Em março de 2021 chegaram os primeiros volumes de uma nova coleção de quadrinhos nas bancas de São Paulo e outras regiões: Snoopy – Charlie Brown & Friends, a Peanuts Collection. Sim, o nome oficial é grande mas, resumidamente, é uma série quinzenal capa dura da editora Planeta DeAgostini com as tiras dominicais do querido Snoopy.
O primeiro volume custa apenas R$ 14,90, e traz todas as tiras dominicais produzidas pelo grande Charles Schulz ao longo do ano de 1968. Li e é mesmo muito divertido e cativante, especialmente porque são tiras maiores que as tradicionais de 3 ou 4 quadros (as que saíam nos dias úteis) e, por isso mesmo, permitiam um tratamento mais elaborado das gags e, claro, das personalidades de Charlie Brown & Cia.
A Coleção funcionará assim: cada novo volume trará o conteúdo de um ano inteiro das tiras de domingo, como nesta primeira remessa, ou serão edições temáticas. Aliás, Charles Shulz trabalhou por cerca de 50 anos com seus carismáticos personagens, de 1950 a 1999.
A segunda entrega trouxe os anos 1969 e 1970 e são vendidos em conjunto por R$ 49,90. Em breve chega o quarto volume, esse ao preço definitivo de R$ 49,90 por edição, um valor salgado para este tipo de material em preto e branco e com apenas 60 páginas, e que pressupõe um compromisso de longo prazo do comprador, já que idealmente é para “fazer a coleção”, e ela será enorme, com dezenas de volumes. Na verdade, esse número não está claro, podendo ser encerrada pela editora antes. A propósito, no site da Planeta há um plano de assinatura que pode ser interessante, com descontos e brindes exclusivos.
Para quem não conhece o conteúdo destas tiras de jornal, um verdadeiro marco dos quadrinhos de humor da segunda metade do século XX, com um quê de filosofia e existencialismo e muita ironia, as estrelas eram, além dos animais – o beagle Snoopy e o pássaro Woodstock, um grupo de crianças que circundam a vida de Charlie Brown, em grande medida um garoto melancólico e loser, inspirado no próprio autor, que teve uma infância meio complicada, meio privilegiada, contada logo no primeiro volume.
Sem dúvida, é um trabalho que não perdeu sua qualidade ou ressonância com o tempo. Pelo contrário, os temas são universais e justificam o enorme sucesso nos EUA e em muitos outros países, como aqui no Brasil.
Snoopy, vale lembrar, virou desenho animado e foi licenciado para brinquedos, bichos de pelúcia e muitos cadernos, agendas e outros itens de papelaria, e permanece um ícone mundial, mesmo 20 anos após o falecimento do criador, que não permitiu a continuação dos quadrinhos nas mãos de outros artistas.
Indicado para leitores de todas as idades, o material tem um ótimo acabamento gráfico, padrão da Planeta DeAgostini (que trouxe outra coleção das tiras, a do Príncipe Valente, que está próxima da conclusão), com textos introdutórios muito bons, de pesquisadores dos quadrinhos e de especialistas na obra.
Diria que a maior “ameaça” ao sucesso desta coleção é o conjunto preço elevado + coleção longa + cenário recessivo no país. Ressalto que o preço dos quadrinhos em geral aumentou bastante nos últimos meses, sendo que hoje é comum encontrar mangás – outros materiais em preto e branco, com muito mais páginas mas sem capa dura ou papel bom, com preços quase na mesma faixa.
Enfim, é um clássico e torço que dê certo e assim mais leitores conheçam e se divirtam com Charlie Brown, seu cachorrinho Snoopy e demais amigos.