59. Justiceiro – Garth Ennis
60. Mestre do Kung Fu – Doug Moench (com Paul Gulacy, Mike Zeck e Gene Day)
61. Micronautas – Bill Mantlo e Michael Golden
62. Nick Fury – de Jim Steranko
63. Novos Guerreiros – Fabian Nicieza e Mark Bagley
64. Novos Mutantes – Chris Claremont com Bob McLeod, Sal Buscema e Bill Sienkiewickz
65. Nova Onda – Warren Ellis e Stuart Immonem
66. Pantera Negra – Christopher Priest
67. Poder Supremo/Esquadrão Supremo – JM Straszinsky e Gary Frank
68. Punho de Ferro – Claremont e Byrne
69. Punho de Ferro – Matt Fraction/Ed Brubaker e David Aja
70. Quarteto Fantástico – John Byrne
71. Quarteto Fantástico – Stan Lee e Jack Kirby
72. Quarteto Fantástico – Walt Simonson
73. Quarteto Fantástico – Mark Waid e Mike Wieringo
74. Rom – Bill Mantlo e Sal Buscema
75. Surfista Prateado – Stan Lee e John Buscema
76. Surfista Prateado – Jim Starlim e Rom Lim
77. Os Supremos – Mark Millar e Bryan Hitch
78. Thor – Walt Simonson (com Sal Buscema)
79. Thor – Stan Lee e Jack Kirby (inclui “Contos de Asgard”)
80. Thor – Dan Jurgens
81. Thunderbolts – Kurt Busiek, Fabian Nicieza e Mark Bagley
82. Thunderbolts – Warren Ellis e Mike Deodato
83. Tropa Alfa – John Byrne
84. Vingadores – Kurt Busiek e George Perez
85. Vingadores – Jim Shooter (inclui “A Saga de Korvac”)
86. Vingadores – Roy Thomas (inclui “A Guerra Kree-Skrull”)
87. Vingadores – Roger Stern
88. Vingadores – Stan Lee (com Jack Kirby e Don Heck)
89. X-Factor – Peter David e Larry Stroman
90. X-Factor – Louise Simonson
91. X-Factor – Peter David (Madrox)
92. X-Force/X-Táticos – Peter Milligan e Mike Allred
93. X-Men – Roy Thomas e Neal Adams
94. X-Men – Chris Claremont e John Byrne
95. X-Men – Chris Claremont, John Romita Jr., Paul Smith, Dave Cockrum
96. X-Men – Claremont, Marc Silvestri e Jim Lee
97. X-Men – Stan Lee e Jack Kirby
98. X-Men – Grant Morrison
99. Surpreendentes X-Men – Joss Whedon e Cassaday
100. Wolverine – Madripoor Claremont/David/Buscema
101. Warlock – Jim Starlim
102. Wolverine – Larry Hama e Marc Silvestri
103. Novos Vingadores – Brian Bendis
104. Hulk – Greg Pak (Planeta Hulk e Guerra Mundial)
105. Guardiões da Galáxia – Dan Abnett e Andy Lanning
106. Hercules – Fred Van Lente e Greg Pak
107. Agentes da Atlas – Jeff Parker
108. Dreadstar – Jim Starlim (selo Epic)
109. Criminal – Ed Brubaker (selo Icon)
110. Powers – Bendis e Avon Oeming (selo Icon)
112. Thor – JMS e Olivier Coipel

Bom, vou “me permitir” editar este post caso acrescente mais alguma coisa que minha memória esteja falhando… abraços.

Rapidão: Quadrinhos que andei lendo (Parte 2)

Mais alguns dos últimos lidos:

Crise Final #1: Hmmm… confusinha hein? Sei não… a princípio… média. Vamos aguardar o capítulo seguinte da mega-saga do ano da Panini/DC.
Invasão Secreta Especial #1: História mediana de parte do Quarteto Fantástico enfrentando Skrulls… desenhos muitos bons do Barry Kitson.
Tempestade Cerebral #4: É uma publicação independente brasileira, da editora MIR. Bem irregular, esta é uma edição especial, com mais páginas e 8 capas. Há 10 histórias, cada uma com um personagem diferente. Gostei da VELTA e do PULSAR. O resto é ainda bem amador e muito “inspirado” em personagens mais populares. Mas vale a iniciativa, o papel é bom e pode melhorar.
Marvel Apresenta #41 (Nova): Excelente saga espacial, repleta de boas sacadas e muita ação, faz parte de “Aniquilação 2” e, portanto, tem muita Falange aparecendo… o melhor é ver que a Marvel acertou com o NOVA, um bom personagem dos anos 70 (criado por Marv Wolfman) mas que ficou meio engavetado por muitos anos. Vale a pena conferir.
Guy Gardner o Pacificador: nossa, nem a presença do G´nort salvou esta história equivocada… não percam tempo!
X-Men Extra #88: A edição de Abril ficou engavetada até pouco tempo atrás… bem, teve a Estréia “morna” da série do Cable; também da X-Force, com uma história bacana mas com um desenho absurdamente prejudicado pelo papel brasileiro que a Panini usa, paciência, e uma terceira estréia com os Exilados em nova série. Bons desenhos mas roteiro clichezístico do Chris Claremont. Ele volta na 4ª história, com os Genext, fraquinhos… esta revista continua irregular demais. Vou ficar mais uns meses sem comprá-la.
Wednesday Comics #1: fantástica iniciativa da DC e muito interessante o material, especialmente em termos de arte. Vou tentar comentá-la mais detalhadamente depois.

Rapidão: Quadrinhos que andei lendo (Parte 1)

Feriados e finais de semana são sempre ótimas oportunidades para descansar, passear, ver os amigos e, lógico, ler bastante.

Em termos de HQs consegui “finalizar” várias revistas nas últimas duas semanas. Menos do que gostaria, claro, afinal tenho filhos pequenos mas mesmo assim foram dias interessantes. Rápidos comentários de algumas dessas revistas:

Marvel Max #67, 68, 69: Este é um dos meus títulos favoritos da Editora Panini. É quase inacreditável já que tenha durado tanto tempo. Nessas edições, destaco “A Guerra é um Inferno” de Garth Ennis e Howard Chaykin, sobre combatentes aviadores na I Guerra Mundial, excelente; “1985”, de Mark Millar e Tommy Lee Edwards, roteiro interessante e com nostalgia pura para quem cresceu e viveu os 80 com quadrinhos da Marvel e ” Zumbis Marvel” de Robert Kirkman e Sean Philips ainda divertidos. O arco do “Justiceiro e as viúvas” desta vez está mediano, mas ainda uma boa pedida. Material adulto com heróis Marvel em boa fase.

“A História do Universo DC” – é uma revista que jamais imaginei que seria publicada no Brasil, pois é de 1986 e, portanto, sobre uma cronologia que já não existe mais: a da DC no pós-Crise nas Infinitas Terras, redigida pelo próprio Marv Wolfman. Excelente surpresa. Só os desenhos do George Perez já valem a pena. Ainda tem um bônus com a republicação dos pequenos capítulos da atual realidade da DC que já saíram aqui na série “52”. Imperdível.

“Universo Marvel #46 e 47” – As aventuras de Hercules e seu novo amigo Amadeus Cho continuam em bom ritmo; tem os doentios Thunderbolts; o Quarteto Fantástico em boa fase com Mark Millar e Bryan Hitch e o Motoqueiro Fantasma finalmente ganhando histórias de qualidade nas mãos de Jason Aaron. Uma revista geralmente regular que melhorou muito nos últimos anos.

“Marvel Action #27, 28 e 29” – Aqui a estrela ainda é o Demolidor. Nestas edições tivemos histórias menores de sua saga, uma focando o Ben Urich, outra o vilão-que-quer-ser-herói Tarântula Negra e Murdoch perdido com o destino cruel da amada Milla: bom mas não excelente; Cavaleiro da Lua que começou razoável, teve um final de arco bem fraquinho… e a Panini anunciou que vai dar um stop nas hqs do herói, por mim tudo bem; tivemos ainda Justiceiro em aventuras medianas de Matt Fraction e Chaykin; Pantera Negra lutando contra o Terror Negro foi mediano mas o primeiro capítulo contra os Skrulls foi fantástico (novamente por Jason Aaron) e, por fim, a estréia do Hulk-vermelho de Loeb e McGuiness… esquisito. Ao contrário de “Universo Marvel”, “Marvel Action” já foi melhor…

“Vingadores/Invasores #1 e 2” – projeto do Alex Ross pra Marvel, a última parte (12ª) ainda nem saiu nos EUA mas a Panini já está na parte seis por aqui… bem as duas primeiras edições mostraram uma boa história de encontro-luta-desencontro-luta de equipes… nada de muito sensacional, mas bem montado, divertido e com alguns momentos inspirados. Vamos ver se a trama tem fôlego pra sustentar mais 8 partes…

“Fugitivos – Marvel Especial” – é o arco do Terry Moore (eba!) e do Humberto Ramos (eca!). Achei bem legal, despretensioso mas muito divertido, com foco nas caracterizações de alguns dos personagens mais carismáticos da equipe, como a pequena grande mutante Fortona. De quebra, ainda resolveu um “problema” (que não vou contar qualé) que na verdade é o destino de um personagem que nunca fui com a cara… valeu a pena.

“Guias DC Comics – Roteiro e Desenhos” – são dois tijolos lançados pela já finada Opera Graphica onde no volume 1 o lendário Denny O´Neil descreve um curso completo de Roteiro utilizado pela editora DC; e no volume 2 Klaus Janson conta tudo sobre técnicas modernas e clássicas de desenhos em Hq. Já tenho faz algum tempo, e ainda não li tudo, vou aos poucos e por partes, porque é uma obra de consulta, totalmente ilustrada com dicas valiosas para quem quer “aprender a fazer” ou, como no meu caso, a “saber como se faz” comics na atualidade.

Mônica Jovem é Pop!

Um comentário: meu Post sobre a Revista da Turma da Mônica Jovem foi, disparado, o mais visto até agora…

Imaginava algum resultado assim, mas não tão expressivo: é cerca de 7 vezes (até o momento) superior ao Post em 2º lugar de visualizações.

Bem, uma leitora perguntou sobre como era a história, portanto em breve volto aqui para fazer um resumo analisando esse aspecto que, no meu Post original, nem era de fato a intenção “fazer uma resenha”.

Mas como o povo pediu, e não vejo outra razão para manter este BLOG do que informar leitores potenciais de Histórias em Quadrinhos, vou me esforçar para atender às solicitações que estiverem ao meu alcance. Atá logo.

Lido: Wolverine Anual #2 (Editora Panini)

Capa da revista Wolverine Anual 2 da Panini

Capa de Wolverine Anual 2 da Editora Panini

Volume de Spoilers: Poucos, leia sem medo!

Segunda edição “Anual” com o baixinho canadense mais famoso do mundo.
A editora brasileira reuniu 4 revistas diferentes das originais americanas e o resultado é um painel diversificado do anti-herói mutante, que terá um ano agitado pela frente, sobretudo porque estrela um filme ainda no 1º semestre de 2009. A capa é do Michael Turner, custa R$ 13,90, 132 páginas.
No geral, gostei da revista. A fórmula destas edições “anuais” da Panini parece que vem dando certo para publicar histórias com qualidade acima da média mas que, por motivos de espaço, dificilmente sairiam nas edições regulares mensais. Vamos aos detalhes das 4 aventuras:

1. O Homem do Poço.
Escrita por Jason Aaron, um dos mais novos talentos dos quadrinhos autorais trazidos para a Marvel, e desenhada por Howard Chaykin, que é o oposto, por ser um veterano da década de 80 e que está num momento bastante prolífico de sua carreira depois de anos afastado das HQs. Esta é uma história bastante diferente e que, por conta disso, pode desagradar a alguns leitores. Sem estragar muito, vemos Wolverine capturado e sofrendo barbaridades nas mãos de uma organização criminosa secreta, com direito ao surgimento de novos supervilões. A ênfase é em um dos funcionários dessa quadrilha. Gostei de como as coisas se encerram, apesar de alguns clichês do começo da narrativa e desta história ser, no fundo, uma introdução a algum arco futuro – tanto é que ela foi publicada originalmente na revista mensal do personagem (Wolverine #56, Vol. 02, outubro/2007).

2. Incêndio.
De Mike Carey, um dos atuais roteiristas das histórias dos X-Men e ex-Vertigo/DC, e desenhada pelo sempre competente Scott Kolins, é uma daquelas aventuras em que Logan resolve tudo do jeito dele, com a particularidade de envolver uma família em perigo e incêndios florestais. Relações familiares, ecologia, terrorismo, superação… sutilmente o autor resvala em tudo isso sem parecer piegas e conta uma boa aventura. Nos USA foi publicada como uma edição especial (que eles chamam de one shot) chamada Wolverine Special Firebreak, de fevereiro de 2008.

3. Inimigo Público Número Um.
De Daniel Way e Jon Proctor, é a mais fraca, sobretudo por começar bem, intrigante, quase construindo um novo e criativo universo, ambientado no período da Lei Seca nos USA, e ter um final apressado e com desenhos simplórios. Aliás, porque um quadro com a cabeça do Wolverine se repete diversas vezes? Mesmo com referências à saga “Origem”, poderia ter sido bem melhor. Saiu como uma edição da famosa série What If da Marvel (traduzida no Brasil como “O Que Aconteceria Se…”), que atualmente é esporádica, chamada What If Featuring Wolverine, de fevereiro de 2006.

4. A Canção de Morte de J. Patrick Smitt.
Esta saiu de fato em um Annual da Marvel, o #1 de 2007, com texto de Gregg Hurwitz, atualmente um dos roteiristas das HQs do Justiceiro, e desenhada por Marcelo Frusin (artista argentino). História policial, e das boas, com ênfase nos “bandidos”. Apesar da crueldade dos marginais, chegamos a ter pena da história de vida e remorso de um dos criminosos (o tal Patrick do título).

Conclusão.
O maior “senão” de Wolverine Anual #2 com certeza é o preço, que já traz um reajuste provável para os próximos meses. É quase o dobro do valor de uma revista mensal, mas não chega nem perto de ter o dobro de páginas.
Claro que, se você é fã do personagem, deverá comprar por vários motivos: a primeira história faz parte da cronologia e traz uma prelúdio de um novo desafio e talvez de um futuro adversário importante do Logan. Além disso, há um punhado de feitos bizarros do fator de cura do mutante e, no geral, as histórias são bem produzidas, sobretudo os roteiros, mais para o lado “policial” e “aventureiro” e quase nada de climinha “super-heróico” dos X-Men.

Nota: 7,5.
É preciso dizer que gosto do personagem e já fui até um grande fã (início dos anos 90). Li muita coisa dele e, por conta dessa bagagem, posso afirmar com convicção que fazia tempo que não via histórias fechadas, bem contadas e de ângulos diferentes com o Wolvie.

Lido: Maiores Clássicos do Incrível Hulk #1 (Editora Panini)

Capa de The Incredible Hulk 331, a escolhida para ilustrar o encadernado nacional

Capa de The Incredible Hulk 333, a escolhida para ilustrar o encadernado nacional

. Volume de Spoilers: Moderado, com algumas revelações.

A excelente coleção “Os Maiores Clássicos” da Panini Comics continua expandindo seu portifólio e finalmente lança a primeira edição com o ícone Hulk. Uma das dificuldades da editora ao tratar com um personagem com um enorme catálogo e com várias fases memoráveis é exatamente escolher por onde começar.

A opção, com o início da fase do escritor Peter David, é falsamente óbvia. Isso porque, apesar de ser um escritor venerado e com seu nome eternamente associado ao titã Marvel, traz um “problema” para a Panini: ele ficou por quase 13 anos ininterruptos à frente do título. Ou seja, teoricamente a editora levará muitos anos e precisará de muitos volumes para concluir o “conjunto da obra” do autor. Para tanto, é imprescindível que o #1 venda bem (218 pgs, R$ 29,90).

Se conseguir, ótimo, mas fica aqui a primeira ressalva para quem deseja colecionar esta nova série de encadernados. Já para quem nunca leu nada desta Fase, e quer conhecer, fique tranquilo que certamente é uma jornada extremamente recompensadora – ao menos do ponto de vista das histórias, pois a arte várias vezes fica aquém do texto.

 Sobre a edição #1:

Coleciona as histórias originalmente publicadas em The Incredible Hulk # 331 a #339 (1987), que foram as primeiras aventuras escritas pelo genial Peter David. Os desenhos são quase todos de um iniciante Todd McFarlane, sendo uma história apenas desenhada por John Ridgway.
É importante ler os textos introdutórios, onde o próprio David relembra como foi convidado a trabalhar no título e qual era o seu plano original, além de comentários sobre o então desconhecido McFarlane. A Panini também acrescentou uma necessária recapitulação dos eventos anteriores ao início da Fase, essencial para o leitor se situar com relação à cronologia do Universo Marvel, ao status quo do personagem principal e também dos coadjuvantes e vilões.

1. A história inicial envolve os Caça-Hulk originais, comandados pelo agente da SHIELD Clay Quartermain, e sua busca em capturar um novo e cabeludo Hulk, na verdade alter ego do Rick Jones, enquanto Bruce Banner aparentemente está livre da maldição (ele tinha acabado de passar pela fase em que vivia separado do monstro verde) e casou-se recentemente com a antiga paixão Betty Ross. De cara, Peter David já impõe sua marca: diálogos caprichados e caracterizações cuidadosas, e uma boa dose de humor, geralmente do tipo “negro”. Também acrescenta dois coadjuvantes: Ramón, que se diz ex-marido de Betty (!?!), e um esquisito agente funerário, chamado Sterns. A história termina com o surgimento do Hulk Cinza, dono de uma personalidade bem mais articulada e sacana que as versões verdes anteriores. Vale lembrar que, na sua estréia, na HQ de origem de Stan Lee e Jack Kirby, o personagem era também cinza.

2. Na história seguinte, tem-se a resolução do status do Hulk Jones, do ressurgimento do vilão Líder e como se dá a existência do Hulk Cinza. Com isso, David fecha a confusa situação dos protagonistas deixada pelas equipes criativas anteriores e estabelece um novo terreno onde poderá trabalhar seus famosos contos e personagens bizarros, quase sempre com uma enorme carga de emoção e humanidade.

3. É assim que, na 3ª história, temos finalmente o primeiro exemplar genuíno do modus operandi clássico do autor em sua Fase-Hulk: nas primeiras duas páginas, somos apresentados a uma dona-de-casa que apanha constantemente do marido, por acaso o xerife de uma pequena cidade do meio-oeste dos EUA. O envolvimento do Hulk na cidadezinha é um pretexto para trazer à tona a história do casal e encerrar o drama pessoal da dona-de-casa. Material com certeza rico para os diálogos do autor. Ainda apresenta uma interessante explicação para as variantes verde e cinza do anti-herói.

No entanto, até aqui os desenhos de McFarlane ainda são pouco inspirados e, a bem da verdade, com uma série de erros de proporção, falhas de perspectivas e enquadramentos esquisitos e mal-resolvidos. Percebe-se o esforço dos arte-finalistas – todos veteranos – em aprimorar e corrigir o que for possível.

4. É só na história seguinte, com a chegada do arte-finalista Jim Sanders III, que Todd McFarlane começa a ganhar consistência, inclusive melhorando sensivelmente a narrativa. Aqui o Hulk enfrenta uma nova ameaça, o Meia-Vida, enquanto Banner tem que se entender com o ex-marido da Betty, Ramón – aliás um tremendo estereótipo de latin lover pobretão, mas tudo bem. Quem também ganha destaque é o Doutor Sansom, que vinha colaborando com os Caça-Hulk, bem como Rick Jones e Clay Quartermain.

5. Aí então chega “O mal que os homens fazem”, uma história completamente diferente e inovadora do personagem. David dá um tempo em todos os coadjuvantes e traz um conto sobrenatural, misterioso e intrigante, somente com o Hulk Cinza e sua passagem por outro canto perdido do interior da América. Espertamente, os editores chamaram um desenhista diferenciado, John Ridgway, mais apropriado para o tom soturno da HQ e que conta por passagens em Hellblazer (de fato, há um quê de Vertigo aqui).

6. e 7. As duas histórias seguintes são uma mini-saga envolvendo com consistência o grupo mutante X-Factor, aqui em sua primeira formação, ou seja, com os X-Men originais: Ciclope, Jean Grey, Homem de Gelo, etc. Cheia de ação, é uma clássica aventura tipo team-up de heróis, que brigam e depois se aliam, mas com inúmeras consequências para o Hulk e seus antagonistas: uma corrupta SHIELD e seus Caça-Hulk. Finalmente, McFarlane aparece mais solto e começa a produzir imagens mais icônicas dos heróis. Em suma, é uma aventura bem amarrada e divertida.

8. e 9. As últimas duas histórias são ótimos exemplos também da qualidade dos roteiros de Peter David, e de sua criatividade em inventar adversários diferenciados, como Clemência e um garotinho amnésico, este retirado de uma aventura antiga do Homem-Aranha. Novamente, em cada oportunidade o autor apresenta personagens marcantes, apesar de efêmeros, pois são histórias fechadas, curtas, mas contundentes.

Assim termina o primeiro volume da épica participação de Peter David com o Hulk. Que venham os próximos!

Conclusão:
– Encadernado histórico, primeiras HQs do Peter David com o Hulk.
– Arte irregular, não chega a atrapalhar, mas poderia render mais qualidade ao volume.
– Boa pedida para quem gosta de abordagens diferenciadas para personagens clássicos.
– Fãs das HQs dos anos 80, de McFarlane e de Rick Jones deverão curtir.
Nota: 8,0.

Lido: DC Especial #2 – Gavião Negro (Editora Panini)

Capa do 1º encadernado do Gavião Negro

Capa do 1º encadernado do Gavião Negro

. Volume de Spoilers: Poucos, nada que estrague sua leitura.

Esta não é lançamento, e já li há um tempo, mas achei bom resgatar porque parece que as aventuras atuais do Gavião Negro não costumam ter muitos leitores… o que é uma pena, já que são bem bacanas.
Claro, posso estar enganado, já que a Panini não disponibiliza números das vendas, mas ao menos nos fóruns e comunidades brasileiras há pouquíssimas menções a estas histórias, o que serve como um “termômetro”.

A série DC Especial é um título que reúne minisséries ou arcos de personagens que não contam com espaço regular nas revistas “de linha” da DC/Panini, começou a ser editada em 2004 e, numa periodicidade média trimestral, continua a sair nas bancas.

Esta edição foi a de número #2 (junho/2004) e a primeira dedicada ao Gavião Negro. Se não me engano, já saíram mais 3 edições com o personagem até o momento.

Bem, mas esta revista da Panini reúne as 6 primeiras edições da americana Hawkman, originalmente lançadas entre maio e outubro de 2002. Os autores são Geoff Johns e James Robinson – simplesmente 2 roteiristas de enorme prestígio atualmente e importantíssimos para a DC Comics – e o talentoso e (então) desconhecido Rags Morales nos desenhos. (148 pgs, R$ 12,90 – valor original).

Na história de abertura, “Primeiras Impressões”, o protagonista aparece atuando brevemente com seus colegas da Sociedade da Justiça, mas logo a história foca em St. Roch, a cidade imaginária que é escolhida como base pelo arqueólogo e alter ego do herói, Carter Hall, onde o principal elenco de coadjuvantes trabalha no Museu local e onde também a cética e nova Mulher-Gavião se dirige, atraída por informações sobre seu passado. Esta história serve basicamente para estabelecer o clima da série e do conturbado relacionamento entre o casal de heróis alados. O drama central é que a atual encarnação da Mulher-Gavião não se lembra de suas vidas passadas – ao contrário de Carter Hall – que sabe que Kendra Saunders é sua amada “predestinada”. Há bons momentos de tensão trabalhados a partir desta premissa durante várias histórias. O Gavião ainda encara no seu modo tradicional – isto é, violenta e impetuosamente, um vilão local chamado Bloqueio, enquanto Kendra viaja até a Índia.

As 3 histórias seguintes são uma sequência completa da aventura da dupla na Índia, enfrentando um grupo de vilões clássicos do Gavião, incluindo o Ladrão das Sombras, ao mesmo tempo em que surge uma nova ameaça na forma de Homens-Elefantes (estamos na Índia, afinal!) e outras maluquices. A trama começa bem mas tem momentos um pouquinho irregulares. Por sorte, a arte de Morales, as cores e a própria simpatia dos heróis rende um conjunto de boa qualidade.

As duas últimas histórias são uma pequena Saga chamada “Fundas e Arcos”, onde o Arqueiro Verde é, sem dúvida, a maior atração. Divertida, com bons diálogos e bons quebras, fecha bem o encadernado.

Apesar de não ser uma revista impecável, DC Especial #2 vale a pena por conta da própria despretensão das aventuras do herói – construídas em um modelo clássico e linear, com roteiros equilibrados entre ação, caracterização e narrativa; além da própria arte, que combina bastante com as tramas.

É interessante acompanhar a relação entre os dois Gaviões: por um lado, temos um Carter Hall superconfiante e agressivo, por outro uma Kendra Saunders cheia de dúvidas e precisando provar seu valor. Já os vilões não são originais e nem representam grandes ameaças, mas chegam a causar momentos embaraçosos aos heróis.

A Panini caprichou nos extras: um grande e detalhista texto intitulado “Encarnações”, de autoria do próprio Geoff Johns, conta as origens do Gavião Negro, sua parceira e amada Mulher-Gavião, e restabelece toda a confusa cronologia de ambos; há ainda uma galeria das (boas) capas do título e fichas dos personagens principais.

Em resumo:
– Revista acima da média, com textos e artes de qualidade.
– A clássica dupla de heróis alados da DC recomeça com uma cronologia arrumada e explicada.
– Talvez o maior ponto fraco seja a galeria de vilões pouco inspirada e ameaçadora.
– Claro que, se você já gosta dos personagens, mesmo que coadjuvantes da Sociedade da Justiça, precisa dar uma conferida. Talvez em uma próxima “FestComix” ou num bom sebo você encontre esta edição a um preço mais convidativo.
– Um apelo adicional para quem quiser arriscar é que a Panini continua publicando esta série no mesmo formato, ou seja, encadernados dentro da DC Especial.
Nota: 7,5.

Lido: Maiores Clássicos do Capitão América #1 (Editora Panini)

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CAPA

. Volume de Spoilers: Poucos.

Um dos grandes elogios que a Panini merece é, sem dúvida, o esforço em trazer grandes Fases, de personagens da Marvel e da DC, que nunca tiveram um tratamento digno no Brasil.

Atualmente, nós podemos encontrar nas bancas e livrarias coleções fantásticas como a “Biblioteca Histórica”, com as primeiras histórias dos heróis Marvel; vários encadernados reeditando minisséries importantes, como “Guerras Secretas” e “Lendas”; e, sobretudo, a coleção dos “Grandes Clássicos”, que começou com a Marvel mas já estão saindo também os primeiros volumes da DC.
No entanto, um dos maiores heróis de todos os tempos e um dos ícones dos quadrinhos, o Capitão América, ainda estava sem nenhuma edição especial disponível. Agora que – na cronologia contemporânea -, o alter ego mais famoso do herói, Steve Rogers, morreu, a Panini resolveu que era hora de investir em Grandes Clássicos do Capitão, como nesta brilhante (e pouco conhecida no Brasil) Fase da “Era de Bronze” do personagem (R$ 28,90/212 pgs).

Muito pedida por fãs veteranos em fóruns na internet, a curta – porém inesquecível – sequência de histórias da dupla de amigos Roger Stern e John Byrne (mais o belíssimo nanquim de Joe Rubinstein) apareceu nas edições originais da revista americana Captain America #247 a #255 (julho de 1980 a março de 1981).

Neste volume #1, portanto, estão todas as 9 clássicas histórias da dupla de autores, desta vez com todas as páginas, no tamanho original, com textos completos e uma nova e melhorada tradução (já tinham sido publicadas em formatinho da Editora Abril). A Panini ainda acrescentou, como é de praxe neste tipo de material, as capas originais, entrevistas com os autores (duas com o Roger Stern, na verdade) e uma inédita sequência sem texto, somente arte de John Byrne, da que seria a 10ª edição da série, mas que infelizmente foi cancelada por motivos não muito claros e a equipe criativa, portanto, não chegou a conclui-la.
Aqui o leitor acompanha o Capitão e sua vida dupla com diversas “novidades”: Steve Rogers fazendo trabalhos free-lance como desenhista publicitário, morando em um pequeno edifício no Brooklyn e convivendo com vários vizinhos autenticamente novaiorquinos, ganhando uma nova namorada, a descolada Bernie Rosenthal, fazendo parcerias com Dum Dum Dugan e Nick Fury, da SHIELD, e enfrentando a ameaça inédita do andróide Mecanus. Como nas demais histórias desta Fase, vemos um Capitão América inteligente, elegante, que enfrenta as ameaças com sagacidade e eficácia – enfim, o supersoldado em essência.
Outros vilões que aparecem aqui são o Homem-Dragão, Batroc, Mister Hyde e – provavelmente o ponto alto de toda a série, o vampiresco Barão Sangue, um inimigo dos tempos da II Guerra Mundial, que faz com que o herói retorne à Inglaterra pela primeira vez desde o seu “descongelamento”, onde reencontra o Union Jack original e a inativa velocista Spitfire. Nessa aventura espetacular, ainda ganhamos de bandeja um novíssimo Union Jack – o terceiro da dinastia, o jovem Joe Chapman, que permanece até hoje na cronologia da Marvel (estrelou há pouco uma mini, publicada na revista mensal Marvel Action). Saudosista e emocionante, é uma das minhas aventuras favoritas do personagem.

Há ainda outros dois destaques, verdadeiras jóias dos quadrinhos do personagem, neste volume:
– a história do “Capitão-Candidato”, onde os autores sugerem a hipótese do Capitão se candidatar a Presidente dos Estados Unidos, trabalham com a repercussão da notícia com a população, com JJJ, Vingadores e encerram com um emocionante “discurso” do herói. Sem supervilões, é um daqueles pequenos clássicos da Marvel onde o foco é o roteiro criativo, reviravoltas e textos bem cuidados. Enfim, imperdível.
–  a origem definitiva do Capitão em “A Lenda Viva”, desenvolvida a partir do trabalho original de Jack Kirby, Joe Simon e também de Stan Lee, os autores acrescentam alguns belos detalhes nos primeiros dias de atuação do herói, e até mesmo mostram a precária condição econômica que o jovem Rogers vivia nos tempos pós-quebra da Bolsa americana da década de 30.

Concluindo:
– Os leitores mais novos, que praticamente só tiveram contato com a atual Fase de Ed Brubaker, se arriscarem esta edição podem se encantar com uma visão bastante diferente do personagem, mais otimista e cheia de esperança – mas ainda assim com a mesma “base” ideológica e repleta de ação e intriga que o herói evoca.
– Se você gosta do John Byrne, vai adorar este material, onde o desenhista brilha a cada página.
– Fãs deprimidos pela morte de Steve Rogers, esta é sua pedida para reviver grandes aventuras.
Nota máxima: 10!

Lido: The Spirit #1 (Editora Panini)

 

The Spirit versão 2000

The Spirit versão 2000

. Volume de Spoilers: Zero.

The Spirit
é, provavelmente, o trabalho mais popular de um dos mestres-supremos dos quadrinhos, Will Eisner. Sob a sua autoria, o detetive cult dos anos dourados dos quadrinhos teve dezenas e dezenas de histórias. A Editora Abril, se não me engano, foi a última a publicar regularmente esse material, em revista própria no início dos anos 90, mas não durou muito.

Atualmente, é fácil encontrar nas livrarias e comic shops muitos álbuns de Will Eisner. Mas especificamente do Spirit, nada.

Esta revista aqui, lançada agora em formato de minissérie (6 edições) pela Panini, não traz esse material clássico do personagem, portanto ainda não preenche essa (gigantesca) lacuna.

Na verdade, é a primeira fase de novas HQs que o personagem vem ganhando pela editora DC Comics, desde o finalzinho de 2006 nos Estados Unidos.

Quem ganhou a enorme “responsa” em criar novas histórias com o quase-intocável Denny Colt foi o genial Darwyn Cooke, um artista que vem crescendo exponencialmente em popularidade e respeito pelos críticos e leitores americanos. Ele é mesmo muito bom. Quem leu “DC: A Nova Fronteira” pode comprovar isso, apesar do seu traço retro não ser exatamente do gosto da maioria dos “leitores de heróis”.

Cooke escreveu e desenhou as 12 primeiras edições deste Spirit dos anos 2000, e é esse material que a Panini traduziu e compilou em 6 edições duplas, a R$ 5,90 cada e no bom papel couche.

– O que dizer desta 1ª edição?

Apesar de não ser “acachapante”, eu gostei bastante. O destaque é a arte, incrivelmente clean, com montagem dos quadros e páginas corretíssimas para o ritmo da história, e graças ao estilo retro, porém ligeiramente moderno do traço do artista, é provavelmente a melhor escolha possível para o retorno de HQs do personagem.

Por outro lado, o argumento, o ambiente, todo aquele estilo criado por Eisner e vinculado ao personagem – essencialmente pulp – ao mesmo tempo que é gostoso de ler não permite grandes novidades ou malabarismos no roteiro. Por isso é bom mas também traz um gostinho de “esse filme eu já vi”, que é o calcanhar-de-aquiles do projeto. Será que não daria pra inovar um pouquinho nos argumentos? A primeira história em si lembra muito Dick Tracy – acho que pelo visual do vilão; a segunda também tem um clichê do gênero, que é uma “mulher-fatal” envolvida, mas já achei mais interessante, porque revela um lado não muito puritano do herói. Veremos as próximas aventuras que, aliás, são essencialmente fechadas, isto é, você não precisa ficar tenso com o “continua no próximo número”. De diferente mesmo, só achei um pouco mais bem-humorado do que a minha memória do material original do Will Eisner capturou na época em que li… mas não estou certo disso. Há também uma bem-vinda atualização do tempo desse universo, isto é, claramente as aventuras são passadas em um mundo “tipo o nosso”, com internet, celulares e tal.

Enfim, valeu a pena porque eu gosto do personagem e acho que é um trabalho executado com carinho e talento pelo Cooke; plus a arte dele é atraente para o meu paladar pessoal.

Conclusões:
– Compre se você gosta muito de histórias policiais e/ou de noir;
– Se você já conhece e gosta do Darwyn Cooke, é praticamente indispensável ler esta série;
– Não há grandes surpresas, mas é ótima leitura “pé no chão” (non super heroes);
– Bom texto e ótima arte;
– Capa icônica, papel e preço muito bons;
Nota 8,0 porque eu gosto do artista e gosto do clima das histórias.