Action Comics #2 – Panini Comics

Team-up com a Mulher-Maravilha em Action Comics #2

Resenha da segunda edição brasileira de Action Comics, em que o “novo-velho” Superman continua sua batalha com Apocalypse e, como a capa já entrega, conta com a participação da Princesa Amazona.

. Volume de Spoilers: moderados.

A Panini acrescenta outras duas edições da Action Comics americana, a #959 e a #960, respectivamente os capítulos 3 e 4 deste primeiro arco na Fase Renascimento DC. Já adianto que esta história não termina aqui.

Apocalypse, Superman e Lex Luthor continuam a batalhar no centro de Metrópolis, gerando enorme destruição, enquanto Lois Lane e o pequeno Jon acompanham pela televisão. Lois, obviamente, está apreensiva porque sabe como foi o desfecho da primeira batalha entre eles. Ao mesmo tempo, não quer demonstrar medo para seu filho que, como qualquer criança, está curtindo a batalha.

É uma leitura rápida, ágil, permeada por muita ação. Contudo, alguns momentos do roteiro incomodam, como naqueles em que pessoas se deixam ficar desnecessariamente a perigo, como quando Jimmy Olsen tenta tirar fotos a poucos metros do conflito, bem como o misterioso Clark Kent humano que, mesmo ferido, conversa (!) com Superman nos esgotos, enquanto este confronta Apocalypse. Essa teimosia do repórter, que diz precisar ficar perto da “matéria”, é demasiadamente infantil.

Assim como, na segunda parte, já com a chegada da Mulher-Maravilha, o roteiro cria uma situação extremamente forçada para colocar a família do Homem de Aço em perigo. Os diálogos e cenas de afeto entre Superman e Lois são pouco convincentes, repletos de clichês. De novidade, apenas uma breve aparição daquele estranho ser encapuzado e mais detalhes de como Luthor conseguiu equipar sua armadura.

Dan Jurgens, de fato, apesar de veterano e de ter alguns bons trabalhos no currículo, como as fases do Gladiador Dourado na DC e do Thor na Marvel, faz aqui um trabalho mediano, com um desenvolvimento previsível, tanto nos cliffhangers (há pelo menos 3 deles neste arco com a mesma situação), como nos diálogos e, imagino, na conclusão.

Quanto à arte, quem cuida dos desenhos desta revista é Tyler Kirkham, enquanto as cores ficam com Arif Prianto. Kirkham é bom, mas entrega um trabalho inferior ao do ótimo Patrick Zircher (que cuidou da edição anterior. Seu design de personagens é mais cartunesco, mas não causa uma grande ruptura com Zircher. Sua composição e a narrativa, contudo, não são tão imaginativas. Estranhei, mesmo, o visual da Mulher-Maravilha, que parece extremamente jovem, quase uma adolescente. Também não gostei muito do trabalho de colorização: há excesso de tons na mesma página, com muito brilho.

Arte interna de Tyler Kirkham

Mesmo sem concluir o arco, resolvi parar de acompanhar este título. Há tanta variedade e material com alta qualidade saindo, que é preciso selecionar. Particularmente, acho duas revistas mensais para o Homem de Aço até aceitáveis, mas para mim, que não sou nem tão fã do personagem, nem do roteirista, é demais. Vou continuar, por enquanto, com o título-irmão, Superman, que em breve resenharei o primeiro arco aqui. A propósito, neste caso eu preferiria o modelo anterior, de uma revista mensal com 3 histórias. Havia mais variedade, tanto de histórias quanto de estilos de arte, o que ajudava na motivação da leitura.

Nota 5,5.

Action Comics #1 – Panini Comics

As duas opções de capas para Action Comics #1

Resenha da primeira edição brasileira de Action Comics, que traz histórias do Superman, parte da iniciativa Renascimento DC.

. Volume de Spoilers: moderados.

Curiosamente, o título que deu início à Era dos Super-Heróis dos quadrinhos, Action Comics, nunca teve sua versão brasileira, nem mesmo com título em português. A Panini finalmente preenche essa lacuna com este lançamento.

Assim como fez com grande parte dos novos títulos regulares da Totalmente Diferente Nova Marvel, a editora decidiu investir em mensais com 100% de material do próprio titular de várias revistas DC. Action Comics é, desde junho de 1938, a casa original do Superman nos EUA. Funcionará aqui no Brasil como título-irmão da outra mensal do personagem, que também já está nas bancas. Assim, pela primeira vez, acredito, teremos duas mensais com histórias novas do Superman e duas do Batman – a própria Batman e Detective Comics.

Esta primeira edição da Action Comics brasileira contém as americanas #957 e #958 – a DC Comics não lançou um one-shot específico para este título – e mostram uma situação inusitada: Lex Luthor da terra dos Novos 52 decide assumir o legado do recém-falecido Superman (para saber mais sobre a morte do Superman dessa realidade, procure o encadernado Fim dos Dias, publicado em março de 2017). Em uma ação orquestrada por uma misteriosa figura, Luthor salva pessoas em frente à polícia e às câmeras de TV.

É aí que o Superman Pós-Crise (aquele da origem recontada por John Byrne em 1986 na sequência de Crise nas Infinitas Terras e que estava sumido desde o começo dos Novos 52, voltando exatamente em Fim dos Dias…ufa! realmente é confuso, camarada!) decide intervir e tirar satisfações com seu arqui-inimigo. Outro personagem relevante “ressurge” no mesmo local (não vamos estragar essa que realmente é intrigante), ao lado de um atônito Jimmy Olsen.

Contudo, a “conversa” entre Superman e Luthor é violentamente interrompida pela aparição de um vilão ultrapoderoso – isto não vai ser spoiler porque está na capa, ok? – que aparentemente também é do universo Pós-Crise. Sim, é mesmo Apocalypse, a monstruosa máquina de destruição que conseguiu matar o herói no clássico A Morte de Superman, de 1992, e que reapareceu algumas outras vezes nestes longos 25 anos.

O veteraníssimo Dan Jurgens, na ativa há três décadas e autor da Morte de Superman, é o roteirista escalado para esta nova fase de Action Comics. Esta publicação, como o próprio nome entrega, sempre procurou trazer histórias com ênfase em ação e aventura, e são as batalhas que, de fato, dominam esta revista.

Jurgens tem muita experiência com estes personagens, mas não traz nada de original. O roteiro é previsível e, salvo a misteriosa figura encapuzada já mencionada, traz um gosto de deja vu, especialmente para os leitores DC das antigas. Sim, sabe-se que a proposta de Renascimento é, em grande parte, retomar os conceitos e personagens clássicos. O problema dessa escolha é que, às vezes, isso é o caminho mais curto para uma história completamente previsível. Afinal, diante de todo o contexto, fica claro que Apocalypse, desta vez, será uma ameaça perfeitamente contornável. É legal ler HQs de heróis repletas de batalhas e revelações, mas o resultado final de Action Comics #1, pelo menos por enquanto, não é muito empolgante.

Splash Page de Patrick Zircher traz um Superman clássico

O que valoriza enormemente a leitura é o excelente Patrick Zircher, desenhista que cuida das duas histórias desta revista. Também veterano, com várias passagens pela DC, Marvel e Valiant, é um daqueles poucos artistas surgidos na era Image (meados dos anos 1990) que efetivamente conseguiu evoluir sua arte – de mera cópia mal-feita de Jim Lee para algo pessoal, poderoso e com uma narrativa muito boa, embora sem riscos. Suas splash pages são bem dosadas e impactantes, os disparos da armadura de Luthor ganham energia, as cenas em família de Lois Lane e seu filho Jon evocam carinho e seu Superman tem, de fato, a aura dos clássicos. Talvez isso basta, por enquanto.

Nota 6,5.