Resenha de Guerras Secretas Vingadores #1 – Panini Comics

capa-guerra-das-armaduras

Conforme lemos mais e mais edições interligadas (tie-ins) à mega saga Guerras Secretas, organizadas pela Panini em edições únicas, mais concluímos que essa foi uma decisão acertada. A maior parte destas minisséries, que a Marvel publicou em 2015 nos EUA e que agora estão saindo no Brasil, são histórias fechadas e, portanto, funcionam muito melhor em uma leitura só, sem as interrupções que normalmente teríamos se saísse uma parte por mês, como de praxe.

. Volume de Spoilers: poucos, mínimos… mesmo!

Guerras Secretas Os Vingadores #1 traz, na capa, o nome da aventura, “A Guerra das Armaduras” e concentra uma história completa estrelada pelo Homem de Ferro. Claro que, na nova realidade criada pelo Deus Destino em Guerras Secretas, este não é o Tony Stark tradicional. Aqui, nesta versão, ele é um Barão – como são chamados os chefes de cada Domínio do Mundo Bélico.

Assim como em Guerras Secretas Homem-Aranha #1, o leitor pode comprar somente esta revista e ter uma história com começo, meio e fim bem desenvolvida, com pouca referência e quase nenhuma conexão com o resto da saga. Na ocasião do lançamento de Secret Wars, lembro que os editores americanos citaram que essa seria uma tática desejada e, pelo jeito, cumpriram a promessa. A contrapartida desta decisão é que, se você não gosta muito deste personagem, ou prefere ler somente as histórias mais relevantes das Guerras Secretas, pode muito bem pular esta revista.

O Domínio do Barão Homem de Ferro é chamado “Tecnópolis”, e todos seus habitantes usam armaduras. A razão para essa circunstância é o mote desta história, escrita pelo grande James Robinson e desenhada por um jovem brasileiro, o surpreendente Márcio Tanaka.

Robinson, um autor premiadíssimo nos anos 90 (sobretudo por Starman da DC), mas que passou por uma longa fase de projetos questionáveis nos anos 2000, está cada vez mais à vontade na Marvel, produzindo alguns materiais excelentes, como os recentes Esquadrão Supremo e a revista solo da Feiticeira Escarlate (em breve no Brasil).

Sua abordagem para o “tema” Guerras das Armaduras não se assemelha em nada à famosa saga clássica do personagem, que saiu aqui primeiro pela Editora Abril na década de 1980, na revista Heróis da TV, e recentemente em um encadernado. Dos vilões aos aliados, do cenário ao desfecho, esta nova aventura é completamente independente do seu título de origem. A única coisa em comum, como já comentado, é que há muita gente (mesmo!) usando a tecnologia do Homem de Ferro no Mundo Bélico, nem sempre para fins pacíficos. Como era de se esperar, aparecem muitos outros personagens normalmente associados ao vingador, mas também algumas surpresas.

Sinceramente, não conhecia o trabalho de Márcio Tanaka, mas gostei bastante de seu traço, sua composição moderna, estilo “cinema”, muito fluida e bem distribuída. Às vezes suas páginas ficam bem escuras, mas me parece mais uma escolha calculada – em parceria com a colorista Esther Sanz – para criar um clima sombrio, árido, pertinente à Tecnópolis, uma metrópole fria e futurista, com toques da Los Angeles de Blade Runner. É sempre bacana descobrir novos artistas cuja arte aprendemos a apreciar, e pretendo seguir o trabalho de Tanaka daqui em diante (ele está atualmente em All-New Wolverine nos EUA).

Esta HQ é mais uma boa interpretação de personagens clássicos (e alguns novos) em uma nova realidade alternativa a partir de um tema muito próprio ao Homem de Ferro, e tem muita ação, várias batalhas, um mistério intrigante, reviravoltas e alguns clichês. A maior ressalva é que, apesar do nome escolhido pela Panini, não há “Vingadores” aqui.

Nota 7,5.