Marvel Comics: últimas leituras.

Ano novo, pilha de revistas velha.
Tá ficando incontrolável, mesmo eu comprando bem menos… mas sempre que arrumo um tempinho, dou uma corrida com a leitura. Vamos lá: hoje falando das revistas americanas, estas foram as últimas que consegui ler da Marvel, em um rápido comentário:

1. Strange Tales #1 e #2 – mini série com dezenas de autores indie trabalhando sem censura (ou quase) com os personagens da Casa das Idéias. Alguns momentos são cômicos, outros nonsense, outros sem-graça mesmo, mas é tudo dentro daquela vertente de quadrinho independente meio escrachado, com um pé na linha MAD mas com linguagem atual. Ainda não sei se gostei, mas pelo menos é curioso… falta a última edição.

2. The New Avengers Annual #3 – mais um capítulo da novela que é a equipe do Luke Cage e do Gavião contra a equipe dos Dark Avengers… a diferença é que aqui são as heroínas as protagonistas. A arte é boa (Mike Mayhen) e tem alguns momentos legais do Bendis, mas nada de espetacular par justificar um Anual. Os americanos reclamaram com razão do preço abusivo de 5 dólares cobrado nesta edição, já que tem o numero convencional de páginas.

3. Dark Avengers Annual #1 – putz, outra custando 5 doletas sem justificativas, mas pelo menos a hq é melhor. Centrada no Marvel Boy, é importante por dar um final a uma etapa de busca e redenção do personagem. Gostei também do trabalho do Bachalo na arte, combinou.
4. The Marvels Project #3 e #4 – a mini continua interessante, mas nada de espetacular. Bom texto, boa arte, bons diálogos e uma construção lenta dos primeiros meses dos primeiros superheróis na virada dos anos 30 para os 40. Com certeza é uma produção mais adequada para o formato encadernado, mas tá valendo.

5. Spider-Woman #1 #2 e #3 – A aguardadíssima revista mensal da Mulher-Aranha de Bendis e Maleev, que também está saindo em formato Motion Comics para Iphones. Começou interessante, tem uma arte e cores fantásticas, mas a última edição foi um balde de água fria… torcendo muito pra melhorar, a Jessica merece o tratamento vip da editora, falta engrenar ainda.

6. Secret Warriors #9 e #10 – foi morna a saga com o Ares, mas ainda é uma revista com personagens novos e o velho Nick pra lá de promissora. Tem muita coisa já em andamento e enormes possibilidades de surgirem grandes personagens. Tá valendo!

7. Captain America Reborn #4 – continua bacana! Só a arte do Bryan Hitch já compensa, pra falar a verdade. Mas claro que Ed Brubaker não iria entregar um roteiro fraquinho. Tem altos e baixos, mas no geral tá legal, sobretudo com as participações do Falcão, Sharon, Barnes e os Vingadores.

8. The New Avengers # 59 – estou adorando a arte do Stuart Immonem para esta revista! O legal desta edição foi ver uma penca de heróis que não estão oficialmente com a equipe virem em socorro do Luke Cage, incluindo até o novo Mago Supremo.

9. Dark Avengers #11 – muito legal este arco com um dos maiores vilões da Marvel – ao menos em termos de poder bruto, que estava na gaveta por séculos. A arte do Deodato também está boa, vamos aguardar o final na próxima edição.

10. Shang-Chi Master of Kung Fu #1 – Putz, que furada! Comprei na empolgação com o personagem e na propaganda que dizia sobre as gloriosas edições em Preto & Branco do passado da editora. Historinhas bem fuleiras… sem comentários. Fica pra próxima Shang.

Clássico Relido: Batman em As Dez Noites da Besta (Editora Abril)

Bem, resolvi inaugurar uma nova sessão no Blog, dedicada às minhas releituras de obras famosas de quadrinhos, heroísticos ou não. A ideia é tentar avaliar se a revista continua sendo tão boa quanto “na época”, isto é, se resistiu bem – ou não – à ação do tempo e da própria evolução do “meio quadrinhos”.

Para inaugurar, selecionei esta história do Batman, enquanto vasculhava minha coleção de revistas nacionais (que não fica no meu apartamento nem na minha cidade…) publicada no Brasil pela Editora Abril há exatos 20 anos (1989), em uma edição encadernada, reunindo as 4 edições das revistas originais (Batman #417-#420). Lembro ainda que foi uma novidade ver uma só história saindo em uma edição volumosa, formato americano e com lombada quadrada.

Aviso: por conta do formato desta análise, há alguns spoilers.

batman-as-dez-noites-da-besta

A História:

A pequena saga, intitulada “As Dez Noites da Besta” foi escrita pelo renomado Jim Starlim e desenhada por Jim Aparo, um dos mais prolíficos artistas do morcego, sendo esta uma de suas últimas colaborações. Não é uma história tida como “clássica” por todos os fãs do personagem ou da DC Comics, mas no geral é citada como referência de boa história e até de bom vilão.
O inimigo é um gigantesco agente da antiga URSS (União Soviética, vocês sabem né? Um dia foi muito importante…) cujo apelido é KGBesta (a KGB era a polícia secreta da URSS) e aqui foi sua primeira aparição. Mestre em várias formas de arte marcial e de armamentos, ele também tinha implantes cibernéticos que aprimoravam sua força e resistência.
A história é simples e bastante linear: com a recente dissolução da URSS, o KGBesta e outro agente são enviados aos EUA para tentar sabotar o mundialmente famoso “Projeto Guerra nas Estrelas”, e passam a matar todos os cientistas e autoridades envolvidas. A trilha dos bandidos chega a Gotham City e, com sucesso, eles vão eliminando todos os alvos. O último é o então presidente americano Ronald Reagan. Batman e o Comissário Gordon se unem ao FBI e à CIA para tentar deter os vilões.

Veredicto: Foi bom de novo?

Sendo bem honesto, não tinha uma memória clara desta aventura; só tinha certeza de que tinha sido “bacana”. Reli duas vezes em alguns dias, tentando analisar o roteiro, os padrões dos diálogos, nuances escondidas… e realmente é um pouco decepcionante, porque é tudo muito simples, com vários clichês. O argumento é bom, como relatei antes, envolvendo o desmanche da URSS, mas o roteiro caminha sem momentos inspirados, as falas parecem escritas no piloto automático, muito diferente de outros trabalhos do Jim Starlim.
O que é bacana mesmo é o KGBesta, que foi um vilão inovador para a – então – requentada e tradicional galeria do Batman: superviolento e totalmente letal, matava sem o menor pudor centenas de pessoas ao longo da saga; não abria a boca para nada irônico e sua máscara, associada ao seu tamanho descomunal, dava um aspecto aterrorizante.
As batalhas também são legais: há muitos confrontos, o Batman é ferido diversas vezes e precisa usar muita força e técnica para nivelar com o adversário.
Já a arte não é muito atraente, mesmo naquela época. O desenhista tinha uma visão ainda light do personagem, e não havia em seu estilo técnicas de narrativa mais modernas e cinematográficas, apesar de algum esforço nesse sentido. Jim Aparo fez trabalhos bem melhores do que este.
Enfim, apesar de distante do perfil de um “clássico absoluto” das HQs, é uma história bastante agradável do Batman; vai depender do quanto o leitor goste de batalhas mais “pé-no-chão” e menos investigação ou planejamento.
Eu realmente ainda acho preferível ler uma história do morcego deste tipo, em que ele é ferido, erra em alguns momentos, se supera e sai por bem no final do que o Batman “super-mega-ultra-infalível” de histórias em que enfrenta e elimina supervilões peso-pesados, ou elabora e executa planos mirabolantes a nível global.
Quanto mais humano e limitado, inteligente e persistente for o morcegão, mais estimulante ele se torna para mim. Logo, gostei da HQ por essa razão, e como passatempo, pelas lutas e pelo novo vilão. Ah, as capas originais do Mike Zeck são maravilhosas, pena que ele não tenha mais trabalhos hoje em dia.

Nota: 7,0.